‘Code 8: Renegados’ | CRÍTICA

“Porque as pessoas normais sempre nos odiaram. Só que faziam isso sorrindo.”

Desde o advento da Revolução Industrial e a transição para novos processos de produção, o trabalho humano foi sofrendo mutações para se adaptar. Copistas de livros foram substituídos pelos manuseadores da prensa; carruagens deram lugar a carros produzidos em linhas de montagem com trabalhadores especializados.

Enfim, à medida que o uso da água, do carvão, do petróleo e outros combustíveis fósseis se tornaram mais eficientes, o mesmo aconteceu com as ferramentas de produção e o trabalhador, que teve que se adaptar ou perecer.

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A trama

A saber, Code 8: Renegados (Code 8), filme dirigido por Jeff Chan, que escreveu o argumento roteirizado por Chris Pare, parte da premissa dessa evolução em detrimento não dos trabalhadores normais, mas daqueles com poderes. Outrora úteis com suas habilidades especiais de controlar a eletricidade, o calor, de possuir força ampliada ou outras, eles foram substituídos pelas máquinas, sempre mais baratas que as pessoas.

Nesse mundo, o jovem Connor Reed (Robbie Amell) vive uma vida difícil na cidade de Lincoln. Embora tenha recebido o nome do presidente americano que aboliu a escravidão nos Estados Unidos, lá, ele – também empoderado – se submete à exploração abusiva de seu trabalho na forma ilegal para sobreviver.

Com a mãe necessitando de tratamento médico urgente, mas recebendo pouco pelo dia trabalhado em que não é autuado, ele se envolve com a gangue de Garrett (Stephen Amell) e o tráfico de Psyke. Trata-se de uma nova droga feita com uma substância retirada daqueles que têm poderes.

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Abordagem realista

O que dá bojo a Code 8: Renegados é a abordagem realista de um conteúdo que já virou lugar-comum no audiovisual: as produções de super-heróis que abundam nas telas.

Aqui, tais quais as demais massas de desempregados com uma característica singular que os une, os dotados de poderes passaram a ser objeto de preconceito e vigilância dos demais, trabalhando de forma ilegal e sendo perseguidos diuturnamente pelas autoridades, que pouco ou nada fazem para integrá-los, não necessariamente à sociedade, mas ao mercado formal.

Roteiro redondo

Aliás, uma história contada com um roteiro redondinho. Sem espaço para tramas paralelas desnecessárias, diálogos insuportáveis e que, levando em conta que Robbie e Stephen são conhecidos por interpretar os super-heróis Nuclear e Arqueiro Verde na CW, faz pensar no que o diretor e o roteirista poderiam acrescentar às séries desse canal caso fossem contratados. Com certeza teriam muito a dizer.

Por outro lado, os efeitos visuais e sonoros primam pela sutileza na demonstração dos poderes de cada personagem. Sem explosões ou brilhos exagerados e com inserções digitais na tela de forma a contribuir com a narrativa, ao invés de simplesmente chamar a atenção do espectador.

Ao final, Code 8: Renegados encerra sua história sem pontas soltas, mas deixando uma vontade de conhecer mais sobre esse mundo e como se chegou ali. Ainda que com um simples prólogo. Fica a dica.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Code 8
Direção: Jeff Chan
Elenco: Robbie Amell, Stephen Amell, Sung Kang, Kari Matchett, Greg Bryk, Aaron Abrams, Laysla De Oliveira, Peter Outerbridge, Alex Mallari Jr., Shaun Benson
Distribuição: Streaming
Data de estreia: sex, 13/12/19
País: Canadá
Gênero: ação, ficção científica
Ano de produção: 2019
Duração: 98 minutos
Classificação: 14 anos