‘Clickbait’, as relações sociais e a estupidez humana
Wilson Spiler
Em Clickbait, série que estreou recentemente no catálogo da Netflix, após uma discussão entre irmãos durante um jantar em família, Nick Brewer (Adrian Grenier), o mais velho, desaparece deixando um recado estranho pelo celular para a caçula Pia Brewer (Zoe Kazan).
Aos poucos, os familiares se dão conta de que ele não sumiu, mas foi sequestrado. A revelação é descoberta através de um vídeo na internet, onde Nick segura cartazes alegando que abusava de mulheres e que tinha assassinado uma delas.
Os sequestradores, no entanto, não pediram resgate, mas ameaçaram que caso o vídeo chegasse a cinco milhões de visualizações, Nick seria morto. Obviamente, não demorou muito para as imagens viralizarem e o caso gerou uma grande repercussão nacional.
O que é clickbait?
Antes de qualquer coisa, para os boomers de internet, é bom explicar o que significa a expressão “clickbait”. O termo não tem uma tradução literal em português, mas é basicamente conhecido como “caça-clique”. Por isso, o título da série remete a uma tática usada para gerar tráfego online por meio conteúdos enganosos ou sensacionalistas. Em resumo: fake news.
E é exatamente esse o ponto-chave da série Clickbait: tratar a relação que a humanidade tem atualmente com a internet e as redes sociais. Como acreditamos em tudo o que lemos e, consequentemente, nos tornamos justiceiros sociais.
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Todo mundo é suspeito
Embora tenha apenas oito episódios, a média de cada um gira em torno de 50 minutos, o que pode tornar a série um pouco cansativa. No entanto, o roteiro é bem amarrado e a direção fez uma escolha assertiva ao dividir os capítulos do ponto de vista de cada envolvido no caso.
Dessa forma, o espectador, a todo momento, é confundido, gerando uma quebra de expectativa (olha o clickbait aí) e tornando todos suspeitos. Além disso, ora Nick Brewer é um santo, ora um cafajeste. Isso faz quem assiste querer ir até o fim para saber, de fato, quem são os criminosos.
Reflexões
Recheada de plot twits, a série Clickbait traz um final inimaginável, o que é bom para quem gosta do gênero suspense. No entanto, algumas situações acabam não tão bem resolvidas, como o destino de alguns suspeitos, por exemplo.
Mas o que faz de Clickbait uma série muito interessante, certamente, é como ela trata as relações sociais atuais, onde as pessoas se conhecem basicamente pela internet e acreditam em tudo que leem na web (tem até discurso de Terra plana). Além disso, a produção da Netflix faz refletir sobre a estupidez humana, em que um caso tão grave pode gerar memes, pegadinhas e vídeos com um único intuito de viralizar e ganhar seus 15 minutos de fama. Independentemente de quais forem as consequências.
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Trailer da série Clickbait, da Netflix
https://www.youtube.com/watch?v=h9YSRtJ2IwY
Clickbait (Netflix): elenco da série
Zoe Kazan
Betty Gabriel
Phoenix Raei
Abraham Lim
Adrian Grenier
Motell G Foster
Jessie Collins
Ficha Técnica
Título original da série: Clickbait
Temporada: 1
Episódios: 8
Duração: 42-52 minutos
Criação: Tony Ayres, Christian White
Direção: Brad Anderson, Emma Freeman, Cherie Nowlan, Ben Young
Roteiro: Tony Ayres, Christian White, Melissa Scrivner-Love, Bradford Winters, Pete McTighe
Data de estreia: qua, 25/08/21
Onde assistir à série ‘Clickbait’: Netflix
País: Estados Unidos, Austrália
Gênero: suspense
Ano de produção: 2021
Classificação: 16 anos
Wilson Spiler
Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
