Crítica de Filme | A Entrevista

Stenlånd Leandro

Não ha nada mais complicado que tentar descomplicar um filme complicado. É sério isso e vou tentar explicar a razão de uma forma amena:

Para aqueles que andam antenados na web e até mesmo em seus respectivos canais de noticias, sabem que no último mês, divulgou-se que os computadores do estúdio Sony Pictures foram invadidos por hackers. Eles roubaram e disponibilizaram dados privados e filmes ainda não lançados na internet, e ainda ameaçaram explodir as salas de cinema que exibissem A Entrevista (será que vão explodir o Blah pela crítica? Quem sabe!), cuja estreia estava marcada para o dia de Natal.

A chantagem primeiro levou a Sony a cancelar o lançamento do filme (até eu cancelaria), mas ai veio o supremo senhor presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a público dizer que o estúdio errou e que os EUA não devem ceder à censura e então a Sony acabou voltando atrás lançando A Entrevista na tarde do dia 24, em exibições pagas pela web e, no dia 25, num circuito de cinemas independentes dos EUA.

aentrevista2O longa estreou exatamente em 331 cinemas nos EUA e também em grandes serviços online, como YouTube e Xbox Video, mas isso não o impediu de ser um sucesso de pirataria.

A história dos dois jornalistas que tentam assassinar o famoso Kim Jong-un, pseudo ditador objetivista da Coreia do Norte, ganhou um humor um tanto quanto exagerado, grotesco e que relata o retrato do líder supremo passando a ser um longa mais medíocre do que de costume. Enfáticos no quesito de mencionar que Kim seria o Hitler moderno, o filme vai destoando e muito. Momentos sem noção e pra lá de insanos fazem com que uma possível ameaça direta ao ditador se torne mais uma piada americana do que um filme interessante.

No meio de todo o imbróglio envolvendo o tititi, o bafafá, o mimimi, a fechadíssima Coreia do Norte e A Entrevista existe um efeito psicológico que chega a ser bizarro quanto a natureza humana: se algo é proibido, banido ou censurado, a vontade e expectativa inevitavelmente em torno do objetivo, consequentemente vai aumentar, correto?

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O longa é totalmente centrado na imagem satírica — e, por que não dizer — preconceituosa que a mídia ocidental (EUA à frente) faz da Coreia do Norte e da família Kim. Não que Jong-un não faça por merecer as críticas que recebe: aos 31 anos, no cargo de líder supremo da Coreia do Norte desde dezembro de 2011, quando seu pai morreu. Mas o infeliz já ameaçou  com ataques nucleares os EUA e a vizinha Coreia do Sul. Mas o filme de Seth Rogen sugere que o ditador seria visto por seus conterrâneos como um deus que não tem medo, pois não precisa. Ainda de acordo com A Entrevista, os norte-coreanos passariam fome e o governo manteria campos de concentração para aprisionar os inimigos do regime.

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O que de fato pode-se afirmar é que, se Barack Obama teve acesso ao longa antes de toda a Terra, ele com certeza riu da insignificância que este longa traz. Começando por James Franco e sua atuação mequetrefe que pior não consigo lembrar. Enquanto isso, a produção acerta em cheio o tom debochado de seu humor se formos analisar a direção tomada quanto às piadas e críticas ao opressor em vez de fazer jocosidade com o oprimido, o roteiro se sobressai onde a maioria dos comediantes de hoje em dia erra. É muito bom quando os realizadores têm consciência e sabem fazer piadas consigo mesmo antes de apontar o dedo aos outros. Mas, ainda assim, o filme é intensamente desonesto e expansivo no quesito exagero.

Seth Rogen e Evan Goldberg foram infelizes no lançamento deste apetrecho distorcido. Não vale muito a pena falar sobre o longa, afinal, ainda que seja forçado a dar migalhas de seus famosos spoilers provindos deste longa, não há um filme consistente. O famoso roteiro tem muitos furos, inclusive de fatos relativos a um dos países mais fechados do mundo e seu ditador.

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A Entrevista, por fim, não é tão engraçado quanto pensava e a imagem dos Estados Unidos acaba ficando tão complicada e manchada quanto da famosa Coreia do Norte.

BEM NA FITA: O Uso do idioma original Norte Coreano em alguns trechos do filme. A Atuação de Randall Park é melhor que de James Franco e Cia.

QUEIMOU O FILME: O teor de paródias e setores cômicos são por demais exagerados e não deixam o filme brilhar como deveria, soando forçado demais.

FICHA TÉCNICA:

Título: The Interview (Original)
Ano produção: 2014
Dirigido: Evan Goldberg, Seth Rogen
Estreia: 25 de Dezembro de 2014 (mundial)
Duração: 111 minutos
Gênero: Comédia

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
NAN