Crítica de Filme | Gravidade

Anderson Vidal

Pra começar, sou muitíssimo suspeito para escrever qualquer coisa sobre um filme de Alfonso Cuarón, que acompanho desde o seu excelente trabalho em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, e com Sandra Bullock, que acompanho desde que me entendo por gente.

Gravidade já vem sido aguardado por mim há muito tempo, quando surgiram as primeiras notícias falando que Bullock, junto a George Clooney, fariam um filme sobre astronautas, ainda nem havia muitas informações sobre, mas só em juntar Bullock e Clooney num filme espacial, já causou curiosidade, ainda mais não sendo um gênero adotado constantemente por Bullock.

Derramar elogios sobre Gravidade já está ficando uma coisa chata, uma vez que o filme está agradando os críticos e o público aos quatro cantos do mundo, mas não tem o que se falar sobre o filme a não ser “Gravidade é espetacular”.

O filme não é de perder tempo em já começar a mostrar para a que veio, apensar de um longo take em silêncio no início com a visão apenas da terra, e a partir daí já vimos Bullock e Clooney no espaço fazendo o seu trabalho. Algo interessante em Gravidade é não nos apresentar aos personagens antes de toda a ação, para que o espectador possa se identificar ou sentir afinidade por eles, mas acredito que Sandra e George já tem carisma o suficiente para dispensar essa apresentação, a não ser que façam um vilão ou algum personagem mais complexo, mas aqui, em meio a ação, já identificamos que Matt (Clooney) é um brincalhão, contando suas histórias sobre mulheres e diversão, e que a Dra Ryan (Bullock) é uma mulher com ressentimentos, fria, focada em seu trabalho.

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E logo em seguida já recebem a noticia para abandonarem o que estão fazendo e saírem daí, pois destroços no espaço estão em sua direção, e é ai, cerca de apenas dez minutos de filme, que Alfonso já nos prende a nossa atenção para nos soltar apenas 90 minutos depois.

A ação a seguir é fenomenal, a ponto de agarrarmos na cadeira do cinema com a aflição em ver os destroços colidindo na estação espacial na qual estão Ryan e Matt, e em nos deparar com Ryan completamente desesperada ao estar agarrada no equipamento da nave, sendo jogada para todos os cantos, até conseguir se soltar e girar inúmeras vezes em direção a nada, perdendo-se completamente no espaço.

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Nesse momento, Alfonso nos coloca na visão de Ryan, dentro de seu capacete e sentimos o desespero que ela está tendo. Numa atuação perfeita de Bullock, que apenas com a sua respiração nos deixa tão perdidos e desesperados quanto ela. Enquanto tenta algum tipo de contato com qualquer pessoa que seja no meio do espaço e com o oxigênio abaixo de 10%.

Gravidade é, sem dúvida, o melhor filme de 2013. É inteligente, é interessante, é claustrofóbico, é delirante, é incrível. E quando menos percebemos os 90 minutos se passaram e temos um ótimo desfecho para o filme.

O recurso do 3D é um show a parte, tanto na profundidade de campo com os personagens e o planeta Terra no fundo, quanto nas várias cenas em que destroços atinge a personagem de Bullock e damos pulo da cadeira com alguns desses destroços nos atingirem. Sua trilha sonora, que ficou ao encargo de Steven Price, que é responsável por trilhas como Batman Begins e O Senhor dos Anéis, é outro destaque ao filme. E curiosamente, a trilha sonora atingiu o Top 20 no Itunes EUA, de tão boa.

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O filme já se encontra cotado para concorrer ao Oscar, por mais que Alfonso ache prematuro falar sobre isso agora, mas é fato que Gravidade já concorrerá, e tem grandes chances em levar pra casa o Oscar nas partes técnicas, os efeitos, o som, é tudo muito realista, a ponto de um jornalista fazer essa pergunta ao Alfonso, em como foi gravar no espaço. Sandra Bullock, que carrega 80% do filme sozinha, também tem grandes chances de concorrer a melhor atriz, por mais que a academia não vê com bons olhos as atuações em ficção cientifica, mas é nítida o bom trabalho que ela apresenta em Gravidade.

aqui temos uma matéria sobre um astronauta brasileiro apontando imprecisões técnicas em Gravidade. Bom, sabemos que explosão no espaço, barulho no vácuo é cientificamente impossível, mas se forem fazer um filme 100% realista, teremos um filme chato de 8 horas de duração, e os trezentos documentários da vida já fazem esse papel.

Como um professor de faculdade me disse uma vez: Se desligue da realidade, entre na sala de cinema e esqueça a lógica, apenas se entregue ao filme. Se formos criticar todos os filmes que são incoerentes com a realidade, seremos chatos e não assistiremos mais nada.

Então, entregue-se a Gravidade e assista a essa obra-prima cinematográfica.

BEM NA FITA: Trilha sonora incrível, efeito visual e fotografia impecáveis. Um filme com poucos diálogos e que nos prende apenas com a tensão.

QUEIMOU O FILME: A sua curta duração, tanto do filme com seus 90 minutos, quanto do George Clooney em cena.

FICHA TÉCNICA:

Gênero: Ficção Científica
Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Alfonso Cuarón, Jonás Cuarón, Rodrigo García
Elenco: Basher Savage, Eric Michels, George Clooney, Sandra Bullock
Produção: Alfonso Cuarón, David Heyman
Fotografia: Emmanuel Lubezki
Montador: Alfonso Cuarón, Mark Sanger
Trilha Sonora: Steven Price
Duração: 91 min.
Ano: 2012
País: Estados Unidos / Reino Unido
Cor: Colorido
Estreia: 11/10/2013 (Brasil)
Distribuidora: Warner Bros
Estúdio: Heyday Films / Reality Media / Warner Bros. Pictures
Classificação: 12 anos

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Anderson Vidal

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