Crítica de Filme | Anjos da Lei 2

Giselle Costa Rosa

A continuação do filme Anjos da Lei, derivado da série homônima, que foi exibida entre 1986 e 1991, traz o teor das comédias mais ácidas, longe do politicamente correto, como o utilizado em “Se beber, não case”.

O filme começa tirando sarro da própria produção através de uma recapitulação do que aconteceu na produção anterior, como se fosse uma série televisiva. Continua na paródia ao mostrar os chefes ordenando que a dupla de policiais façam a mesma coisa da última missão, e o próprio título original da continuação, 22 Jump Street, brinca com o anterior “21 Jump Street”, endereço da antiga sede da divisão policial. A máxima é fazer piada de si mesmo e trazer referências satíricas de outros filmes.

Se antes a missão ocorreu em uma escola de ensino médio, agora eles partem para uma investigação policial em uma universidade. Disfarçados novamente de irmãos Doug e Brad McQuaid, eles irão atrás do fornecedor de drogas local. Desta vez o atlético Jenko/Brad será o popular, participando do time de futebol e o Schmidt/Doug fará o papel do nerd, invertendo a configuração da primeira produção.

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A química da dupla de tiras formada por Schmidt (Jonah Hill) e Jenko (Channing Tatum) foi muito mais explorada neste longa. O roteiro, assinado por Michael Bacall, é raso em termos de trama policial e coloca a relação da dupla em um patamar, digamos homoafetivo, sem sê-lo; o chamado “bromance”. E claro, tira sarro disso. O relacionamento deles passam por brigas, ciúmes, ameaças de ruptura e reconciliação final digna das comédias românticas hollywoodianas. Rola até uma terapia de casal.

As cenas de ação estão lá, mas não são nada demais. O que não dá trégua mesmo são as piadinhas. Quase não se tem tempo para respirar. Destaque para as cenas com o capitão Dickson (Ice Cube), com espaço maior nesta trama, ele é ponte para a dupla de policiais deitar e rolar. A bela atuação de Cube garante sequências de risadas contínuas. Sem dúvida Hill e Tatum funcionam bem juntos. Sem apelar para caretas, a força cômica está no diálogo e no talento da dupla. Hill, que atuou em “É o Fim”, “O Lobo de Wall Street”, mostra-se consistente, creditando até certa profundidade ao personagem.

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Os diretores Phil Lord e Christopher Miller apostaram tudo na autoparódia, lançando mão até de cenas construídas de forma tosca, além de transformarem os créditos finais em uma última sequência hilariante do longa.

Não fazer um remake seguindo a linha drama policial, e sim apostando na produção cinematográfica da comédia, parece ter sido o caminho mais acertado. O belo retorno financeiro conseguido pela primeira produção se repetiu na continuação nos EUA.  Anjos da Lei 2 utilizou as paródias de forma inteligente e bem sincera. Será que existe uma continuação no porvir?

BEM NA FITA: o belo entrosamento e química da dupla Jonah Hill e Channing Tatum e a autoparódia feita durante todo o filme.

QUEIMOU O FILME: roteiro fraco em termos de ação policial.

FICHA TÉCNICA:
Título Original: 22 Jump Street
Diretor: Phil Lord e Christopher Miller
Elenco: Jonah Hill, Channing Tatum, Ice Cube, Peter Stormare, Amber Stevens, Wyatt Russell, Nick Offerman, Rob Riggle
Roteirista: Michael Bacall
Gênero: Comédia , Ação , Policial
Duração: 1h52min
País: EUA

Giselle Costa Rosa

Integrante da comunidade queer e adepta da prática da tolerância e respeito a todos. Adoro ler livros e textos sobre psicologia. Aventuro-me, vez em quando, a codar. Mas meu trampo é ser analista de mídias. Filmes e séries fazem parte do meu cotidiano que fica mais bacana quando toco violão.
NAN