CRÍTICA | Coldplay trouxe espetáculo de cores e tecnologia ao Rio
Ana Carolina Jordão
Cores, energia e muita vibração do público, assim foi o show do Coldplay domingo (10), no Maracanã, no Rio de Janeiro. A banda trouxe um espetáculo criativo, extremamente visual e que faz o público interagir com o palco e o ambiente do show, formando um vinculo único entre o grupo e os fãs. A banda mostrou um verdadeiro espetáculo e passou por todos os discos cantando sucessos como “Yellow”, “Paradise” e “The Scientist”.
Com a abertura fenomenal de Tiê e da espetacular Lianne La Havas, que conquistou o público, o Coldplay voltou para a sua terceira passagem pelo país, dessa vez com uma mega turnê, em um show para 66 mil pessoas no Maracanã, jogando no seguro time dos veteranos, afinal, eles são velhos conhecidos dos cariocas – a apresentação memorável em 2011, no Rock in Rio, foi considerada a melhor da noite e uma das melhores do festival, deixando recordações memoráveis para quem assistiu a apresentação, que rendeu elogios até de Roberto Medina, fundador do festival.
Com a pontualidade britânica, a banda entrou no palco as 21h, em uma explosão de cores, abrindo com a canção “A Head Full Of Dreams”, que dá nome ao novo CD, lançado no ano passado. A turnê já passou pelo Chile, Argentina e São Paulo durante a etapa latinoamericana e foi sucesso de venda e público. Os fãs, que tinham altas expectativas depois de 2011, vibraram quando, logo de cara, as pulseiras dadas na entrada acenderam, formando um verdadeiro show de luzes em todo o Maracanã. Uma apresentação bonita de se ver.
Os fãs logo cantaram a plenos pulmões com vários hits seguidos como “Yellow”, “Every Tear Drop Is A Waterfall” e a clássica “The Scientist”, que emocionou a todos, em meio a chuva de papel picado que cercou o lugar. Cris Martin, com seu carisma inegável, realmente se esforçou e entregou um show digno aos fãs, mas que não superou o inesquecível show do Rock in Rio, que fez o artista ajoelhar emocionado e beijar o chão do palco do festival em agradecimento.
Claro que essa apresentação também foi memorável, afinal o show de luzes e pirotecnia foram toques geniais, fazendo o público se sentir parte do espetáculo, mas houve um erro: o setlist. Para dar lugar as músicas do novo álbum, alguns dos maiores hits foram sacrificados, o que decepcionou algumas pessoas. “Clocks”, “ Speed of Sound” e “In My Place” não entraram na lista e fizeram muita falta aos ouvidos dos fãs. Sem contar que a maioria do público não estava familiarizado com as novas músicas, o que fez parte dos presentes ficarem parados durante a execução.
Com o cenário permeado por muita tecnologia e um palco que ia até o meio da pista, a banda realmente agradou quem estava em todos os setores do Maracanã. Foram montados dois palcos onde os integrantes se movimentaram durante o show, que privilegiou a todos, sem distinção. Todos os fãs viram o Coldplay “ de perto” em algum momento do show, o que deu um toque muito especial a apresentação.
O Coldplay surpreendeu quando os integrantes apareceram em um palco menor, no meio da pista comum, do outro lado do Maracanã, sendo ovacionados e arrancando sorrisos de satisfação do líder Cris Martin – tocar para um Maracanã lotado é realmente um feito para pouquíssimos artistas. Bolas coloridas, que eram jogadas pra cima por quem estava na pista, e borboletas de papel também ajudaram a alavancar a energia do show, que tem uma produção excelente e à altura o sucesso do grupo.
O ponto alto da noite, sem dúvidas, foi quando a banda tocou “Viva La Vida”, onde um coro de vozes ecoou pelo Maracanã, que mais parecia um santuário diante de tamanha devoção ao momento. Com gritos de “Oh oh oh oh”, que sempre se iniciam antes da canção, o público fez questão de deixar claro que o Coldplay tem fãs muito fiéis pelo Brasil e que eles são sempre bem vindos na cidade. Outro fato que chamou a atenção foi que Cris Martin se esforçou e falou várias frases em português e solicitou que todos se abaixassem no estádio. durante a apresentação de “Charlie Brown”, o que foi atendido prontamente. Quando o vocalista mandou todos pularem parecia que o lugar viria abaixo com tamanha empolgação.
Como não podia ser diferente, a apresentação terminou com fogos e as luzes das pulseiras vibrando no ritmo da música, além de muitos aplausos para a banda, que realmente tem uma história inacreditável dentro do cenário musical mundial. Com muitos hits na bagagem, shows com uma infraestrutura para ninguém botar defeito, o Coldplay se tornou referência e uma banda de ponta, sempre mostrando muita energia e esforço para agradar seus fãs. Cris Martin foi claro no seu discurso final e agradeceu. “Muito obrigado Brasil. Com certeza, voltaremos em breve”, disse sorrindo o vocalista.
Empolgados, os fãs foram embora do estádio realmente parecendo uma torcida organizada. Todos caminhavam cantando “Viva La Vida”.
A tenda da discórdia
Os fãs foram quase unânimes na crítica – uma tenda montada para acomodar o equipamento de som da banda, no meio do gramado, atrapalhou a visão em vários setores. Pessoas que estavam na pista comum e nos setores inferiores reclamaram que não conseguiriam ver o show e que nada foi informado durante a venda sobre o espaço montado. A insatisfação foi geral e as pessoas se recusavam a sentar nas cadeiras sem visibilidade. Os seguranças tentavam, em vão, manter todos em seus lugares.
O resultado é que parecia que haviam vendido mais ingressos que lugares. No final, sem serem remanejados, os presentes assistiram, com os que já estavam em pé, o show das escadas dos setores, o que foi um ponto negativo para a organização do evento. Na pista, se formou um buraco atrás da tenda, pois não havia visibilidade.
O poonto extremamente positivo foi o transporte. O metrô, que foi o meio utilizado pela maior parte do público, funcionou muito bem, o que proporcionou uma chegada e uma saída tranquilas do Maracanã.
SETLIST
“A Head Full of Dreams”
“Yellow”
“Every Teardrop Is a Waterfall”
“The Scientist”
“Birds”
“Paradise”
“Everglow”
“Princess of China”
“Magic”
“Clocks”
“Midnight”
“Charlie Brown”
“Hymn for the Weekend”
“Fix You”
“Heroes”
“Viva la Vida”
“Adventure of a Lifetime”
“Kaleidoscope”
“Parachutes”
“Shiver”
“A Message”
“Amazing Day”
“A Sky Full of Stars”
“Up&Up”