CRÍTICA | Atriz, mãe, ativista e revolucionária: conheça ‘Jane Fonda em Cinco Atos’

Everton Duarte

A HBO irá exibir no dia 05 de novembro, com exclusividade, o documentário Jane Fonda em Cinco Atos (Jane Fonda in Five Acts). A produção faz parte da Temporada de Documentários 2018, onde o canal preparou diversos materiais exclusivos para serem exibidos.

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‘Os Cinco Atos’ foram desenvolvidos a partir de mais de 21 horas de entrevistas com Jane, amigos e familiares. Todos os atos são apresentados numa certa ordem cronológica e narram os principais relacionamentos de Jane. O documentário traz uma edição atemporal e a narrativa passa por diversos aspectos da vida de Jane, tais como, o suicídio da sua mãe, a falta de conexão com seu pai, sua carreira como atriz, sua luta como ativista, seus casamentos, seus filhos e, talvez o mais importante, a sua incansável busca por autoconhecimento.

HBO / Divulgação

Visando um aprofundamento na história, o documentário que é dirigido por Susan Lacy, foi produzido de uma forma intensa e intimista. Além de manter-se focado nos âmbitos familiares, profissionais e políticos de Jane, ele tem como objetivo mostrar quem ela realmente foi e ainda é. Dessa maneira, o formato adotado traz uma certa aproximação com o espectador, despertando um sentimento de empatia por Jane.

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A edição dos atos avança de acordo com cada relacionamento da atriz, assim como mencionei acima, são costurados por diversos momentos marcantes em sua vida. Em um dos primeiros atos, por volta dos seus vinte e poucos anos, a atriz iniciante se encontra num mundo quase que de portas abertas para a sua carreira como atriz. Afinal de contas, seu pai, Henry Fonda, já era um dos figurões de Hollywood. Esse de fato foi um ponto positivo para ela, mesmo que viver a sombra de seu pai seria algo que a assombraria futuramente, juntamente com o suicídio da mãe e os anos em que estudou num internato.

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Os seus medos e inexperiência fizeram com que a jovem Jane, que se tornaria uma grande atriz e, posteriormente, símbolo da causa contra a guerra no Vietnam, sempre buscasse o apoio e aprovação de alguém. No decorrer de sua trajetória, esses sentimentos foram encontrados em seus respectivos maridos. Mesmo que o desejo de Jane em provar que era uma esposa leal a fizesse deixar seus próprios desejos de lado – isso em grande parte do tempo em seus casamentos – ela sempre conseguiu encontrar algo que a motivasse. Fica muito claro que, mesmo nos momentos em que lhe faltavam perspectivas, Jane nunca deixou de acreditar no que achava correto. O reflexo disso é que a cada novo ato apresentado de sua vida há uma demonstração de força e capacidade de enfrentar todos os seus medos.

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Não se engane, caro leitor, se ao ler esse texto você esteja imaginando, mesmo por algum instante, que as fraquezas de Jane foram um ponto negativo, estas geraram uma das suas maiores virtudes, o altruísmo. O documentário destrincha a sua vida de uma maneira absurdamente positiva. Talvez de uma forma em que ela mesma não imaginara ao decorrer das gravações. Mas ainda assim, ela consegue nos contar e emocionar, na forma como conseguiu, e ainda consegue, lutar por diversas causas humanitárias.

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De todos os atos, no terceiro e maior deles, é possível notar a metamorfose de Jane. De Barbarella à mãe e de mãe à ativista. Aqui se inicia o que seria uma longa batalha contra o até então presidente Richard Nixon. Este de fato foi um dos seus maiores desafios pessoais. A mesma foi acusada de traição e associação aos vietnamitas, mas ao mesmo tempo ela evitou que um bombardeio americano matasse milhares de pessoas inocentes. Obviamente, Jane Fonda não foi e não é uma pessoa perfeita, a própria reconhece que algumas de suas escolhas a fizeram se arrepender.

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O quinto e último ato é um dos mais emocionantes. Nele, a atriz o descreve como sendo também o seu último ato. Ela narra que dentro de sua tentativa de se tornar uma pessoa melhor, consegue, mesmo que tardiamente, uma conexão com seu pai. Talvez isso tenha passado despercebido aos olhos dos espectadores no longa “Num Lago Dourado”, de 1981, neste filme ela contracena com o seu já idoso pai. Mas voltando ao documentário, a atriz descreve a gravação de uma das cenas do longa – completamente tomada de emoção – onde ela relembra que essa talvez fosse a primeira vez onde o sentimento de ambos tenha sido recíproco. Esse momento crucial em sua vida a fez perceber que deveria buscar uma nova perspectiva, onde ela reconhece que também havia falhado como mãe, não estando tão presente na vida de seus filhos. Mas, que ainda era possível reaver o tempo perdido. Outro ponto relacionado a sua mãe também é revelado nesse ato, mas isso fica para que você mesmo confira.

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A construção de sua vida foi marcada desde cedo por tragédia, ausência paterna e uma vida imensamente conturbada. Estes acontecimentos a moldaram na mulher forte, determinada e destemida que ela é hoje. Na mulher que soube dentro da carreira de atriz usar o seu talento para transmitir a sua voz ao mundo. Que conseguiu usar a sua imagem de celebridade para influenciar outras pessoas a não desistirem de seus sonhos. Que na sua militância fez com que outras mulheres buscassem dentro de si a força para lutar por aquilo que acreditam. Mostrou que é possível resistir de pé e confrontar quem ameaça ferir a sua existência. Trocando por miúdos, esse documentário mostra que, Jane Fonda é um ‘mulherão da porra’. E que nada e nem ninguém podem dizer o contrário.

Aprecie sem moderação.

O documentário poderá ser conferido a partir deste link:

Jane Fonda em Cinco Atos

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Jane Fonda In Five Acts
Temporada: 1
Direção: Susan Lacy
Elenco: Jane Fonda, Tom Hayden, Robert Redford, Lily Tomlin, Ted Turner, Paula Weinstein
Distribuição: HBO
Gênero: Documentário
Ano: 2018
Classificação: 16 anos

Everton Duarte

Paulista, jornalista em desenvolvimento, amante do mundo geek, co-fundador e editor-chefe do Ultraverso. Busco sempre o melhor em tudo o que me proponho a fazer.
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