Crítica de Filme | 12 Anos de Escravidão

Larissa Barros

Se você tem estômago fraco e não consegue ver sofrimento e atrocidade, é melhor passar longe desse filme. Justamente por passar tanta realidade e credibilidade, é que 12 Anos de Escravidão seja um filme tão bom e merecedor de ter sido indicado ao Oscar, e de ter recebido o prêmio de melhor filme de drama no Golden Globe Awards.

O filme baseado em fatos reais, relatos do livro escrito por Solomon Northup, conta a história (mais apropriado seria o calvário) do mesmo, interpretado pelo ator Chiwetel Ejiofor. Um escravo já liberto, que vivia em Nova Iorque com sua esposa e seus dois filhos. Solomon, que levava um vida tranquila ao lado de sua família e alternava nas atividades de carpinteiro e violinista, é traído pelo próprio talento na música, e no ano de 1841 é sequestrado, obrigado a viver com um escravo e trabalhar em uma plantação no estado de Lousiana.

platt

Separado de sua família e sem direito a recorrer por sua liberdade, Solomon Northup recebe dos vendedores de escravos o nome de Platt, sem alternativas e lutando por sua sobrevivência, o mesmo incorpora o personagem e começa a viver uma vida que não lhe pertence. Tendo de passar 12 anos vivendo uma mentira e escondendo ser um homem estudado e inteligente, Solomon recebe em sua pele as piores marcas que um ser humano é capaz de suportar. Tendo sua confiança traída algumas vezes, Solomon ou Platt, não perde a esperança de arrumar uma maneira de avisar sua família do ocorrido e clamar por salvação.

A notável atuação de Lupita Nyong’o na personagem da doce e corajosa Patsy, é mais uma das digníssimas indicações ao Oscar de melhor atriz coadjuvante.

O filme dirigido por Steve McQueen, instiga os sentimentos mais perturbadores, impossível permanecer indiferente a história de sofrimento vivida não apenas por Platt, mas por todos os escravos que fazem parte da trama. O que torna tudo ainda mais revoltante, é saber que não foi algo produzido apenas para a ficção e que todas as condições subumanas as quais eram submetidos os negros, aconteceram realmente. Numa época onde a única lei que existia era a lei dos homens brancos.

12 Anos de Escravidão se torna grandioso e necessário, por não ter medo de críticas quanto a exposição da brutalidade e da falta de amor e compaixão existente nos homens brancos daquela época. Por ser um dos poucos filmes que relatam os acontecimentos do período escravocrata e não a adaptação dos negros e brancos na sociedade após a abolição. Por não ser um filme essencialmente comercial, se torna uma obra-pima.

Torturas, ameaças, abuso sexual e exploração são elementos constantes no desenvolver do filme. Atuações seguras e certeiras de Chiwetel Ejiofor, Lupita Nyong’o e Michael Fassbender, dão o toque especial na história. 12 Anos de Escravidão é pra quem gosta de filmes necessários, perturbadores, emocionantes e viscerais.

Seu enredo é tão eloquente, que Brad Pitt, o ator mais conhecido no elenco, se faz desnecessário. Pertinente apenas para justificar os valores gastos na produção.

BEM NA FITA: Absolutamente tudo.
QUEIMOU O FILME: Nada.
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FICHA TÉCNICA:
Diretor: Steve McQueen
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Benedict Cumberbatch, Paul Dano, Garret Dillahunt, Paul Giamatti, Scoot McNairy, Lupita Nyong’o e Brad Pitt.
Produção: Brad Pitt, John Ridley, Jeremy Kleiner e SteveMcQueen.
Roteiro: John Ridley
Ano: 2014
Duração: 2h13m
Estréia: 21/02/2014

Larissa Barros

Queria escrever tudo o que sou, mas ainda não sou tudo o que quero.
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