A Gente se Vê Ontem

CRÍTICA | ‘A Gente Se Vê Ontem’

Jorge Feitosa

“Eu o adverti sobre isto garoto. As consequências poderiam ser desastrosas!”

                                                                                         Doc Brown, em “De Volta Para o Futuro”

Filmes sobre viagem no tempo inevitavelmente levam os personagens a um dilema. Até que ponto interferências no passado podem afetar o presente ou o futuro? Até quando vale pena retornar para consertar os seus erros?

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Com produção de Spike Lee, filme foge do lugar-comum

A Gente Se Vê Ontem (See You Yesterday), produção de Spike Lee com direção de Stefan Bristol, não foge dessa premissa, nos apresentando de cara aos protagonistas CJ (Eden Duncan-Smith) e Sebastian (Dante Crichlow) em sua primeira tentativa de viagem temporal como um experimento de escola e uma passagem certa para graduação em alguma grande universidade.

Com criatividade, o roteiro de Frederica Bailey e Stefan Bristol foge do lugar-comum do subúrbio e elenco majoritariamente branco para ambientar a história no Bronx novaiorquino, permeando o cenário e a trilha sonora com elementos da cultura negra, principalmente a jamaicana, em um design de produção competente a cargo de Jimena Azula.

A Gente se Vê Ontem (1)

Cores e iluminação contrastam com o cotidiano

As cores e iluminação realmente colaboram para a construção de uma história leve e com personagens otimistas, mas não a ponto de esquecer o cotidiano de criminalidade e violência policial a que estão sempre sujeitos. De fato, é um trunfo do roteiro e elenco que entregam a melancolia do ambiente sem pesar demais a mão.

Os efeitos visuais de A Gente Se Vê Ontem, apesar de simples, nos ajudam a compreender o que se passa sem grandes complicações, já que, a partir de determinado ponto as explicações sobre a viagem temporal, perdem o peso sem comprometer a diversão. Afinal, não dá pra engolir que estudantes colegiais construam uma mochila do tempo funcional. Nem Marty McFly entendia bem o que se passava em “De Volta Para o Futuro”. Certamente o professor interpretado por Michael J. Fox, em uma ponta nostálgica, também não.

A Gente se Vê Ontem (2)

Mais um destaque – positivo para alguns e negativo para outros – é o papel de Eden Duncan- Smith, personagem muito mais inteligente que o reverenciado protagonista do filme e, certamente, mais teimosa em desistir de salvar aqueles que ama e que foram afetados por suas ações. Uma interpretação louvável que nos leva a torcer por sua personagem em um final aberto, mas condizente com a narrativa.

A Gente Se Vê Ontem tinha tudo para ser mais uma sessão da tarde, mas sua abordagem diferenciada com certeza o fará ser lembrado como algo mais do que a simples turminha que bagunçou o tempo.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: See You Yesterday
Direção: Stefon Bristol
Roteiro: Fredrica Bailey, Stefon Bristol
Produção: Spike Lee
Elenco: Eden Duncan-Smith, Danté Crichlow, Brian Bradley
Distribuição: Netflix
Data de estreia: qui, 17/05/19
País: Estados Unidos
Gênero: ação, ficção científica
Ano de produção: 2019
Duração: 86 minutos
Classificação: 16 anos

Jorge Feitosa

@jorgefeitosalima
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