Crítica de filme: “Os Croods”, por Alan Daniel Braga
Alan Daniel Braga
O mundo é perigoso. Para sobreviver, é necessário lutar por alimento e não correr riscos. Por isso, quando o Sol se pôr, corra para a caverna! Assim vivem os Croods, a última família pré-histórica de sua região. Outras famílias estiveram por ali, mas viraram história. Para manter a família viva, Grug, o líder, segue à risca um único mandamento: Nunca perca o medo. Mas Grug é pai de Eep, uma jovem forte, habilidosa e corajosa. E Eep quer ir além. Um dia Eep conhece Guy, um jovem mais evoluído. Ao contrário dos Croods, Guy tem ideias, domina o fogo e, por viver no mundo, sabe que este está mudando. Para se salvar, ele precisa seguir para as montanhas. E Guy dá o mesmo conselho a Eep. Quando um terremoto destrói a caverna em que vivem, os Croods são obrigados a seguir o conselho de Guy. E assim começa a jornada para um novo mundo.
Seguindo a premissa do “a vida é feita para se viver”, a nova animação da Dreamworks, com distribuição da Fox Films, prima pela Arte. O medo do novo vivido pelos personagens não está na imensa inventividade para textura, modelagem e criação de animais diferentes, vegetação colorida e cenários grandiosos. O 3D funciona quase sempre, não desperdiçando o ingresso do espectador que optar pelo formato. No entanto, o frescor para por aí. Os Croods é um filme que funciona, mas que se torna redondo por seguir fórmulas.
Embora tenha personagens vivendo conflitos diferentes, a animação tem como figuração ou elenco de apoio um mamute, um tigre dente-de-sabre e uma preguiça. OK, estamos na pré-história. No entanto, está ali também a jornada por um mundo em mudanças que aproximará os personagens principais. Se é difícil hoje fazer um filme totalmente original, é impossível não fazer essa associação.
Eep é a personagem mais bem modelada. Não traz a beleza natural das princesas de animação. Como garota das cavernas, é abrutalhada, mas não deixa de ter sua graça. É ela quem, inicialmente, narra a história e leva a família à jornada. É ela quem tira a corrente e se vira para conhecer a sombra projetada na parede. Mas ela segue apenas na busca pelo conhecimento. Quem realmente terá que pensar, vencer o medo e virar herói é o pai, Grug. A história está com ele. E é na relação com ele que Eep aprenderá mais. Mas essa relação conturbada entre pai e filha, é claro, também está longe de ser novidade. E embora haja medida, as cenas emocionais entre família soam mais como ‘aqueles momentos que já vimos em todas as histórias’ e que não poderiam faltar ali.
Quanto aos demais personagens, o filme também segue a cartilha para construí-los. A esposa conselheira, a sogra implicante de língua solta, o filho gordinho e medroso, a bebê agressiva que ainda não assimilou a cultura de medo da família. Embora sejam todos bem simpáticos e uniformes, a personagem que mais se destaca é pequena, repetitiva e serve apenas para segurar as pontas, literalmente. Belt, a preguiça, rouba as cenas com simplicidade e deixa o espectador com aquela expectativa ‘Stewie Griffin’: “Again, again, I love repetition!”
Ao fim, sem medo dos clichês, Os Croods é um filme que não apresenta nada de realmente novo. Mas é bem simpático, muito bem executado visualmente, com uma mensagem positiva e diverte com boas ‘gags’. Quem procura entretenimento, não vai se arrepender.
BEM NA FITA: Ótima Arte, plasticidade, bom humor e a simpática preguiça Belt.
QUEIMOU O FILME: Nenhuma grande novidade narrativa.
FICHA TÉCNICA:
Diretor: Kirk De Micco, Chris Sanders
Elenco: Nicolas Cage, Ryan Reynolds, Emma Stone, Catherine Keener, Cloris Leachman, Clark Duke, Chris Sanders e Randy Thom
Produção: Kristine Belson, Jane Hartwell
Roteiro: Kirk De Micco, Chris Sanders
Fotografia: Yong Duk Jhun
Trilha Sonora: Alan Silvestri
Ano: 2013
País: EUA
Gênero: Animação
Cor: Colorido
Distribuidora: Fox Film
Estúdio: DreamWorks Animation
O filme estreia no dia 22 de março.
Para mais informações, acesse o site do filme.