Crítica de Filme | Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros
Blah Cultural
14 anos depois de “Jurassic Park 3” e 22 anos depois do longa original, eis que chega aos cinemas brasileiros, cercado de expectativas, o mais novo filme da franquia: Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros.
Com roteiro de Derek Connolly e Colin Trevorrow, que também dirige, e com o mestre Steven Spielberg no meio da produção, o longa, no entanto, decepcionou – e MUITO- nossos críticos.
Rodrigo J. Perticarari e Bernardo Moura foram conferir o esperado longa e tiveram opiniões bem parecidas: infelizmente, o filme é ruim.
Sem mais blah, blah, blah, confira abaixo o que nossos críticos acharam da película, assista ao filme e compartilhe sua opinião conosco!
“Um blockbuster preocupado apenas em angariar milhões em bilheteria em detrimento da qualidade”, por Rodrigo J. Perticarari
Um dos filmes mais famosos de Steven Spielberg, “Jurassic Park”, foi lançado em 1993. Foi um sucesso de bilheteria, atraiu multidões para os cinemas e, devido à bem feita reconstituição virtual dos dinossauros, é considerado um marco na indústria dos efeitos especiais, originando mais duas sequências, em 1997 e 2001. Vinte e dois anos depois do original, em 2015, eis que o diretor Colin Trevorrow lança a quarta continuação, Jurassic World, estrelado por Bryce Dallas Howard e Chris Pratt, com produção estimada em US$150 milhões.
Em Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros, o Parque dos Dinossauros é um sucesso, recebendo visitantes do mundo todo. A fim de continuar a atrair visitantes, os cientistas percebem a necessidade de criar algo mais chamativo, pois o público está cansado dos dinossauros tradicionais – querem algo maior, com mais dentes, mais assustador (como afirma um personagem). Por isso, criam um dinossauro híbrido, o Indominus Rex que, como todos sabem pela sinopse, fugirá do seu cativeiro a ameaçará a tudo e a todos.
É necessário começar apontando o principal aspecto negativo do filme: seu roteiro. É tudo muito previsível, estereotipado: a personagem de Bryce Dallas Howard, gerente do Parque, é metódica, controladora, ambiciosa e só visa ao sucesso do empreendimento, mas que precisará retomar os laços familiares com seus dois jovens sobrinhos, que lutam contra as suspeitas de divórcio de seus pais; o intrépido mocinho, interpretado por Chris Pratt, é o corajoso funcionário que consegue domar as criaturas e se importa com elas, não apenas com o dinheiro que podem gerar; o militarista malvado, que pretende usar os dinossauros domados para fins de guerra.
O roteiro, então, utiliza tais clichês para construir a trama, sem se aprofundar nem construir/delinear melhor seus personagens. Por essa razão, o espectador não consegue torcer por nenhum deles (e o filme parece querer intensificar isso, afinal, há personagens em excesso, que em nada acrescentam à trama).
O diretor também não é hábil em construir uma atmosfera que passe a sensação do real perigo que o dinossauro híbrido representa. O excesso de personagens e subtramas (como, por exemplo, toda a história do militar, dispensável) acabam tirando o foco do Indominus Rex e da devastação que causa.
A trilha sonora é outro ponto fraco de Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros, surgindo apenas para aumentar a dramaticidade. Entretanto, seria extremamente mais eficaz ressaltar o potencial dramático das cenas usando o silêncio, sem que a música invadisse a cena que, por si só, já desperta sentimentos.
Como se não bastasse o roteiro batido, a direção incompetente e a trilha sonora dispensável, ressalto os efeitos especiais: enquanto o primeiro filme da série priorizava o realismo das cenas, utilizando bonecos dos dinossauros para rodar as cenas, o novo filme abre mão desse realismo em prol dos efeitos digitais gerados por computador (CGI). Isso acaba por comprometer a veracidade das cenas, novamente prejudicando a ligação com o longa e seus personagens.
Se o primeiro filme foi um marco na indústria do cinema, o quarto se mostra um Blockbuster preocupado apenas em angariar milhões em bilheteria em detrimento da qualidade. E seria perfeitamente possível conciliar bilheteria e qualidade, vide Mad Max:Fury Road, um dos melhores do ano até agora. Em suma, o público pode até ter se cansado de ver dinossauros tradicionais, como afirmam os cientistas do filme. Mas, entre ver dinossauros maiores e mais assustadores (como os de Jurassic World) ou ver um filme mais contido, bem feito e marcante (como Jurassic Park, de 1993), tenho a mais absoluta certeza de que vão preferir o Jurássico.
“Era melhor não ter sido feito”, por Bernardo Moura
Sabe aqueles filmes que deveriam ter parado na melhor época? Pois Jurassic Park é um deles. Dirigido por Colin Trevorrow, Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros que estreia no cinema nesta quinta- feira era melhor não ter sido feito e nem produzido.
A começar pela escolha infeliz dos atores. O casal protagonista Bryce Dallas Howard (Claire) e Chris Pratt (Owen) não convence. A mocinha ruiva e organizada irrita com suas falas clichés e suas atitudes dignas de uma mocinha de um filme de quinta categoria. Com isso, percebemos que a construção de seu personagem é rasa e superficial. Já o loiro de olhos azuis, o macho-alfa que conserta motos e bebe Coca-Cola é mais um na multidão. A única característica que o faz peculiar é a sensibilidade em lidar com os velociraptores. Portanto, o casal não empolga e não convence.
A segunda razão que faz com que Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros decline é o péssimo roteiro. Escrito por Rick Jaffa e Amanda Silver, mais conhecidos no meio televisivo, pecaram no roteiro. Parece que foi feito às pressas, nas coxas, como dizia meu pai. Eles pegaram elementos dos roteiros dos três primeiros filmes, incorporaram alguns fatos extras irrelevantes, adaptaram para à realidade atual, e fim. Não tem nada de novo que seja extraordinário que o faça ser um roteiro pensado e bem construído. Mal comparando: a versão de Robocop do nosso diretor brasileiro José Padillha é mais bem feita que este Jurassic Park. Bate uma saudade imensa dos filmes da trilogia inicial da franquia, pois, ali tinha o conceito da família bem explorado ou do casal de namorados. Nesta versão de2015, eles tentaram trabalhar a história através dos garotos Gray e Zach (Ty Simpkins e Nick Robbinson, respectivamente). Mas bastou para que um dinossauro urrasse mais forte, que os garotos fossem deixados de lado na cara dura.
O plano de câmera utilizado nos filmes anteriores é repetido aqui. As mesmas sacadas e os mesmos “pontos de vista” aparecem, tornando a película cansativa. Por exemplo: na cena da mata onde os velociraptores farejam o dinossauro – maior, há o mesmo plano de câmera já usado pela franquia: mostrar que os animais estão á solta prontos para dar o bote nos humanos. Graças ao roteiro, o filme deixa um aspecto de reunião da turma de 97 em pleno 2015, sabe?!
Ah, e não podemos esquecer que o fator estapafúrdio está presente. Este fator, como sabemos é bem apresentado em filmes de comédia pastelão ou de filmes com muita mentira dignos de Jean- Claude Van Damme ou “Missão Impossível”. No mundo dos dinossauros, ele aparece para a solução de problemas que no mundo real não teriam solução ou que seria inevitável acontecer. Mas aqui acontece. Principalmente na parte final do longa para nenhum palhaço de circo botar defeito.
Sinceramente, a única parte boa do filme é a fotografia e a computação gráfica utilizada nos dinossauros, onde há a ostentação de boa parte dos 150 milhões de dólares do orçamento do longa. E aqui faz reviver a saudade deste tipo de filme e para quem gosta de dinossauros. Por isso, a estrela ordinária daí de cima. Se você pretende ir assistir ao novo Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros, repense antes de gastar seu rico dinheiro. É preferível que você se atenha a um dos filmes dos anos 90.
FICHA TÉCNICA:
Nome original: Jurassic World
Gênero: Aventura
Direção: Colin Trevorrow
Roteiro: Colin Trevorrow, Derek Connolly
Elenco: Andy Buckley, BD Wong, Brian Tee, Bryce Dallas Howard, Chloe Perrin, Chris Pratt, Divine Prince Ty Emmecca, Eddie J. Fernandez, Gary Weeks, Irrfan Khan, Jake Johnson, Judy Greer, Katie McGrath, Lauren Lapkus, Matthew Cardarople, Nick Robinson, Omar Sy, Ty Simpkins, Vincent D’Onofrio
Produção: Frank Marshall, Patrick Crowley, Thomas Tull
Fotografia: John Schwartzman
Montador: Kevin Stitt
Trilha Sonora: Michael Giacchino
Ano: 2015
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 11/06/2015 (Brasil)
Distribuidora: Universal Pictures
Estúdio: Amblin Entertainment / Universal Pictures