Crítica de Álbum | Pitty – Sete Vidas
Anderson Vidal
Após um hiato de quatro anos sem lançar músicas inéditas desde o single ‘Comum de Dois‘, parte do álbum ao vivo ‘A Trupe Delirante no Circo Voador’, Pitty se afastou de seu som tradicional e se aventurou em um formato acústico com o projeto ‘Agridoce’, ao lado do guitarrista Martin Mendonça. Mas para a alegria dos fãs e carentes do estilo que a consolidou, em verdade vos digo: A Pitty roqueira voltou!
E voltou em grande estilo, anunciou o retorno com lançamento de clipe, toda linda, toda dark, toda Pitty.
O quarto álbum de estúdio ‘Sete Vidas’, foi mixado nos EUA por Tim Palmer, conhecido por trabalhar com lendas como David Bowie, U2, Goo Goo Dolls e Pearl Jam.
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Sete vidas possui claramente uma carga emotiva bem forte, desde a primeira canção, Pouco (…sigo tentando sair do fundo, nado, não quero morrer…) e passando por todas as outras nove emblemáticas canções. O álbum foi gravado com formato ‘ao vivo’ em estúdio, tocando simultaneamente, proporcionando um tom bem mais cru que o normal.
Nos identificamos com a homônima Sete Vidas, não é tão racional, é o que é mesmo; o discurso, a postura, a sonoridade. O refrão insiste que “só nos últimos cinco meses, eu já morri quatro vezes, ainda me restam três vidas pra gastar”, em alusão às múltiplas vidas dos felinos. – inclusive, li pela internet que a gata que estampa a capa do álbum era a gata de estimação da Pitty, e que morreu dias depois da sessão de fotos.
Com isto em mente, fica bem mais fácil de entender Sete Vidas, não que seja necessário entender o álbum, pois a força das canções reside na poderosa junção das letras com os arranjos, misturados à enérgica voz da cantora. Mas mesmo assim é interessante perceber o sentido, não somente das palavras, mas dos títulos das canções. Em três dela há referências explícitas ao reino animal: a pesada Um Leão, Sete Vidas e a canção que fecha o álbum, a sensacional e melhor canção do disco, Serpente.
Serpente soa num primeiro momento bem estranha ao resto do álbum, com o uso de coral (também utilizado na ótima Lado de Lá) e ritmada com elementos africanos. Mas ao final de tudo a música é familiar aos ouvidos e apresenta uma Pitty que consegue dialogar com outros elementos musicais que não a guitarra, o baixo e a bateria. A música tem um potencial enorme dentro do disco.
Claro que há um jogo metafórico por trás destas canções, e essa perspectiva só reafirma o fato de Pitty ser realmente uma, não somente talento, mas inteligente compositora.
E quanto ao Tim Palmer, achei a mixagem feita por ele serviu para dar um toque elegante, conseguiu produzir um clima ‘rock pesado e adulto’ bem mais visível que os anteriores trabalhos dela.
Sete Vidas foi lançado no início do mês, e como habitual da Pitty, será um sucesso por trazer de volta as raízes roqueira da cantora. Estaremos na torcida.
– Um agradecimento especial ao meu amigo Igor Candido, fã da Pitty e que me ajudou a escrever esta crítica!