Crítica de Filme | Exorcistas do Vaticano

Cadu Barros

Os filmes de exorcismo viraram febre em Hollywood nos últimos anos. O apelo sobrenatural unido a temas religiosos vêm gerado diversos filmes que seguem uma fórmula consagrada pelo clássico “O Exorcista”, de 1973: um representante da igreja é encarregado de expulsar o demônio que se apossa do corpo de uma alma inocente. Algumas dessas obras costumam até usar do pretexto de serem baseadas em fatos reais para atrair mais atenção e credibilidade a um subgênero do terror que não é muito bem visto pelos cinéfilos, mas que, sim, promove alguns resultados interessantes. Estreia neste fim de semana o mais novo exemplar dessa categoria: “Exorcistas do Vaticano”. Porém, ao contrário de produções recentes como “Livrai-nos do Mal”, o filme de Mark Neveldine (da divertida ação Adrenalina) assume-se desde o início como uma pura obra de ficção, cujo único objetivo é entreter. E, sim, ele atinge seu objetivo.

Logo no início da projeção, somos brevemente apresentados aos representantes do Vaticano que irão investigar o caso de possessão, e depois passamos a acompanhar a bela Angela Holmes, interpretada por Olivia Taylor Dudley, sósia talentosa de Kristen Stuart. Após cortar o dedo acidentalmente, a jovem é possuída por um espírito poderoso, que passa a causar danos para quem está em sua volta.VT_D016_1809.NEF

Os dois primeiros atos são irregulares. Temos cenas marcantes, como a que ocorre em um manicômio, e outras vergonhosas, como a festa de aniversário em que acontece a possessão, repleta de diálogos mal construídos e atuações ruins, principalmente do namorado da protagonista, vivido pelo péssimo John Patrick Amedori.

Porém, o clímax – a obrigatória cena de exorcismo – vale o ingresso, já que apresenta momentos de pura tensão que fazem o público se segurar na poltrona. Toda a sequência é extremamente bem executada, e a performance tremendamente convincente de Dudley colabora bastante para a assustadora sequência final.  O veterano Peter Andersson, que interpreta o cardeal exorcista, é outro destaque do elenco, e consegue transmitir todo o conhecimento e a determinação que o personagem deveria possuir. Seu assistente, interpretado pelo ótimo Michael Peña, é o coração do filme, já que ele quem testemunha toda a transformação pela qual a protagonista é submetida. O restante do elenco, com exceção do já citado Amedori, não compromete. Dougray Scott, o pai da garota, surpreende com uma performance absolutamente sensível, e o excelente Djimon Hounsou com certeza será melhor aproveitado na sequência, sugerida ao final da obra.

Portanto, “Exorcistas do Vaticano” é mais um bom filme de exorcismo, que cumpre o que promete e ainda apresenta surpresas interessantes. Está longe de representar um novo clássico, mas com certeza ficará na mente do público por uns dias, pelo menos.

FICHA TÉCNICA

Gênero: Terror
Direção: Mark Neveldine
Roteiro: Christopher Borrelli
Elenco: Alex Sparrow, Bruno Gunn, Cas Anvar, Daniel Bernhardt, Djimon Hounsou, Dougray Scott, John Patrick Amedori, Kathleen Robertson, Mel Fair, Michael Paré, Michael Peña, Noemi Gonzalez, Olivia Taylor Dudley, Peter Andersson, Tehmina Sunny
Produção: Chris Cowles, Chris Morgan, Gary Lucchesi, Tom Rosenberg
Fotografia: Gerardo Mateo Madrazo
Montador: Eric Potter

Cadu Barros

Cineasta e jornalista, já dirigiu curtas premiados e trabalha há 10 anos em televisão. Cinéfilo desde criança, é fanático por Star Wars, e inclusive já realizou um fan film da saga. Apesar de ter clara preferência por filmes de ficção científica, fantasia e adaptações de quadrinhos, Cadu curte tudo quanto é tipo de filme, desde este seja bem-sucedido em sua proposta narrativa.
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