CRÍTICA | Desfecho é a cereja do bolo de ‘O Dono do Jogo’
Everton Duarte
Qual o preço vida nos cobra quando um ser humano recebe o dom da genialidade? Nossa sanidade? Nossa saúde? Nossa família?
Essas são algumas das questões levantadas em O Dono do Jogo, que nos traz uma história baseada em fatos reais, sobre vida do enxadrista Bobby Fischer(Tobey Maguire). A trama principal do filme nos leva a 1972, onde o diretor Ed Zwick(O último Samurai e Diamante de Sangue) já nas primeiras cenas, nos apresenta Bobby Fischer no auge de seus distúrbios psicológicos, fazendo com que o filme já desperte a sua atenção para as questões inicias citadas acima.
Ed Zwick e o diretor de fotografia Bradford Young nos mantem envolvidos em uma linda fotografia e planos de filmagem, que conseguem transmitir aos expectadores a ansiedade vivida pelos milhões de norte-americanos, que torciam pela vitória de Bobby, o grande novo astro americano, sobre Boris Spassky(Liev Schreiber), um russo paranoico e narcisista, que detinha o título de campeão mundial de xadrez.
A disputa entre esses dois medalhões foi considerada pelos grandes mestres do xadrez como a maior partida de toda a história. Essa assídua batalha pela alcunha de campeão mundial ia além do tabuleiro de xadrez. Era uma batalha patriota, que no seu simbolismo retratava outra disputa, mas dessa vez política, a guerra fria, que era travada em paralelo e abordada de forma explícita no filme.
Tobey Maguire infelizmente não faz jus a difícil e dolorosa vida de Bobby. Existem momentos em que o ator claramente não consegue transmitir a emoção necessária em que a cena exigia. Outra atuação mal desenvolvida foi a de Evelyne Brochu no papel de Donna. Uma prostituta que foi introduzida como alívio cômico – e desnecessário a trama – que supostamente seria o primeiro afeto romântico de Bobby. As atuações de Lily Rabe no papel de Joan Fischer (irmã) e de Robin Weigert como Regina Fischer (mãe), são pontos fortes e notáveis ao longo da trama. Joan uma irmã que consegue tocar a sua vida em frente, mesmo a sombra de um gênio, mas nunca deixando de apoiá-lo, diferente de sua mãe, uma judia e comunista assídua, que lida com alter ego do filho de forma relapsa.
Por se tratar de um filme baseado em uma história real, Ed Zwick nos traz o desfecho esperado, mas de forma deslumbrante, com um momento que antecede os créditos, que com certeza, é a cereja do bolo desse longa reflexivo, e que de fato, vale a pena ser conferido.
Aprecie sem moderação.
FICHA TÉCNICA: