CRÍTICA #2 | 5ª temporada de ‘Orange Is The New Black’ apresenta maior desenvolvimento dos personagens, tramas e discussões
Gabby Soares
Toda a tensão acumulada durante a quarta temporada que levaram ao plot básico do quinto ano, a rebelião, fez com que Orange Is The New Black continuasse em uma linha de história em que é muito bem-sucedida. Ou seja, demonstrar, de forma particular ou grupal, os elementos humanos de cada presidiária, mesmo que parte da sociedade prefiram vê-las e tratá-las como animais.
Essa difícil e lenta mudança, vocalizada em um dos diálogos de Piper Chapman (Taylor Schilling), é trabalhada desde o início da série, entretanto todos os acontecimentos e situações que levaram à morte de Poussey Washington (Samira Wiley) e, consequentemente, à rebelião das mulheres presas em Leitchfield intensificaram e deram uma nova profundidade às discussões. Assim, temas de imensa importância para a realidade política e social estadunidense, e de diversas outras sociedades, inclusive a brasileira, passaram a ser explorados no roteiro com mais seriedade e responsabilidade.
O amadurecimento dessa série que apresenta um misto de humor com drama resultou em outra temporada com cenas e diálogos extremamente significativos, principalmente no que diz respeito ao núcleo negro. Taystee (Danielle Brooks), Crazy Eyes (Uso Aduba), Black Cindy (Adrienne C. Moore), Allison Abdullah (Amanda Stephen) e Watson (Vicky Jeudy) dão um show em tela e são as protagonistas desta temporada. A maioria dos 13 episódios são liderados pelo luto e necessidade de justiça de Taystee após perder sua melhor amiga, Poussey. Com isso, Brooks apresenta uma atuação emocionante e discursos que fazem alusão à realidade racista e violenta da sociedade. Em contribuição para essa discussão, vale ressaltar o episódio focado nos flashbacks de Watson e como, de maneira clara e sensível, o racismo e a desigualdade racial são demonstrados ali.
Outro ponto muito positivo do quinto ano é o núcleo coadjuvante formado pelas latinas. Ao deixar de lado o foco normalmente dado à Piper e às outras mulheres brancas de Leitchfield, o roteiro se volta para os dramas e dificuldades de Gloria Mendoza (Selenis Leyva), Daya Diaz (Dascha Polanco), Aleida Diaz (Elizabeth Rodrigues) e Maria Ruiz (Jessica Pimentel). E essa é uma mudança mais que bem-vinda. Como as temporadas anteriores demonstravam, essas são personagens que têm muitas histórias e complexidades a serem exploradas. É esperar que essas tramas continuem a serem desenvolvidas com a mesma qualidade.
Entretanto, isso não quer dizer que as personagens brancas são esquecidas pelo roteiro. Pelo contrário, elas têm grande importância para o desenvolvimento da metade final da temporada. A necessidade de Red (Kate Mulgrew) em desmascarar e se vingar das ações do guarda Piscatella (Brad William Hanke) acompanha as ações da personagem durante toda a temporada e se desenvolve para um clímax muito bem realizado.
Portanto, Orange Is The New Black teve uma ótima quinta temporada, apesar de não apresentar o impacto emocional que a quarta apresentou. A série desenvolveu muito bem seu roteiro, aprofundou-se em personagens e tramas extremamente interessantes e relevantes e, assim, promete muito para o próximo ano.
::: TRAILER
https://youtu.be/9feCpLBJ0WE
::: FOTOS
::: FICHA TÉCNICA
Gênero: Drama
Produtora: Netflix
Estreia: 09/06/2017
Criadora: Jenji Kohan
Produtora Executiva: Jenji Kohan
Elenco: Taylor Schilling, Laura Prepon, Kate Mulgrew, Natasha Lyonne, Danielle Brooks, Uzo Aduba