CRÍTICA | Com boas atuações, ‘O Bar’ traz de volta toda a excentricidade do “terrir”

Bruno Cavalcante

Recentemente adicionado na plataforma de streaming Netflix, o filme “O Bar” (2017), dirigido pelo espanhol Álex de la Iglesia (“Las Brujas de Zugarramurdi”), rapidamente se tornou uma sensação entre os usuários da mesma.
O Bar” pode ser categorizado como um terror/comédia, ou “terrir” se preferirem, mas suas pretensões vão um pouco além do trivial e conseguem atingir níveis funcionais de estranhamento e colapso social. A trama se passa dentro de um bar (Ah, claro que sim!) nada sofisticado, onde seus personagens apresentam um quadro bastante peculiar, com características pertinentes a de uma sociedade capitalista qualquer.
O grande trunfo desta película se dá precisamente na diversidade de sexo, classe social e idade, um misto de opostos que em um certo momento da trama começam a se tornar o pontual chamariz da obra de Iglesia. A intenção de provocar e ao mesmo tempo tentar tirar um sarro de toda aquela situação sem sentido é nitidamente constante.

Na sinopse de “O Bar“, temos um grupo de pessoas que por motivos aleatórios decidem entrar dentro do estabelecimento localizado na cidade de Madrid. Todavia, em meio aos afazeres do cotidiano, o grupo se depara com o assassinato de um cliente que acabara de sair do local, baleado diretamente na cabeça. Pronto! O suficiente para que todos entrassem em pânico. Daí por diante começam as conspirações sobre o que poderia haver lá fora, se realmente existira qualquer assassino, ataque terrorista, queima de arquivo, ou qualquer outra explicação para o caos ali instalado.
E o recheio do filme acontece a partir daí, com inspirações nos clássicos do ‘terrir’ e ouso dizer também nos conflitos sociais presentes nas obras de Stephen King, como em “O Nevoeiro“. A intenção explícita de deixar os estereótipos expostos só fez reafirmar ainda mais a triste verdade de que, nós, seres humanos, somos capazes das piores atrocidades quando nos sentimos ameaçados.

Em meio a situações jocosas e outras estarrecedoras, o clima de “O Bar” se transporta do suspense para o terror a partir de intenções talvez um pouco fracassadas, com a inserção de uma atmosfera claustrofóbica suportada pela ambientação de um desagradável bueiro. Algo que creio que tenha sido um erro de intenção por parte do diretor Álex de la Iglesia, já que seus personagens careciam de uma personalidade um pouco mais robusta para tal.
No entanto, apesar da limitação dos estereótipos ali apresentados, as atuações foram magníficas como um todo. Grande parte do elenco aproveitado do excelente “Peles” (2017) de Eduardo Casanova e “Las Brujas de Zugarramurdi” (2013), trouxe um respiro aliviado para a produção de Iglesia. Carmen Machi mais uma vez esteve ótima em cena com sua triste e depressiva Trini; Jaime Ordóñez apareceu completamente irreconhecível interpretando o atrevido mendigo Israel; já Secun de la Rosa roubou a cena como o atendente Sátur. E o mais interessante é perceber a química entre todos em cena, supridos por um texto completamente eficiente criado por Jorge Guerricaechevarría e o próprio Iglesia.
Então, para você que está com o aplicativo da Netflix aberto neste momento e tem dúvida sobre qual filme assistir… Confira “O Bar“! Pois no mínimo você terá tido um bom entretenimento.
TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: El bar
Direção: Álex de la Iglesia
Elenco: Blanca Suárez, Mario Casas, Carmen Machi, Secun de la Rosa, Jaime Ordóñez, Terele Pávez, Joaquín Climent, Alejandro Awada, Jordi Aguilar.
Data de estreia: 30/03/17
País: Espanha, Argentina
Gênero: Terror, Comédia, Thriller
Ano de produção: 2017

Bruno Cavalcante

Meu nome é Bruno Cavalcante, sou formado em publicidade e propaganda, carioca, escorpiano, apaixonado pela vida e por cinema também. Meu gênero preferido é o terror, mas gosto e vejo de tudo um pouco.
NAN