Incerteza da reabertura dos cinemas fortalece o streaming
Colaboração
*Por Vasco Aguiar
Os cinemas brasileiros interromperam as atividades no final do mês de março, quando a pandemia do novo coronavírus começou a se espalhar no país. Contudo, a flexibilização da quarentena acendeu o debate sobre streaming, bem como quando e como vai ser a reabertura destes espaços.
Segundo a Agência Nacional de Cinema (Ancine), existem 3.356 salas de exibição no Brasil. Mas, no momento, mesmo com a liberação do funcionamento de alguns shoppings, os cinemas continuam fechados.
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A posição das empresas
Consultada pelo ULTRAVERSO, a rede UCI Kinoplex, terceira maior exibidora de filmes no território nacional, admite não ser o momento de tratar sobre as condições do retorno. A empresa, no entanto, reconhece que acompanha as notícias sobre a pandemia, além disso, segue conversando com as autoridades.
“Estaremos com tudo pronto quando for a hora de reabrir as salas de cinema. Estamos trabalhando para receber nosso público de volta com o máximo de segurança e bem-estar”, garante.
Gilmar Leal, presidente da rede Cineflix, com salas de exibição na região Sul, Sudeste e Centro-oeste, diz que o recomeço ainda é incerto.
“A minha impressão é de que os cinemas irão reabrir em datas diferentes, dependendo de sua localização; isto porque há diversos estágios da pandemia pelo Brasil”, afirma.
Ele também acredita que, por enquanto, não tem como serem feitas projeções de público para a retomada, já que as distribuidoras não confirmam a volta definitiva das exibições.
Ainda assim, Leal ressalta que os debates giram em torno de medidas que deverão ser adotadas com a reabertura, como o uso de máscaras, disponibilização de álcool em gel, limitação gradativa dos assentos nas salas de exibição e distância mínima nas filas.
“Quando o nosso cliente visualizar o cuidado que teremos nas nossas operações e as estreias dos filmes mais aguardados começarem, ele voltará gradativamente”, afirma.
A força do streaming
Os serviços de aluguel online têm sido a opção mais viável para a estreia de filmes durante a pandemia. Nos Estados Unidos, a Universal decidiu lançar a animação Trolls 2 diretamente em streaming.
O sucesso foi maior do que o primeiro filme da franquia, que teve a exibição nos cinemas. Descontando os custos com a produção, o lucro do mais recente foi de US$ 77 milhões de dólares, contra US$ 30 milhões do anterior.
Lançamentos brasileiros pela internet
No Brasil, também existem opções para assistir lançamentos em streaming. Uma delas é a plataforma digital Filme Filme, que surgiu em março deste ano e tem no catálogo títulos estrangeiros e nacionais, alguns inéditos nos cinemas do país.
Carmen Galera, responsável pela operação do serviço avalia que o seu diferencial é a existência de uma curadoria na seleção dos filmes e divisão das categorias de forma mais clara.
De acordo com ela, isso permite menor indecisão na escolha do público sobre o que assistir. O valor do ingresso virtual é de R$ 6 por filme e pode ser assistido pelo período de 7 dias.
Carmen também destaca que neste mês aconteceu o lançamento inédito e de maneira simultânea do documentário Partida, com direção de Caco Ciocler, em várias plataformas de streamings, incluindo a Filme Filme.
“Apreciar um filme em uma tela gigante vai sempre fazer com que os nossos olhos brilhem, mas é importante também que os consumidores tenham a opção de assistir onde e quando bem entenderem”, conclui Galera.
Por fim, nos resta aguardar a reabertura das salas de exibição e acompanhar de que maneira o público vai se relacionar com estes locais novamente.
Talvez alguns corram para os cinemas, já outros prefiram continuar assistindo seus filmes em casa. Entretanto, a sensação de que algo mudou vai se estender por muito tempo. Vamos esperar os próximos capítulos.
*Vasco Aguiar Jornalista, mestrando na UFRJ e pesquisador na área de jornalismo televisivo. Sou viciado em informação, até mesmo as inúteis. Com dois minutos de conversa te convenço que sou legal.