Em visita ao Brasil, Octavia Spencer revela de onde tirou inspiração para viver Deus em ‘A Cabana’

Bruno Giacobbo

A fama de que estrelas cinematográficas são pouco acessíveis ou antipáticas foi seriamente abalada na última segunda-feira (27/03). Os jornalistas cariocas conversaram com Octavia Spencer, que está no Brasil para divulgar o seu novo filme, A Cabana, adaptação do best-seller homônimo de William P. Young, e a impressão deixada por ela foi das mais agradáveis. Distribuindo muitos sorrisos, a ganhadora do Oscar de melhor atriz coadjuvante, em 2011, por “Histórias Cruzadas”, não se esquivou de nenhuma pergunta, nem mesmo quando a pauta envolveu o polêmico presidente norte-americano, Donald Trump.  

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Neste novo longa-metragem, que narra a saga de Mackenzie Phillips (Sam Worthington) em busca da fé perdida, um homem consumido pela culpa da morte da filha, que estava sob seus cuidados quando foi sequestrada por um estuprador, Spencer dá vida ao inusitado papel de Deus. Esta particularidade, pois as pessoas costumam imaginar Deus como alguém idoso, com uma barba branca, farta e grande; foi uma das coisas que mais chamaram a atenção de todos os presentes, inclusive da própria intérprete.

“Uma das coisas que eu mais gostei, tanto no filme, como no livro, foi o modo como a Santíssima Trindade foi mostrada. Ela não pertence a um povo específico. Por isto, é legal ver negros, asiáticos e indígenas no elenco. Amei, também, esta relação de mãe e filho; ao invés da tradicional representação pai e filho”, contou, apontando para o fato de que o Espírito Santo, por exemplo, é vivido por uma atriz japonesa.

Octavia Spencer, que, além de ler a obra original de Young, conversou bastante com um amigo seu, um pastor cristão, para conhecer melhor a doutrina do cristianismo, revelou de onde veio a inspiração para viver a tal relação “mãe e filho”.

“Devido ao alcoolismo do pai, o relacionamento do Mackenzie com a mãe não foi dos melhores. Ela tinha os seus próprios problemas e por isto negligenciou sua relação com o filho. Assim, para compor a versão feminina de Deus, nas cenas com o protagonista eu procurei pensar que era aquela mãe negligente em busca de uma reconciliação. E aí o fato de eu não ser amiga do Sam na vida real me ajudou muito, pois ele era um total estranho para mim antes das gravações começarem”, disse.

Perguntada se, de alguma forma, a sua vida mudou após ler o best-seller, fazer o filme e interpretar Deus, como ocorre com o personagem de Sam Worthington, ela respondeu assim.

“Eu gosto de pensar que sempre fui a mesma pessoa. Claro, tudo isto me impactou de alguma forma, mas nunca deixei de viver segundo a ‘regra de ouro’ de que devemos tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. E, pensando bem, se existe um aspecto concreto em que eu mudei é o fato de não ser mais tão apegada a algumas coisas como era antes”.

E a pauta envolvendo Trump? Qual era mesmo? OK, vamos lá, só para matar a curiosidade de vocês. Um colega jornalista perguntou o que ela achava que Deus diria a Donald Trump se eles tivessem a chance de conversar em uma cabana. A resposta até que foi simples, sem nada de mirabolante.

“Eu acredito que ele diria o mesmo que diria para qualquer outra pessoa: ame seus semelhantes”, opinou Spencer que teve tempo, ainda, de elogiar as belezas naturais do Rio de Janeiro e a companheira de elenco, Alice Braga, apesar de, infelizmente, não ter tido cenas com a brasileira.

Com a direção do desconhecido Stuart Hazeldine, estrelado por Octavia Spencer, Sam Worthington, Radha Mitchell, Aviv Alush e Alice Braga, A Cabana estreia por aqui, no Brasil, dia 6 de abril.

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
NAN