CRÍTICA #1 | ‘Liga da Justiça’ acerta em novo tom, trazendo um ar mais esperançoso e cômico para os heróis
Everton Duarte
O universo cinematográfico da DC ainda está se descobrindo, se moldando e ganhando forma. A comparação com o sólido e já estabelecido trabalho de sua maior concorrente, a Marvel, é, e será sempre inevitável, mas uma coisa é fato: Liga da Justiça ganhou um novo e acertado tom. De certo, o longa ainda está no mesmo molde de seus filmes anteriores, mas com certeza a DC está dando passos para o caminho certo.
O filme tem seu início com ares melancólicos, mas, não por menos, o mundo ainda sente o peso da morte do Superman, e isso afeta diretamente o dia a dia dos cidadãos, mostrando claramente que a falta de esperança gera mais violência e, como consequência, aumenta o índice de criminalidade e intolerância entre as pessoas. E para a DC dar continuidade ao seu universo expandido, nada mais justo do que iniciar esse longa com o mesmo impacto causado no final de “Batman vs Superman: A Origem da Justiça”. Ainda sob direção de Zack Snyder, é fácil apostar as fichas de que todo o primeiro ato do filme tem sua participação, mas quero deixar claro desde já que admiro o seu trabalho como diretor e, sim, sou defensor de que BvS é um ótimo filme.
CRÍTICA #2 | ‘Liga da Justiça’ ganhou um filme à sua altura
CRÍTICA #3 | Embora não surpreenda, o resultado final de ‘Liga da Justiça’ é brilhante
Logo após esse início, o longa se desenrola entre apresentar a nossa querida Mulher-Maravilha, o Batman e o vilão da trama, Lobo da Estepe. Já nessa primeira aparição do Morcegão, é possível notar a diferença de abordagem do herói. Sim, ele deixou de lado toda aquele perfil carrancudo e sisudo, mas não descartando o bom e velho preparo. Diferentemente da nossa heroína, que continua com seu empoderamento, força e beleza no mesmo tom de seu filme solo, ou seja, Gal Gadot continua mitando no papel da amazona.
Já de cara, o longa também mostra ao que veio o Lobo da Estepe, que tem como objetivo recuperar a três caixas maternas escondidas em nosso planeta. E em meio a suas aparições, a película também apresentará um flashback de sua primeira passagem na terra e sob posse de todas as caixas maternas. Com uma força e vilania muito acima de qualquer herói, é necessária a união dos exércitos mais valentes de toda galáxia para detê-lo. Infelizmente todo esse poder e força não foi tão bem representado até o final do longa. Obviamente, é possível notar que a construção do personagem é completamente digital, mas não simplesmente pela grandiloquência de sua aparência, mas também por alguns deslizes de animação gráfica que acabam deixando isso ainda mais evidente.
Voltando à trama do filme e dos nossos heróis, os primeiros atos do longa tem uma cadência bem morosa, que é divida entre piadas, diálogos, a apresentação e formação da Liga da Justiça e seus integrantes. De certo modo, o tom mais leve não se reflete somente à grande quantidade de piadas (algumas até fora de hora), mas também é necessário apresentar os novos heróis: Aquaman, Flash e Ciborgue. A Warner e a DC se preocuparam em fazer com que os personagens conquistem o público e ganhem a sua empatia. Tudo isso sem se aprofundar demais em suas origens e deixar o filme ainda mais longo. Pois, ainda assim, as empresas estão apostando no sucesso desse universo expandido que, em breve, terá a exibição dos filmes solo desses heróis.
Sim, todo o longa tem um tom mais leve, mas, como eu citei acima, não atribua essa mudança somente às piadas e alívios cômicos divididos entre os personagens. Quem já pôde conferir as bem-sucedidas animações produzidas pela DC, reconhecerá certa semelhança no perfil adotado por todos os heróis. De fato, a Warner buscou acertadamente alterar a sua identidade visual e auditiva, comparada a BvS. Os heróis ganharam um ar de que estão ali para proporcionar eSperança para as pessoas, num mundo onde elas podem acreditar que, onde houver perigo, haverá alguém para protegê-los. Ainda comentando sobre essa alteração, não posso deixar de citar que é possível notar que, mesmo por um motivo que nos causa muita tristeza em relação a família Snyder, a mudança de comando para o experiente Joss Whedon contribuiu de forma positiva para o resultado final da produção.
Lembra do molde que eu citei no início do texto? Pois é, infelizmente a Warner ainda peca no que se diz respeito à montagem e edição do longa. Alguns minutos a mais na duração do filme, principalmente na hora do ápice da batalha final, com certeza seria muito bem-vindo. Até mesmo, quem sabe, poderia melhorar a imagem do Lobo da Estepe, que, em seus momentos derradeiros, estava mais para hiena do que lobo. Além disso, a Warner teima em mostrar o que não deve nos trailers e retirar boa parte das cenas que poderiam ajudar a entender um pouco mais dos personagens. Ainda assim, existem ótimas e adoráveis surpresas, referências e easter eggs do início ao fim, inclusive nas duas cenas pós-créditos. Vale a dica, pois haverá momentos que insinuam a aparição de outros personagens nos próximos filmes e que, com certeza, agradarão aos fãs. Fiquem super atentos.
Por fim, Liga da Justiça é um bom filme, tanto para novos, antigos e esperançosos fãs que aguardavam o longa com muita ansiedade. É um longa que dá continuidade ao infindável universo expandido da DC, que acertou o tom de sua obra, sem copiar a receita do vizinho e que conquista o seu espaço e identidade no hall dos bons filmes de heróis.
Aprecie sem moderação!
::: TRAILER
::: FOTOS
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Justice League
Direção: Zack Snyder, Joss Whedon
Elenco: Gal Gadot, Jason Momoa, Henry Cavill, Ben Affleck, Amy Adams, Ray Fisher, Ezra Miller, Amber Heard, Diane Lane, J.K. Simmons, Jeremy Irons
Distribuição: Warner Bros
Data de estreia: qua, 15/11/17
País: Estados Unidos
Gênero: Ação, Aventura
Ano de produção: 2017
Duração: 121 minutos
Classificação: 13 anos