CRÍTICA | ‘Chocolate’ é delicioso e precisa ser degustado vagarosamente
Luigi Martini
Explorando toda a ambientação e a sociedade francesa do século XX, Chocolate traz muito mais do que brilhantes atuações, como do atualmente consagrado Omar Sy e também de James Thiérrée, ator que não conhecia o trabalho mas vale anotar o nome. O longa explora uma situação muito recorrente na França da época e ainda de hoje, o racismo. Ponto esse que é de obrigatória menção, visto que hoje ainda vemos em Hollywood, por exemplo, sua notável indiferença em relação a importância dada aos negros, secundarizando seus papéis e dando como pauta a apenas temas de interesses externos.
A história dos palhaços que se tornaram ícones circenses na França é real e o filme oferece a mais refinada verossimilhança à ela. O design de produção, figurino e maquiagem são muito bem trabalhados, o que traz todo o requinte da época. O roteiro segue uma linha interessante e até irônica, algo que me surpreendeu no desfecho. A fotografia é outro ponto crucial a ser mencionado, o olhar fotográfico dentro do circo, principalmente, é altamente sofisticado e artístico, digno de memoráveis cartazes.Chocolate é uma obra que todos precisam ver, é não apenas deliciosa quanto a sua estética e exímias atuações, mas quanto a seu papel direto e crítico da sociedade arrogante, preconceituosa e covarde a qual herdamos. Um retrato real do comportamento do passado e que permanece implícito e muitas vezes polido pela indústria da beleza, cinema, publicidade e pelas classes que, de forma suja e ignorante, se beneficiam da desigualdade que destrói nossa tal humanidade.
FICHA TÉCNICA