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‘Clunky Hero’ é game genérico e datado

Felipe de Andrade

Clunky Hero ganhou uma versão para PCs e consoles Sony, Nintendo Switch e Microsoft pelas mãos dos desenvolvedores da Chaosmonger no final de janeiro. O estúdio que é relativamente recente tem sua sede em Tallinn, na Estónia, e tenta ganhar destaque com sua nova investida.

O jogo mostra a vida de um pacato camponês mudar repentinamente quando uma criatura maligna, conhecida apenas como Malvadão, sequestrou sua amada esposa Brunilde, dona de uma aparência peculiar, a levou para seu castelo e a transformou em uma “horrível” loira de olhos azuis. Determinado a salvar Brunilde, nosso herói desajeitado chamado Rufus parte em sua aventura se equipando com o que tinha a mão em casa: uma vassoura como arma para atacar e um balde como capacete para se defender.

Clunky Hero, seja para Switch, Xbox, PS4, PS5 ou PC, é mais um jogo com progressão lateral com elementos de RPG que se assemelha aos clássicos jogos da franquia Castlevania, assim como outros sucessos mais recentes como Hollow Knight, the Messenger e Dead Cells. Todos esses jogos compartilham diversos elementos em comum como personagens carismáticos, itens e equipamentos que podem ser adquiridos em lojas, altas doses de ação, mapas para explorar e bom humor, por mais que os jogos da Konami não evidenciem tanto quanto os últimos citados.

História e diálogos fracos

Infelizmente, o jogo da vez deixa um pouco a desejar em vários pontos, pois, apesar do esforço dos seus criadores, Clunky Hero possui uma história pouco inspirada que se arrasta pela progressão lenta dentro de horas de jornada. Além de possuir um humor forçado e cheio de piadas rasas que deixam de ser o destaque da produção e acabam perdendo a graça em pouco tempo.

Quase todos os diálogos parecem estar ali para tentar nos fazer rir, mas, mesmo com pouco tempo de jogo, até as piadas onde os personagens sabem que estão dentro de um jogo – em uma tentativa frustrada de quebra da quarta parede -, passam a ser frustrantes ao ponto de dar vontade de apertar o botão para pular as conversas.

Mapa do jogo desanimador

O mapa do jogo é dividido em nove áreas com diversos níveis, e cada um deles é dividido em áreas menores onde é necessário encontrar um pedaço do mapa referente a cada parte para que se possa observar nossa localização durante a exploração. Temos mais dois pontos negativos aqui:

1) Ser obrigado a encontrar os pedaços do mapa desanima tanto o que mais vale a pena explorar as cegas mesmo e esperar encontrar estes itens por pura sorte no caminho.

2) Cada vez que precisamos trocar entre uma área e outra telas de loading inexplicavelmente longas aparecem para quebrar o ritmo da aventura a todo momento.

Combates e itens de aprimoramento

Durante a busca pela sua esposa, Rufus conseguirá novas habilidades que o auxiliarão a avançar ao encontro do Malvadão. Habilidades como pulo duplo, ataques a distância, escalar paredes, dash ou esquiva.

Além disso, há ataques especiais como um arroto poderoso e o esguicho de axila, ajudarão a encontrar novas áreas para explorar, e também durante os combates contra diversos inimigos menores, assim como em batalhas contra os chefões das fases.

Itens de aprimoramento estão presentes, e somados a equipamentos como novas armas e acessórios irão turbinar o status de Rufus, garantindo uma evolução perceptível das capacidades do nosso herói.

Gráficos e jogabilidade

Clunky Hero tenta reproduzir a jogabilidade dos clássicos do estilo MetroidVania, fazendo uso dos mapas com cenários diversos e gameplay desafiante, assim como equipamentos e habilidades variadas etc. Infelizmente, o título fica aquém dos outros do estilo, já que faltam momentos marcantes ou elementos que justifiquem o investimento, ou que, pelo menos, prenda jogador por horas a fio na frente da TV.

Com visual que tenta simular desenhos feitos à mão e gráficos tridimensionais, o jogo também decepciona aqui. Nem mesmo o design dos personagens e das fases ajudam, com os primeiros carecendo de um pouco mais de capricho já que a grande maioria é bem estranha de se ver. As fases também precisavam de um pouco mais de atenção, pois são cheias de plataformas e caminhos que não levam a lugar nenhum, repetição de inimigos e de partes dos cenários, além do mapa confuso que atrapalha a exploração.

Som e menu

O som do jogo também não possui nenhum destaque positivo. As trilhas são bem genéricas e os efeitos sonoros e as vozes de personagens dão a impressão de terem saído de dum banco de dados qualquer. Os diálogos não possuem dublagem e os personagens resmungam qualquer barulho que só serve para identificar quem está “falando” no momento em que as legendas aparecem. No entanto, os textos e menus são traduzidos para uma série de idiomas, inclusive português brasileiro. A adaptação é até decente, mas conta com alguns erros de tradução que pioram a já mediana imersão.

Veredito

Clunky Hero não é um grande jogo, mas pode garantir alguma diversão para os fãs de MetroidVanias. Entretanto, este não é um dos melhores títulos nesse estilo aclamado. Sua história rasa e humor forçado, aliados a um visual razoável e jogabilidade pouco inspirada, acabam transformando-o em mais um game genérico e datado que é difícil de ser recomendado.