Crítica de Filme | Amor, Drogas e Nova York
Demétrius Carvalho
O filme começa com uma trilha sonora cheia de sintetizadores e uma edição de imagens que procura transmitir o caos pelo que o casal Harley (Arielle Holmes) e Ilya (Caleb Landry) vivem. Um clima de “Laranja mecânica” é instaurado no ar, mas não se engane. O longa não se parece com a famosa obra e tem vida própria.
O filme dirigido pelos irmãos Safdie (Ben e Josh) não é nada confortável. Pelo contrário. É duro e indigesto ao apresentar a relação doentia de Harley e Ilya que vivem à margem da sociedade de Nova York e perambulam de um lado para o outro da cidade sempre gravitacionando em volta da heroína. Um amor caótico e doentio, em uma cidade igualmente conturbada embalada pela heroína e o acaso em personagens completamente voláteis, abrindo espaço para outros parceiros, amigos drogados, brigas e tentativas de suicídio.
Perdeu o fôlego? Achou que os irmãos exageraram na dose? Calma que ainda da para piorar essa sensação com as tomadas dos irmãos Safdie que parecem te colocar dentro das cenas perambulando atrás dos atores em meio à pessoas normais em tomadas no meio da rua somado à trilha que pode assumir ares de metal industrial (algo como Rammstein aos desinformados). Os americanos que já apresentaram “The Pleasure of Being Robbed” e “Traga-me Alecrim” fogem da estética de Hollywood e parecem flertar com a Europa.
Não se convenceu da película dos irmãos? Achou que eles realmente exageraram? Aí então vem o xeque-mate da dupla. Arielle Holmes interpreta a si mesmo depois de motivada à escrever um livro de memórias de sua vida intitulada “Mad Love in New York City”.
Resumindo. Corra para a sala mais próximas e comprove o que é uma vida sem rotinas em Amor, Drogas e Nova York.
FICHA TÉCNICA