Crítica de Filme | Grandes Olhos

Gabriel Meira

Tim Burton vem recebendo muitas críticas negativas pelos seus últimos filmes, onde até mesmo fãs se decepcionaram com a falta de qualidade. Mas a carreira do diretor é marcada por grandes obras como “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas” , “Edward Mãos de Tesoura”, “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, logo, estamos sempre esperando que ele volte à sua melhor forma. Grandes Olhos (Big Eyes) talvez esteja trazendo uma nova fase de Tim, onde toda a sua forma de fazer cinema é perceptiva, porém sem os seus comuns – e agradáveis – exageros, ou talvez ele só tenha diminuído esses excessos por se tratar de uma cinebiografia.

O filme narra a história real de Margaret Keane (Amy Adams), uma pintora de grande sucesso da década de 50, quando retratava crianças com grandes olhos. Após se divorciar de seu primeiro marido, algo incomum naquela época, ela se casa com Walter Keane (Cristoph Waltz) , que começa a assinar os quadros, alegando que, desta forma, seria mais rentável comercialmente. A situação sai do controle, eles se separam e a mulher entra na justiça contra o marido reivindicando a autoria dos grandes olhos.

Margaret Keane e seus "grandes olhos"

Margaret Keane e seus “grandes olhos”

Grandes Olhos é o melhor trabalho de direção de Burton nos últimos anos. Os planos se encaixam perfeitamente após os cortes e a simetria utilizada, talvez para remeter aos próprios quadros, nos fazem ter a sensação que estamos sempre diante de uma tela de pintura. As cores vibrantes e bem definidas que simbolizam o diretor também ajudam a remeter a esta sensação. Ficamos na dúvida se atribuímos as belas cores do filme à fotografia ou à colorização na pós-produção, porém as nuances são tão sutis que carregam não apenas a superficialidade de uma colorização como todo o realismo único da fotografia.

Quando o cineasta foge da sua parceria que chega a ser quase uma sociedade com Johnny Depp, desconfiamos se pode realmente dar certo, mas, ao sabermos quem são os protagonistas, perdemos este receio antes mesmo de assistir ao filme. Amy, que cada vez mais firma seu nome na bancada das grandes atrizes hollywoodianas, com uma suavidade impecável, traz todas as sensações ao espectador de dentro para fora, ao contrário de Cristoph Waltz, que executa estas sensações de fora pra fora, porém de acordo com o que pedia seu personagem, entregando momentos de humor debochado ao longa.

Cristoph Waltz e Amy Adams: Johnny Depp não faz falta em um filme de Tim Burton

Cristoph Waltz e Amy Adams: Johnny Depp não faz falta em um filme de Tim Burton

Grandes Olhos nos traz novamente o melhor do diretor excêntrico, mas de forma diferenciada. É possível enxergar todas as suas características, porém, desta vez, de uma forma sutil, contando uma história real sem parece uma obra literária dentro do cinema, mas sim uma cinebiografia. As atuações nos fazem permanecer imersos, mesmo quando o longa perde um pouco de seu ritmo. Amy Adams conquistou o Globo de Ouro como Melhor Atriz e já figura entre as melhores atrizes da década. O filme entrega o que nos é prometido e nos mantém durante toda a película da mesma forma que o seu título.

BEM NA FITA: Cores do filme; fotografia e colorização trabalhando em harmonia.

QUEIMOU O FILME: Quebra de ritmo na virada do longa.

FICHA TÉCNICA:

Gênero: Drama
Direção: Tim Burton
Roteiro: Larry Karaszewski, Scott Alexander
Elenco: Aaron Craven, Adam Reeser, Alan MacFarlane, Alex Anstey, Amy Adams, Amy Esterle, Andrea Bucko, Andrew Airlie, Ariel Hart, Barclay Hope, Bomber Hurley-Smith, Bulat Nasibullin, Casey T. Evans, Christina Myers, Christine Reade, Christoph Waltz, Connie Jo Sechrist, Danny Huston, David Edward, David L. Schormann, David Milchard, Delaney Raye, Desiree Zurowski, Dwight Taylor, Dyendis Davis-Jones, Dylan Kingwell, Elisabetta Fantone, Eliza Norbury, Emily Bruhn, Emily Fonda, Farryn VanHumbeck, Fiona Vroom, Guido Furlani, Heather Doerksen, Ian Paterson, Jaden Alexander, James Saito, Jason Schwartzman, Jill Morrison, Jock Armour, Joe Bravo, Jon Polito, Julie Johnson, Kari-Ann Wood, Krysten Ritter, Kurt Cotton, Laryssa Troniak, Lear Howard, Leela Savasta, Madeleine Arthur, Matthew Hoglie, Matthew Kevin Anderson, Michael A. Lilly, Norman Krüsmann, Oliver Drawson, Peter Dwerryhouse, Peter Kelamis, Pomaika’i Brown, Raj K. Bose, Ran Wei, Rick Mischke, Robert Gagne, Ryan Else, Sandy Ritz, Scotty Wood, Stephanie Bennett, Steven Wiig, Terence Stamp, Thomas Potter, Tony Alcantar, Tony Grat, Traci Toguchi, Travis michael Myers, Vanessa Ross

Produção: Larry Karaszewski, Lynette Howell, Scott Alexander, Tim Burton
Fotografia: Bruno Delbonnel
Montador: JC Bond
Trilha Sonora: Danny Elfman
Duração: 106 min.
Ano: 2014
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 29/01/2015 (Brasil)
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Electric City Entertainment / Silverwood Films / Tim Burton Productions / Weinstein Company, The
Classificação: 14 anos

Gabriel Meira

Formado em cinema e apaixonado por todo tipo de arte, assiste de tudo, mas tem suas preferências pelos filmes que trabalham com o psicológico. Acredita na evolução do cinema nacional, assim como sua influência na educação.
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