Crítica de filme: O Legado Bourne
Wilson Spiler
Tudo indicava que estaríamos diante de um “trambolho” de filme que tentava pegar carona no sucesso da trilogia adaptada dos livros de Robert Ludlum e estrelada com brilhantismo por Matt Damon. Com baixa expectativa, fui surpreendido com uma trama bem construída, uma direção firme de Tony Gilroy (responsável pelo roteiro dos outros três longas), além de um Jeremy Renner confiante no papel, sem sentir a pressão se interpretar um personagem que já virou cult.
O Legado Bourne toca sim no nome de Jason Bourne. Aliás, o “cara” é tratado como uma lenda no filme. Procurado pela CIA, o ex-agente está foragido nos Estados Unidos e ainda vê sua antiga companheira Joan Allen ser julgada por cumplicidade a ele. Mas, para os mais eufóricos, o homem que dá nome (ou sobrenome, como queira) às quatro aventuras aparece apenas em fotos.
O “bambambã” da vez é Aaron Cross (Jeremy Renner), um dos seis agentes no programa chamado “Outcome”. Contrariamente ao projeto “Treadstone” da CIA, esses, digamos, soldados são preparados e treinados para serem usados pelo Departamento de Defesa. Mais do que assassinos, o objetivo é utilizá-los em missões de inteligência isoladas, de alto risco e de longa duração. O problema é quando a história de Bourne se torna de conhecimento público. Para a segurança do país, eles são obrigados a sacrificar o programa e, com isso, matar eliminar todos os envolvidos, incluindo os pesquisadores médicos e científicos que ajudaram a criá-lo.
Aí começa uma perseguição implacável em O Legado Bourne, tanto atrás de Aaron Cross, que tornou-se o único agente vivo do “Outcome”, e da doutora Dra. Marta Shearing, interpretada pela ótima Rachel Weisz. Ele, dependente das pílulas para continuar se mantendo em condições de sobrevivência, e ela, como única médica responsável pelas pesquisas em laboratório ainda viva, buscam esquecer seus passados e fugir da CIA.
Talvez o último parágrafo remeta bastante aos filmes anteriores. As cenas de ação, assim como em toda a trilogia, também são de tirar o fôlego, principalmente na perseguição de moto nas Filipinas. Ok, ainda não chega à altura do eletrizante “racha” de A Supremacia Bourne, mas é bem bacana. Vale destacar também, como sempre, um Edward Norton impecável.
Comparando às produções anteriores (odeio isso mentira), os principais pontos onde O Legado Bourne perde são na complexidade de seu roteiro e nos diálogos, ambos bem mais simples, mas não necessariamente ruins. Voltando às cenas de ação, muitas sim são fantásticas, mas também menos realistas, sendo às vezes dignas de uma verdadeira “Missão Impossível”. Nada que estrague a boa diversão e a grata surpresa que o longa nos proporciona.
Antes de fechar o texto e evitar ser xingado, você deve estar se perguntando: “É preciso assistir à trilogia para entender O Legado Bourne?”. Eu diria que sim, se estiver a fim de compreender tudo o que se passa na telona. Caso seu interesse maior seja apenas colocar a pipoca na boca e se deliciar com tiros e perseguições, aí já sabe a resposta.
BEM NA FITA:
– Cenas de ação; boas atuações de Jeremy Renner e Rachel Weisz; boa direção de Tony Gilroy; roteiro bem construído
QUEIMOU O FILME:
– Comparado aos anteriores, os diálogos e a história são bem mais simples; saudades do Jason Bourne…
FICHA TÉCNICA:
NOME: O Legado Bourne (The Bourne Legacy)
ELENCO: Jeremy Renner, Rachel Weisz e Edward Norton
DIREÇÃO: Tony Gilroy
ROTEIRO: Tony Gilroy, Dan Gilroy, baseado nos livros de Robert Ludlum