Cinema ao Pé da Letra – Parte 28 | O que faz o diretor?

Pedro Lauria

Dirige.
Valeu gente, até a próxima coluna!

Ok. Depois da piadinha infame, vamos a coluna de hoje.
Durante muito tempo, os diretores eram encarados de forma extremamente técnica. Eram pessoas encarregadas em gerenciar um filme e seus atores. De tal forma, muito pouco das críticas positivas ou negativas de um filme respingavam em seu nome. A partir dos anos 50, críticos franceses da Cahiers du Cinéma (alguns deles como Chabrol, Truffaut e Gordard, se tornariam roteiristas e diretores famosos da Nouvelle Vague, e fariam parte da modernização da linguagem cinematográfica que esse movimento trouxe) começaram a destacar o papel do diretor.
A partir de então, surgiu o que seria conhecido como Cinema de Autor, expressão concedida a diretores com traços extremamente marcantes e peculiares. Ressalto aqui que não se trata de uma discussão quanto a qualidade dos filmes ou das técnicas usadas pelo diretor, mas da capacidade de se criar um estilo facilmente identificável. Então, da mesma forma que é perceptível compreender se um livro é de Saramago ou não, pela sua falta de pontuação, o mesmo é possível se analisar no cinema.
Esse estilo pode se manifestar de diversas formas. Em um breve apanhado de memória, separo as seguintes:
1) Temáticas
As temáticas de Martin Scorsese são constantes: geralmente envolvem filmes sobre homens fortes e corruptos/corrompidos: Taxi Driver, Os Bons Companheiros, O Aviador, O Lobo de Wall Street, Gangues de Nova York, Touro Indomável, Os Infiltrados… Por isso, filmes como Depois de Horas e Alice não Mora Mais Aqui, acabam surgindo como exceções. Outras obras como Hugo, acabam sendo coerentes em um subtema constante nas obras de Martin: o amor pelo cinema.
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2) Subtemáticas
Por mais que dificilmente seja o foco de um filme de Spielberg, a relação entre pai e filho, sempre que possível, acabam ganhando destaque na obra do diretor. Não é a toa que ela é a tônica de Super 8, filme de J.J.Abrahms que funciona como uma ode a Spielberg.
3) De Gênero
Mel Brooks, diretor de clássicos como Banzé no Oeste, História do Mundo – Parte 1, S.O.S. – Tem Um Louco Solto no Espaço e O Jovem Frankenstein, ficou famoso por sua ampla produção em comédia. Não a toa, Brooks acabou gerando uma ode de seguidores, dos quais se destacam Jim Abrahams e os Irmãos Zucker (Aperte os Cintos, O Piloto Sumiu).
4) De Narrativa
Com um estilo extremamente peculiar, Robert Altman, tem filmes facilmente identificáveis pela sua narrativa múltipla e repleta de personagens. Outro ponto constante, nas obras de Altman, é a falta da necessidade de uma resolução para história, sendo que o importante é, de fato, o olhar para o absurdo das situações ou para a complexidade das relações humanas ali expostas. Destaco obras como *M*A*S*H*, Nashville, Assassinato em Gosford Park e Short Cuts – Cenas da Vida.
5) Técnica
As vezes, as técnicas recorrentes empregadas por um diretor, podem acabar se tornando um traço estilístico, como as, extremamente parodiadas, cenas rodadas de Michael Bay ou os Flares de J.J. Abrahms.
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6) De Tom
O tom agridoce e paranóico, repleto de humor negro, é a maior constante nos filmes de Woody Allen. E é presente em obras como Annie Hall, Tudo Pode dar Certo, Desconstruindo Harry, O Escorpião de Jade, Blue Jasmine e Tiros Na Broadway. Subtemas como o amor a Manhattan e Nova York, hoje estão substituídos por filmes que se passam em outras grandes cidades, como é o caso de Vicky Cristina Barcelona, Meia Noite em Paris e Para Roma como Amor. O mesmo pode se falar do humor negro e da frieza em filmes dos Irmãos Coen, como podemos ver abaixo.
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7) De Palheta
Alguns diretores se destacam pelas suas cores. Atualmente, o principal deles, sem sombra de dúvidas é Wes Anderson e sua palheta amarelada. Outros traços estilísticos, técnicos, são a sua centralização constante de personagens e objetos e uso de Wide Angles. Também há um ponto narrativo: os personagens sempre agem de forma teatral.
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Agora, que conseguimos reconhecer a mão de um diretor, a partir da próxima semana, destacaremos um pouco cada um dos ofícios e habilidades desse profissional tão aclamado na indústria do cinema.

Pedro Lauria

Em 2050 será conhecido como o maior roteirista e diretor de todos os tempos. Por enquanto, é só um jovem com o objetivo de ganhar o Oscar, a Palma de Ouro e o MTV Movie Awards pelo mesmo filme.
NAN