CRÍTICA | ‘Angry Birds – O Filme’ faz uma bela adaptação dos jogos, porém sem originalidade

Anderson Vidal

No final de 2009, a Rovio Entertainment lançou um jogo para celular no qual o jogador deveria usar um estilingue para arremessar pássaros e eliminar seus inimigos, os porcos. Daí, o modelo incomum de jogo fez tanto sucesso que se expandiu para PC, Consoles e ao longo dos anos ganhou 9 continuações e 3 ‘Spin-offs’, se tornando um dos jogos mais rendáveis. Com isso, se aproveitando do sucesso da sequência direta do primeiro jogo, o Angry Birds 2, a Rovio Entertainment anunciou o primeiro longa metragem dos pássaros que não voam.

A trama é bem simples e direta, uma pequena comunidade em um paraíso de aves, há muito tempo vivem pacificamente, com exceção de Red, um pássaro com uma raiva constante. Os pássaros se surpreenderam com a aparição inesperada de porcos liderados por Leonard em sua ilha. Fascinados pelos porcos, os pássaros não percebem quando tem todos os ovos roubados.

angrybirds_cenatrailer

Sou muito fã da série de jogos e já curti todos que foram lançados para celular, e devo dizer que fiquei muito feliz com a adaptação dos personagens para as telonas, todos os pássaros principais, Red, Chuck, Bomba, Matilda, Stella e Terence foram muito bem feitos para se enquadrar no formato, sendo super fieis a obra original. O visual tudo muito colorido é belíssimo. A batalha e a forma que o jogo é construído também foi muito boa, mas falarei mais a diante. A ilha dos pássaros e a dos porcos também foi um ponto muito positivo, logo no início temos uma vista panorâmica muito boa da comunidade onde nossos protagonistas vivem, e a ilha foi muito bem recriada de acordo com alguns jogos – como Angry Birds 2, Angry Birds Epic e o último Angry Birds Action (que é com os personagens do mesmo jeito que o filme).

Porém, nem só de boas recriações um filme sobrevive. A personalidade do personagem principal, Red, não me agradou por completo. Sei que ele deveria ser nervoso e tudo o mais – no jogo Angry Birds Fight essa raiva é muito bem aplicada, Red flerta com a arrogância, insensibilidade, mau humor e falta de carisma praticamente durante todo o filme, e isso prejudica bastante no andamento e no desenvolvimento do longa, principalmente nas piadas, que diga-se de passagem, são fracas. Angry Birds parece ter pegado todas as piadas e cenas engraçadas de animações antigas e jogaram tudo na ilha dos pássaros, soando em algo extremamente sem originalidade. Entre elas, a que mais me incomodou foi a sequência em que Red quer atravessar a rua e uma guarda de trânsito o faz parar para os outros pássaros com seus filhotes passem primeiro, até uma velha. Uma cena parecida foi visto recentemente em Zootopia, da Disney. Outro exemplo vem do Chuck, o pássaro veloz, que no trajeto dele, Red e Bomba para encontrarem a Grande Águia, não para de falar, remetendo muito a Shrek e o burro falante, mais um exemplo vem de Red ser o único que desconfia dos porcos quando eles chegam na ilha enquanto todos o enxerga como apenas um pássaro nervoso, então muitas piadinhas e histórias no filme se tornam clichê e sem graça por ‘já termos visto isso antes’.

red_news_trailer_01

Junto com esse problema das piadas, a primeira metade do longa sofre pela falta de interesse em algo bom que nos prenda e apenas quando os porcos roubam os ovos dos pássaros que o longa começa a trilhar o seu caminho e se tornar realmente interessante. Nisso, Red faz despertar a raiva de todos os pássaros e é – surpresa – visto como o único que tinha razão sobre os porcos, constroem um barco e seguem os rastros dos inimigos até a ilha deles, e ai sim, o filme nos entrega a boa adaptação do jogo, uma pena que tenha sido tarde demais. Usando o estilingue que os porcos deixam na ilha deles, os pássaros o usam para invadir o muro do castelo dos porcos. A cena foi muito, muito boa. Aderindo os ‘poderes’ de cada pássaro que usamos no jogo, o Red que é mais forte em concretos, a Matilda soltando ovos que explodem, Hall, o tucano que quando é lançado faz uma volta igual bumerangue, Bumbbles, que infla o corpo quando bate em seu objetivo. Toda a cena e a batalha, as explosões, a destruição dos ‘cenários’ dos porcos, foi muito lindo de assistir.

As referências aos outros jogos também foram muito bem aplicadas, logo no início, quando Red pergunta se o trabalho dele merece uma, duas ou três estrelas, remetendo ao jogo no qual, dependendo do nosso desempenho, fazemos uma, duas ou três estrelas. Quando Red, Chuck e Bomba entram no navio dos porcos aparecem muitas referências de jogos, a cama elástica, as caixas de TNT, os carros de Angry Birds GO. Na batalha final os porcos usam aviões com bugigangas que utilizamos no jogo Bad Piggies, tudo isso é muito gostoso de vê, pra quem é fã dos jogos.

red-football

E destaco muito a interação de Chuck com Bomba, foram o ponto alto e souberam, em alguns momentos, equilibrar com a falta de presença de Red. E Matilda também foi muito bem construída e consegue ganhar o nosso coração, junto com Terrence.

Porém apenas boas adaptações e referências do seu jogo de origem não é o suficiente para nos entregar um filme sem personalidade e que trilha um caminho sem graça até nos apresentar o seu ápice. Apesar disso, acredito que agradará as mentes menos rigorosas e a criançada. Angry Birds – O Filme estréia mundialmente nessa quinta (12).

Anderson Vidal

NAN