Coletiva | Nise – O Coração da Loucura
Laura Udokay
Na terça-feira (12 de Abril), no L’Hotel Porto Bay, o diretor Roberto Berliner e atores de seu mais novo filme, Nise – O Coração da Loucura, falaram com a imprensa.
Na ocasião, estiveram presentes a protagonista do longa, Glória Pires, também Fabrício Boliveira e Roberta Rodrigues.
Baseado em fatos reais, conta a revolução clínica que a médica psiquiatra, Nise da Silveira, conseguiu proporcionar à pacientes esquizofrênicos. Para ela seus pacientes eram clientes, uma vez que, como funcionária pública os servia. Por meio de amor e atividades lúdicas voltadas à arte, os doentes atravessam uma jornada de notável melhora.
O elenco presente se declarou satisfeito por ter trabalhado com o diretor e, principalmente, devido ao tema abordado no filme, uma tênue linha entre a loucura e a sanidade. Berliner ressaltou que este foi o filme mais importante de sua vida, “São pessoas especiais, com quem eu queria trabalhar há muito tempo”, disse. Sobre a escolha de Glória Pires para o papel principal, ele comenta que, como a médica Nise da Silveira foi uma grande mulher, pretendia ter outra grande mulher para fazer a personagem.
“Foi um trabalho bem guiado, que fluiu bem. Tendo a mão certeira do maestro”, afirmou Glória Pires ao se referir ao diretor.
Um pouco sobre Nise da Silveira, uma pequena gigante!
Amante dos gatos, Nise foi pioneira na terapia ocupacional. Alagoana, estudou na Faculdade de Medicina da Bahia, sendo a única mulher em uma turma de cento e cinquenta e sete alunos. Simpatizante marxista, frequentou grupos literários e artísticos, base, inclusive, de seu trabalho clínico.
No entanto, seu envolvimento com o marxismo rendeu-lhe um perído de reclusão no presídio da Frei Caneca. Lá, conheceu Graciliano Ramos, que, posteriormente a descreveria em sua obra, Memórias do Cárcere.
Em seu trabalho com pacientes psicóticos, Nise incluia cães e gatos no tratamento. Acreditava em um poder curativo dos animais que ajudava a desenvolver a afetividade dos doentes.
Há muito para descobrir sobre essa psiquiatra excepcional que nasceu em 1905 e morreu em 1999. É mais que recomendável ler a respeito de seu legado à saúde mental e, acima de tudo, descobrir humanidade em pessoas consideradas “anormais”, cujo Nise ajudou a reabilitar.
Confira a entrevista gravada com Glória Pires e o diretor, Roberto Berliner. Antes, porém, que tal refletir sobre a frase:
“Existem dez mil maneiras de viver a vida, e outras dez mil de mudar o mundo em sua época”
Nise da Silveira
Fotos por Laura Udokay