CRÍTICA | Marieta Severo brilha em ‘A Voz do Silêncio’
Giovanna Landucci
Terceiro longa-metragem de André Ristum, A Voz do Silêncio é uma co-produção entre Brasil e Argentina que traz Marieta Severo como Maria Claudia, uma mulher frustrada com a vida, que parou no tempo e tem suas esperanças em seu filho Alex (Arlindo Lopes), que lhe manda cartões postais de regiões do mundo inteiro por onde aparentemente está viajando. Ela tem mais uma filha, Raquel (Stephanie de Jongh). A jovem trabalha como dançarina de pole dance em uma boate, mas ela quer mesmo é ser cantora e, para alimentar esse sonho, canta na boate e faz alguns bicos com jingles e spots publicitários.
O filme retrata as histórias de nove personagens que se entrelaçam, algo já visto antes em filmes como “Idas e Vindas do Amor”, porém, de maneira dramática e ácida, onde se ri das tragédias da vida ou se chora a dor dos personagens, semelhante ao que vimos nas esquetes de “A Comédia da Vida Privada”, só que ainda mais carregado no drama e com menor dose de humor.
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A Voz do Silêncio tem uma trilha sonora excelente composta por Patrick De Joghn, que retrata as pequenas pressões urbanas e os pequenos entrelaçamentos com a angustia da existência humana. Algumas canções brasileiras foram escolhidas para fazer esse entrelace de histórias do cotidiano. “Não existe amor em SP”, na voz de Criolo, reverbera toda essa angústia dos personagens e sua histórias de vida.
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Uma trama audaciosa que relaciona as vidas de nove personagens, que, embora bem próximas em boa parte das vezes, se esbarram apenas em uma simples passagem em uma estação de trem. O mergulho que Ristum propõe é amplo. O diretor vai fundo na alma do ser humano, em suas frustrações, em seus sentimentos de culpa, em suas indecisões, e assim se justifica pela abrangência dos temas abordados.
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Marieta Severo, quase sem se mover entre dois ou três ambientes, contracenando com um número mínimo de atores e carregando o inferno particular que em si, encena apenas com os olhos e impressiona com sua atuação primorosa! Mas ela não é única. Tanto Claudio Jaborandy como o argentino Ricardo Merkin estão excelentes em seus respectivos papéis. Só não dá para dizer o mesmo de Arlindo Lopes, que encarna um personagem forçado, onde seu problema é maior que o mundo, mas sua interpretação não sustenta essa máxima. Marat Descartes tenta sair da sua zona de conforto, mas cria um predador que não parece se encaixar bem no seu perfil.
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A Voz do Silêncio tem um título que não diz muito sobre nenhuma das histórias e acaba demonstrando algo vago perante a proposta do longa-metragem, repleto de histórias marcantes e personagens bem construídos, com um roteiro resoluto e um final que mostra que a vida segue seu rumo apesar de todas as suas adversidades.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Direção: André Ristum
Elenco: Marieta Severo, Ricardo Merkin, Arlindo Lopes
Distribuição: Imovision
Data de estreia: qui, 22/11/18
País: Brasil
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Duração: 98 minutos
Classificação: 16 anos