Aves de Rapina

‘Aves de Rapina’ | CRÍTICA COM SPOILERS

Pedro Marco

Perto de completar 10 anos do início de seu universo cinematográfico compartilhado, a DC parece finalmente estar conseguindo se estabilizar em grandes acertos contínuos. Fica nítida a condensação de seus acertos em uma única obra.

Vamos à formula: pegue a diversão calorosa de Shazam, junte com tudo o que deu certo em Esquadrão Suicida, tempere com o slow motion e a bela fotografia de Zack Snyder e finalize com a liberdade criativa de Coringa. Estes são os ingredientes de Aves de Rapina: Arlequina e sua Fantabulosa Emancipação (Birds of Prey: And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn).

https://www.youtube.com/watch?v=QHnUG_SIYYo&t=915s

O longa, desde o início, traz os prós e contras que o acompanharão até subir os créditos. No lado positivo, temos uma prova por A mais B que o problema de seu antecessor era grave.

O roteiro e a montagem, além daquela edição estilizada ao extremo, não funcionou lá, mas pode sim dar certo. Seja pela narração em off ou pela quebra da quarta parede. Também pela escolha de uma violência escrachada. Assim, o longa mostra mais do que nunca a larga influência que Deadpool causou no cinema de heróis.

ERROS E ACERTOS

Mas nem tudo são flores nesta colorida aventura da palhaça do crime. A mesma identidade visual que torna o filme apaixonante, esteticamente admirável e quase único é o que demonstra realmente quem é o seu público-alvo.

Se por um lado mostra grande violência, palavrões e consumo explícito de drogas, por outro, ele abraça a forma com que a personagem central cativou o público infanto-juvenil.

Aves de Rapina Arlequina crítica

Aves de Rapina mostra inserções de animações infantis, criando um laço entre uma criança e protagonista como a representação do público dentro da tela. Isso faz com que o filme seja uma constante onda de indecisão sobre pra quem ele vem sendo feito, onde a ausência das partes que subiram sua censura para 18 anos, não fariam falta ao roteiro.

Apesar deste filme de equipe feminina ser bastante inovador ao quebrar padrões de objetificação das personagens, não trazer interesses amorosos como ponto central, além de conseguir criar identidades visuais e pessoais complexas e interessantes para as personagens, ele, por outro lado, peca em erros simples e clichês.

Leia mais:

SE FOSSE NO BRASIL, QUEM GANHARIA ENTRE OS INDICADOS AO OSCAR 2020?
VELOZES E FURIOSOS 9 GANHA PRIMEIRO TRAILER: ASSISTA JÁ!

A escolha de Ewan McGregor como o vilão Máscara Negra em Aves de Rapina foi um enorme acerto. Seja pelo visual, pelos fetiches sádicos, pela pintura machista que o personagem constrói ou mesmo pelos característicos gritinhos que já o colocam no hall de grandes antagonistas da DC nos cinemas.

Contudo, por mais que a escolha da máscara seja algo bastante fiel ao material original e traga um visual interessante, o seu uso mínimo e injustificável se perde no roteiro, como uma limitação por não poder esconder muito o rosto do ator.

Estes pontos negativos se estendem ainda a outro fan service. No entanto, a introdução da hiena Bruce sem importância alguma para a trama acaba agradando aos fãs. Ainda assim, toma tempo de tela que poderia favorecer mais o desenvolvimento da equipe.

PERSONAGENS BEM APROVEITADOS

Em relação aos demais personagens, Victor Zsasz cumpre seu papel como mero capanga à sombra do vilão principal. Assim, a personagem de René Montoya abre finalmente o leque da GCDP nos cinemas de uma forma nova, mostrando o departamento como algo sujo e oportunista. Porém, com a possibilidade de um filme solo da personagem com outros policiais enfrentando grandes vilões de Gotham antes de sua aposentadoria no cargo.

Em Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa, o mesmo acontece com Canário Negro, que acaba trazendo parte de seu passado para uma futura aventura ao lado de um certo arqueiro verde. Por outro lado, Cassandra Cain e a Caçadora seguem quase como coadjuvantes do grupo principal, onde a pequena ladra encerra seu arco como a Sidekick de Arlequina, enquanto a assassina da besta ganha um visual mais próximo aos quadrinhos e encerra seu arco de vingança.

Aves de Rapina Arlequina

Mas, claro, não daria para não citar a emancipação da Doutora Harley Quinzeel (Arlequina) ao se unir ao grupo composto por atores dos filmes da concorrência.

Apesar de ter interpretado outras grandes personagens únicas em 2019, Margot Robbie veste a camisa e o taco da anti-heroína Arlequina de forma muito impressionante e de assinatura admirável. Assim, seja na construção da fala acelerada, no andar ao mesmo tempo feminino e ameaçador, ou nas acrobacias circenses, a criação de Robbie manterá por muito tempo esse universo vivo, mesmo que paralelo aos de Matt Reeves e Todd Phillips.

E O QUE ACHAMOS?

Por fim, Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa, por vezes, beira o sadismo de seu antagonista de forma divertida. Há um suave toque de humor negro, uma trilha sonora divertidíssima com grandes clássicos do rock com vocalistas do sexo feminino. Junte isso às coreografias de luta de tirar o fôlego de Arlequina e seu grupo e situações absurdas de arrancar boas risadas.

Ademais, o longa é um sopro de esperança para o universo do Batman sem o Batman. Também é um tremendo epílogo para o vindouro novo Esquadrão Suicida, além de delicioso corretivo do primeiro filme do grupo.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Birds of Prey: And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn
Direção: Cathy Yan
Elenco: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollett-Bell, Rose Perez, Chris Messina, Ella Jay Basco, Ali Wong, Ewan McGregor.
Distribuição: Warner Bros
Data de estreia: quarta, 05/02/20
País: Estados Unidos
Gênero: Ação
Ano de produção: 2019
Duração: 116 minutos
Classificação: 16 anos

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
NAN