Brinquedo Assassino 2019 Chucky

CRÍTICA | ‘Brinquedo Assassino’ (2019)

Paulo Cardoso Jr.

Ele está de volta e cheio de recursos tecnológicos!

Confesso que quando fui assistir o novo Brinquedo Assassino (Child’s Play) fiquei com pé atrás e já me preparei para o pior. O trailer não foi nada inspirador e o Chucky parecia uma mistura de “Annabelle”, com bochechas rosadas, com aquele antigo trash “Mestre dos Brinquedos”. Se você tem a partir de 40 anos, ou gosta de filmes de terror, deve se lembrar desse clássico.

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Nada de ‘alma penada’

O que o novo Brinquedo Assassino realmente inova é que ele não é um brinquedo amaldiçoado. Ou seja, nenhuma alma penada toma conta do seu “corpo”. Ao invés de ser possuído pelo espírito de um assassino após um ritual de magia negra, o boneco se torna assassino por causa de um “defeito” (entre aspas porque vai descobrir que não é bem assim) durante a sua fabricação.

A trama

Por ser um brinquedo complexo que beira a inteligência artificial, o amigo do Chucky não é mais um menino de 6 anos, mas sim um adolescente de 15 anos. O novo Andy (Gabriel Bateman), por ser mais velho, consegue dar mais mobilidade em algumas situações do cotidiano. Por exemplo: no antigo, o menino vivia na presença da mãe e com poucas cenas sozinho. Já nesse, o adolescente divide seus problemas com outros amigos e tenta resolvê-los sozinho.

Mas o que tem esse novo Chucky de tão especial? A mudança mais drástica é que ele está longe de ser só um boneco. Chucky pode ser feito de plástico, mas, por dentro, usa tecnologia de ponta, fruto de uma mega companhia chamada Kaslan Corporation. Ela desenvolveu um software e incorporou aos bonecos a capacidade de controlar todos os eletrodomésticos de casa que usam a internet como TVs, aparelhos de som, celulares, impressoras e tudo mais que você possa imaginar. Além disso, são equipados com câmeras e microfones. Ou seja, o “bicho” grava e reproduz tudo o que vê. O brinquedo ainda consegue aprender e observar a rotina do seu dono e sugerir coisas para fazer e tornar a experiência ainda mais fabulosa.

Brinquedo Assassino 2019 Chucky (1)

‘Defeito’ é a motivação para o mal

Por outro lado, os bonecos possuem um programa que permitem controlar o que é certo ou errado, não permitir que  falem palavrões e sempre obedecer às ordens do seu dono. Entretanto, por causa do seu “defeito”, ele vai aprendendo a lidar com várias situações, bem como tirando suas próprias conclusões do que é certo ou não fazer. Mais ou menos o que acontece em “Eu, Robô” (2004), estrelado por Will Smith, onde o computador central “interpreta” as Leis da Robótica. O antigo era, basicamente, o espírito de um ser humano no corpo de um boneco, então, Chucky era mal porque o espírito era mal, mas nessa nova versão, isso não acontece, o que é positivo. Ou seja, não ter nenhum senso de moral ou objetivo maior que não seja agradar seu dono (e ele leva isso MUITO a sério!) é a base de toda a estrutura narrativa de Brinquedo Assassino.

Crítica social

Entre mortos e feridos, saldo positivo para essa nova versão do Chucky. Brinquedo Assassino ainda conta com a voz do eterno Jedi, Mark Hamill, e de voz sinistra ele entende muito bem como fazer, já que interpreta também o Coringa nos desenhos, assim como em jogos de videogames. Outro fator positivo, mas que fica em segundo plano, é a crítica social feita à sociedade consumista que vivemos.

Brinquedo Assassino 2019 Chucky (4)

De tudo isso que foi falado do boneco e de tudo que pode fazer, Chucky, infelizmente é obsoleto e, com menos de um ano no mercado, a empresa Kaslan já pensa em fazer bonecos, loiros, ruivos, morenos e até uma versão ursinho para agradar aos mais variados gostos e personalidades. As cenas de morte também são bem elaboradas e Chucky não tem preconceito de cor, idade, classe social, nem poupa qualquer tipo de bichinho de estimação. Ele simplesmente mata quem estiver agindo contra a lógica que definiu como certa.

Baixo orçamento

Outra curiosidade é que tanto a versão antiga quanto a nova foram feitas com praticamente o mesmo orçamento. A primeira com US$ 9 milhões e a mais nova com US$ 10 milhões. Enfim, apesar de ser completamente previsível (cenas de morte, suspense e roteiro), ainda assim diverte. Pena que não aproveitaram ninguém do antigo filme em nenhuma ponta. Geralmente os reboots fazem isso. Ao começar os créditos finais, pode juntar o copo de refrigerante, a pipoca e se levantar. Afinal, não tem cena pós-créditos. Até a próxima.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Child’s Play
Direção: Lars Klevberg
Elenco: Aubrey Plaza, Brian Tyree Henry, David Lewis
Distribuição: Imagem
Data de estreia: qui, 22/08/19
País: Canadá, Estados Unidos
Gênero: terror
Ano de produção: 2019
Duração: 120 minutos
Classificação: 16 anos

Paulo Cardoso Jr.

Jornalista formado pela PUC-RJ e Pós Graduação em "Comunicação com o Mercado" pela ESPM-RJ.
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