Crítica de Filme | 13º Distrito

Giselle Costa Rosa

13º Distrito é mais um filme de ação recheado de clichês. Neste caso, uma refilmagem da produção francesa de 2004, “B13 – 13º Distrito”, lançada direto nas locadoras no Brasil, que teve continuação, “Banlieue 13 – Ultimatum”. A diferença aqui é a participação do ator Paul Walker em seu último filme, antes do fatídico acidente de carro que tirou sua vida.

Assim, temos na história um protagonista – o policial infiltrado Damien Collier (Paul Walker), que se juntará a Lino (David Belle) – meio bandido, meio mocinho, contra um antagonista do mal – o traficante Tremaine Alexander (o rapper Robert Diggs, mais conhecido como RZA). Juntos Damien e Lino irão resolver suas questões pendentes com Tremaine através de poucas palavras e muita força física.

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O cenário é a cidade de Detroit onde um muro colossal foi construído para conter e isolar a área periférica do resto da cidade devido aos altos índices de violência, ou seja, rola muito tiro, sangue, luta e algumas mortes – a velha fórmula já manjada das produções de ação.

E qual é a questão a ser resolvida? Pois bem, um artefato militar de altíssima periculosidade é sequestrado enquanto era transportado com ínfimo aparato de segurança. Quem aí não desconfiaria que por debaixo desse angu teria caroço? Só o mocinho não se dá conta disso e envolve-se numa cruzada arriscando sua vida em prol do Estado. Mas não só isso. Ele foi movido também pela sede de justiça. Confrontar o homem que, além de sequestrar o artefato, supostamente matara seu pai durante uma missão policial, era fator de honra. Espere o de sempre de Paul Walker que faz a mesma linha de outros personagens que viveu no cinema, inclusive dirigindo um carro em alta velocidade nas cenas de perseguição automobilísticas. Lino busca resgatar sua (ex)namorada das garras do traficante Tremaine.

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As cenas de luta são legais, bem ensaiadas. Camille Delamarre, em seu primeiro longa como diretor, foi eficiente. Lino, francês descolado, luta se utilizando do parkour que tem como princípio se mover de um ponto a outro o mais rápido e eficientemente possível, utilizando-se das habilidades do corpo humano para superar obstáculos de qualquer natureza no ambiente urbano. David Belle, no papel do francês, é o criador do esporte parkour. Ele também atuou no filme que deu origem ao remake no mesmo papel. Damien investe no clássico. Aplica aquilo que aprendeu na academia de polícia. O interessante no filme foi lançarem mão do personagem de Lino para flexibilizar o policial “quadradão”.

Mesmo tendo objetivos diferentes os dois são obrigados a juntar forças por conta das circunstâncias, trabalhando em conjunto para chegarem até Tremaine. O roteiro não traz surpresas, mas tenta explorar um lado sociopolítico das grandes metrópoles.

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O enredo mostra que nem tudo o que parece é realmente do jeito que se apresenta. Busca até trazer uma reflexão sobre o abandono do Estado às demandas da periferia. Além disso, não resume o traficante como “mau”. Tremaine sabe exatamente o papel dele naquele lugar e justifica seu trabalho na ausência do Estado nas áreas de educação, saúde e moradia. Independente de estar certo ou não, no final das contas, só há um inimigo a ser combatido: a corrupção em todas as suas esferas. E se está tudo errado, que a limpeza se inicie por onde existe mais sujeira, na política. Para os fãs do gênero de ação policial serão minutos de entretenimento válidos.

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BEM NA FITA: A tentativa de inserir uma reflexão sociopolítica natrama e plasticidade das cenas de luta.

QUEIMOU O FILME: roteiro com diálogos fracos e personagens sem profundidade.

Confira o trailer:

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FICHA TÉCNICA:

Título original: Brick Mansions
Direção: Camille Delamarre
Roteiro: Luc Besson
Elenco: Paul Walker,David Belle, RZA, Catalina Denis, Robert Maillet
Produção:  Luc Besson
Gênero: Ação
País: França / Canadá
Ano: 2013

Giselle Costa Rosa

Integrante da comunidade queer e adepta da prática da tolerância e respeito a todos. Adoro ler livros e textos sobre psicologia. Aventuro-me, vez em quando, a codar. Mas meu trampo é ser analista de mídias. Filmes e séries fazem parte do meu cotidiano que fica mais bacana quando toco violão.
NAN