CRÍTICA #2 | ‘A Torre Negra’ pode até não estar no nível do livro, mas consegue capturar o grande público

Cadu Barros

Para início de conversa, uma confissão: não sou familiarizado ao universo criado por Stephen King, e portanto não sabia da existência do livro que agora chega adaptado aos cinemas no filme A Torre Negra. Por isso fui assistir sem nenhuma expectativa, o que com certeza foi determinante para que eu tivesse um impressão positiva da obra, que é divertida e instigante na medida certa. Não é excepcional, mas também não é ruim.

CRÍTICA #1 | ‘A Torre Negra’ pode desapontar pela superficialidade do roteiro

A história acompanha o garoto Jake Chambers (Tom Taylor), um aventureiro de 11 anos que descobre pistas sobre outra dimensão. Assombrado por visões sobre esse estranho lugar, ele descobre que há uma grande torre mágica responsável pelo equilíbrio entre os diferentes mundos e pela proteção contra seres malignos. Mas desde que os pistoleiros, protetores da torre, foram quase extintos, a humanidade está ameaçada. Jake encontra um portal que o leva ao Mundo-Médio, onde se depara com Roland (Idris Elba), o único pistoleiro ainda vivo. Os dois partem em busca da Torre Negra enquanto tentam sobreviver aos perigos da outra dimensão e da ameaça de Walter (Matthew McConaughey), um poderoso feiticeiro que pretende destruir a torre.

O roteiro escrito a quatro mãos explora o fantástico e brinca com as diferenças culturais entre os dois protagonistas. A relação entre os dois é bem desenvolvida, cada um com seus dramas e objetivos. O primeiro ato soa um pouco episódico, já que Jake e Roland enfrentam sucessivos monstros no caminho. Mas a partir do momento em que Walter começa a perseguir a dupla, o filme engrena, e a tensão cresce.

O diretor Nicolaj Arcel faz o básico, e não entrega um plano memorável sequer. As cenas de ação no início pecam por falta de ritmo e energia. Mas os embates entre Roland e Walter são sempre interessantes. O vilão, aliás, é o grande destaque da obra. Com o poder anular o livre arbítrio de qualquer pessoa, Walter pode matar apenas com as palavras, o que o torna realmente ameaçador. McConaughey confere ao feiticeiro uma frieza assustadora, em uma interpretação sutil, com um tom de voz brando, fugindo da gritaria. Seu Walter é inteligente e obstinado, e sempre está um passo a frente dos heróis. Enquanto isso, Idris Elba é um poço de simpatia, e consegue transmitir toda a amargura e a dor de Roland apenas no olhar. Sua química com o garoto Tom Taylor também convence, e o cara manda muito bem nas cenas de ação.

Os efeitos visuais são bem empregados, sem muito exagero, e a trilha sonora do excelente Junkie XL imprime um ritmo frenético e de urgência. Os figurinos são responsáveis por unificar os dois mundos, já que seus habitantes utilizam vestimentas diferentes porém realistas e objetivas.

Com certeza haverá críticas ao tom ameno do filme, direcionada claramente ao público infanto-juvenil, mas o fato é que A Torre Negra é para todas as idades, e equilibra muito bem a realidade com a fantasia. Pode até não estar no nível do livro homônimo, como os fãs podem vir a reclamar, mas consegue capturar o grande público com uma aventura bem-humorada com toques de tragédia.

::: TRAILER

::: FOTOS

::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Dark Tower
Direção: Nikolaj Arcel
Elenco: Idris Elba, Matthew McConaughey, Tom Taylor
Distribuição: Sony
Data de estreia: qui, 24/08/17
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produção: 2016
Classificação: 12 anos

Cadu Barros

Cineasta e jornalista, já dirigiu curtas premiados e trabalha há 10 anos em televisão. Cinéfilo desde criança, é fanático por Star Wars, e inclusive já realizou um fan film da saga. Apesar de ter clara preferência por filmes de ficção científica, fantasia e adaptações de quadrinhos, Cadu curte tudo quanto é tipo de filme, desde este seja bem-sucedido em sua proposta narrativa.
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