CRÍTICA | A imaginação é o charme de ‘O Poderoso Chefinho’

Thiago de Mello

A maioria das pessoas, com o passar dos anos, vai se distanciando daquela “cabeça” infantil. Conforme envelhecemos, esquecemos como é observar o mundo com imaginação fértil e inocência única. Aos olhos de uma criança, o mais corriqueiro e banal evento pode ser uma grande aventura. É dessa forma que O Poderoso Chefinho (The Boss Baby) conquista o espectador ao dar ares imaginativos dinâmicos e divertidos a uma situação simples e comum: a chegada do irmão mais novo.

A premissa principal é básica: o primogênito, Tim (voz de Miles Bakshi), já estava acostumado com a total atenção de seus pais (dublados por Jimmy Kimmel e Lisa Kudrow). Porém, com a chegada do bebê (voz de Alec Baldwin), o Poderoso Chefinho, toda atenção que ele recebia é direcionada para o neném.

Primeiramente focado em Tim, o filme já demonstra seu potencial com uma animação dinâmica, colorida e bem cartunesca. A imaginação do garoto preenche a tela nas mais diversas formas, sempre mantendo uma saudosa jovialidade. Enquanto se “aventura” por oceanos e selvas, o espectador é apresentado à família de Tim.

Mas é com a chegada do Chefinho que o filme realmente começa a conquistar. De início, há um trabalho bastante imaginativo que mostra a “fábrica” dos nenéns e como eles são selecionados. Aqueles que passam nos testes, como rir, são enviados para suas famílias. Os que não, ficam na fábrica, trabalhando nela. A imaginação que norteia o filme é seu grande diferencial.

Há, ainda, um terceiro arco. O Chefinho veio até a família de Tim para descobrir uma maneira de impedir os filhotes de cachorro de serem mais adorados do que os bebês.

O diretor Tom McGrath (Megamente, franquia Madagascar) consegue dar ótima fluidez a essas diferentes narrativas, dedicando tempo necessário para trabalhá-las com esmero. Cada um dos momentos possui seu próprio valor, humor específico, dinâmica e lição. A primeira metade, onde vemos a relação dos irmãos, é a mais divertida. Porém, o restante do filme também entretém e, mais importante, transmite a óbvia mensagem final de maneira criativa. Nada brilhante, mas certamente bem elaborado.

O humor de O Poderoso Chefinho também se destaca positivamente, mesmo tratando-se de uma animação infantil. De qualquer forma, ela ainda oferece algumas piadas e referências para os pais e/ou mães que levarão suas crianças ao cinema. Isso não significa que o público mais velho não esboçará sorriso ou gargalhará com algumas das piadas direcionadas aos pequenos já que, mesmo infantilizadas, elas não são ruins. E o carisma simples e inocente dos personagens facilita a empatia com o público, que se deixa levar pelo universo imaginativo do longa.

Porém, há um ou outro pequeno deslize na obra, principalmente no arco final, onde somos apresentados ao vilão. Nesse momento, o foco que estava na divertida relação fraternal do Chefinho e Tim migra pra figura excêntrica de Francis Francis (Steve Buscemi). Não é um personagem ruim, apenas não consegue manter o bom ritmo que a dupla protagonista mantinha. Além disso, a conclusão se prolonga por alguns desnecessários minutos. Parece que o filme gostaria convencer o espectador de uma dramaticidade completamente incongruente com a obra. Logo, desnecessária.

Conclusão

A imaginação é o charme de O Poderoso Chefinho. Um universo infantil curioso, divertido e cativante que conquista até o espectador mais velho, mesmo que o filme não seja direcionado a ele. Com uma mensagem simples e bem trabalhada, a animação surpreende. Há pequenos equívocos na parte final do filme, é verdade, mas nada que impeça de classificá-la como uma grata surpresa! O longa estreia nesta quinta-feira, dia 30 de março.

*Texto publicado originalmente no site “O SETE”, parceiro do BLAH CULTURAL

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FICHA TÉCNICA:
Título original: The boss baby
Direção: Tom McGrath
Roteiro: Michael McCullers, adaptando livro de Marla Frazee
Elenco: Alec Baldwin, Steve Buscemi, Jimmy Kimmel, Lisa Kudrow, Tobey Maguire, Miles Bakshi, James McGrath
Distribuição: Fox
Data de estreia: qui, 30/03/17
País: Estados Unidos
Gênero: comédia
Ano de produção: 2016
Classificação: livre

Thiago de Mello

Jornalista amante de cinema, de rock, de cultura pop e de Bloody Mary. Além de colaborar para o Blah Cultural, é idealizador do osete.com.br.
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