CRÍTICA | ‘Amigos para Sempre’

Paulo Cardoso Jr.

Chega aos cinemas no próximo dia 17, Amigos para Sempre (The Upside), filme baseado em fatos reais que já teve uma adaptação francesa em 2011 (Intocáveis) e que arrecadou US$ 430 milhões. A história é a mesma: um milionário, Philip (Bryan Cranston), vive uma vida cheia de aventuras até que um acidente o deixa tetraplégico e passa a viver cheio de cuidados e restrições. Acostumado a ser independente, ele acaba se distanciando de tudo e de todos, tendo somente seus empregados a sua companhia obrigatória. Por causa de sua personalidade forte – e quase sempre mal humorado – Philip sempre está à procura de novos cuidadores.

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Yvonne (Nicole Kidman), sua antiga parceira em empreendimentos, agora toma conta de quase tudo na sua vida, inclusive das entrevistas para os cuidadores. É aí que Philip conhece Dell (Kevin Hart), um ex-presidiário que tenta uma recolocação de trabalho, mas que não está muito empenhado para isso e prefere coletar assinaturas de tentativas de entrevistas e apresentá-las para sua agente de condicional do que se esforçar para conseguir alguma coisa. Dell entra na seleção de emprego para cuidador por engano, mas Philip resolve contratá-lo, para a surpresa de Yvonne e do próprio malandro.

Bem diferente da sua versão francesa, esta é um pouco menos dramática e foca mais na relação entre os personagens do que em todos os problemas que envolvem cuidar de uma pessoa tetraplégica. Como a opção do diretor foi justamente focar nessas relações ao invés da paralisia, então, a escolha do ator Kevin Hart caiu como uma luva e a química com os veteranos deixou o filme com um ar de “Sessão da Tarde”.

Foto: California Filmes / Divulgação

É claro que Amigos para Sempre aborda questões mais delicadas sobre racismo, quando, por exemplo, um negro vai trabalhar num prédio de luxo, mas até mesmo o personagem Dell pode ser alvo de críticas por suas tiradas machistas ao longo da projeção. É óbvio que Yvonne e Philip tinham uma vida totalmente diferente antes do acidente, e que estavam tentando aprender como se adaptar e viver da melhor maneira possível, mas que, por algum motivo, não estava dando certo. A chegada de Dell traz um novo desafio, uma nova maneira de ver a vida e sem que percebam o trio vai se ajudando, superando traumas, angústias e decepções amorosas.

Aqui no Brasil, Kevin Hart não é tão conhecido como nos EUA e muitos podem ficar com aquela impressão de que poderiam ter colocado um nome “de peso” entre os veteranos, mas o ator corresponde bem às poucas cenas dramáticas que o filme exige. Se fosse chamado alguém tipo Chris Rock, talvez o filme não fosse levado tão a sério. Destaque para duas cenas: logo a abertura, nos cinco primeiros minutos, e a seleção de candidatos para o trabalho de cuidador do Philip.

Foto: California Filmes / Divulgação

Entre mortos e feridos, ficou a impressão de que Amigos para Sempre não se aprofundou tanto nas questões que realmente trariam mais drama à história, como o racismo e o problema de mobilidade enfrentado pelos tetraplégicos. Além disso, também não houve muitas cenas de comédia porque, afinal, não dá para fazer muita graça com um assunto tão delicado. Não dá para dizer se é melhor ou pior que o seu antecessor francês porque, apesar de ser exatamente a mesma história, seguem linhas de narração bem diferentes.

Se equilibrando entre uma cena mais dramática e uma piada e outra, Amigos para Sempre segue leve e você nem percebe que passou duas horas de projeção. Até a próxima!

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Upside
Direção: Neil Burger
Elenco: Bryan Cranston, Nicole Kidman, Kevin Hart
Distribuição: California Filmes
Data de estreia: qui, 17/01/19
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Duração: 111 minutos
Classificação: 14 anos

Paulo Cardoso Jr.

Jornalista formado pela PUC-RJ e Pós Graduação em "Comunicação com o Mercado" pela ESPM-RJ.
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