Crítica de Filme | Cinco Graças
Melyssa Lopes
Dirigido e escrito por Deniz Gamze Ergüven,em paceria com Alice Winocour no roteiro, o filme Cinco Graças classificado como drama, narra a história das cinco irmãs órfãs criadas com rigor e restrições pela avó e o tio através do olhar de Lela, a mais nova.
O filme é ambientado na Turquia na parte mais oriental e objetivamente demonstra o lado “ultrapassado” dos costumes e do modo de pensar em relação ao ocidente. Já nos primeiros 10 minutos é perceptível o paralelo entre a inocência genuína da infância / pré-adolescencia das protagonistas e a imposição de uma realidade que mesmo as cercando, não as pertence.
Outras questões como abuso, depressão, a interrupção de uma fase e o começo prematuro de outra, como o casamento, são abordadas no decorrer da trama., e mesmo se tratando de temáticas sérias, a abordagem beira a ingenuidade quando, por exemplo, após serem corrigidas pela avó por terem se masturbado no pescoço dos meninos (quando na verdade estavam apenas brincando de “briga de galo” na praia), Lela corre para o quintal e tentar queimar uma cadeira alegando ser impura por tocar em suas bundas. Essa sutileza certeira é constante em outras cenas, como na sequencia em que as irmãs passam dias presas dentro de casa sendo treinadas para um futuro casamento, e aos intervalos mergulhavam em seus edredons como apenas crianças que inegavelmente eram.
A cumplicidade entre as cinco, a tentativa de demonstrar amor à sua maneira e de forma frustrante da avó, as incoerências morais do tio, a pequena amizade de Lela com o motorista de estrada, e ótimas sequências de alívio infinitamente cômicos fazem do filme uma maravilhosa e tocante história. A leveza é tamanha, que pela qualidade do que está sendo contado é capaz de justificar a ausência de uma trilha sonora e fotografia dignamente memoráveis.
É entretenimento e objeto de debate. Uma obra bonita e fiel na sua proposta.
FICHA TÉCNICA