CRÍTICA #2 | ‘T2 Trainspotting’ não é tão grandioso quanto seu antecessor, mas igualmente digno

Italo Goulart

Continuação do cultuado filme de 1996, T2 Trainspotting consegue ser nostálgico e novo ao mesmo tempo por conta de todos os personagens e personas envolvidas nessa nova obra de Danny Boyle.

CRÍTICA | ‘T2 Trainspotting’ se apoia na nostalgia, mas mantém a qualidade visual inventiva e bem editada

Estamos num tempo que estamos inundados de reboots, remakes e continuações desnecessárias. Boyle nos colocou em um estado de alerta ao afirmar que ia fazer essa sequência, logo ele, um diretor que nunca trabalhou com continuações e em um filme que, aparentemente, estava tudo fechado e encerrado, mas que deixou no nosso imaginário a curiosidade do que teria acontecido com aqueles jovens inconsequentes. E é nisso que o diretor foca e não decepciona.

Após a morte de sua mãe, Renton (Ewan McGregor) retorna a Edimburgo e isso faz com que ele reencontre seus velhos companheiros Sick Boy (Jonny Lee Miller) e Spud (Ewen Bremner). Reton não conseguiu a vida que queria, mesmo depois de roubar o dinheiro de seus amigos no final do primeiro filme. Hoje ele é divorciado e vive as consequências das más escolhas que fez quando era jovem, destino que todos os seus amigos compartilham. Sick Boy ainda acha que pode alcançar a grandeza, mas agora é dono de um pub falido junto com sua namorada Veronyka (Anjela Nedyalkova). Ainda viciado em heroína, Spud parece ter estacionado no tempo, mora no mesmo lugar, sem ambições ou expectativas. Begbie (Robert Carlyle) está preso, mas consegue fugir no decorrer do longa. No fim, a vida continua a mesma, só eles que envelheceram e o ar nostálgico de Renton é divido com o clima de culpa e rancor de algum dos seus amigos.

Boyle consegue resgatar com primor a mesma atmosfera que criada na obra anterior, e ainda assim, adicionar novos elementos sem perder o ritmo saudosista e o ambiente que tornaram o trabalho original um sucesso. Em momentos pontuais somos agraciados com alguns fanservices, incluindo a participação de Diane (Kelly Macdonald), músicas e flashbacks tornando o filme mais familiar aos fãs.

Os temas principais de Trainspotting (1996), escolhas, a vida, o tempo, consequências, estão de volta de forma mais crua, dura e direta. Os cortes e a câmera inquieta de Boyle também marcam presença em T2 Trainspotting, como a sua já conhecida assinatura visual.

A montagem e a edição final da película chamam muito a atenção, mérito do excelente Jon Harris, que já trabalhou com Boyle em 127 horas (2010) e na série Babylon (2014). Com cortes precisos, a edição de Harris valoriza o roteiro de John Hodge, que também foi responsável pelo roteiro do primeiro filme, e também dá mais credibilidade e fluidez à direção.

Com um elenco e uma equipe, agora melhor e mais experiente, Boyle nos entrega mais um excelente filme, não tão grandioso quanto seu antecessor, mas igualmente digno.

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FICHA TÉCNICA:

Título original: T2 Trainspotting
Direção: Danny Boyle
Elenco: Ewan McGregor, Robert Carlyle
Distribuição: Sony
Data de estreia: qui, 23/03/17
País: Reino Unido
Gênero: drama
Ano de produção: 2017
Duração: 117 minutos
Classificação: 16 anos

Italo Goulart

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