Crítica de Filme: Questão de Tempo
Bernardo Moura
A ideia de viajar no tempo e estar em dois lugares ao mesmo tempo sempre foram desejos da humanidade desde que o mundo é mundo. Livros, peças, telas e filmes já serviram como meio para ilustrar este tema tão cobiçado e desconhecido pelos seres humanos. Para não cair no eco da repetência e ser taxado de “apenas mais um”, Richard Curtis, o mesmo diretor de “Simplesmente Complicado” (2003), faz com que seu mais novo filme, “Questão de Tempo”, fale sobre a viagem no tempo adicionada ao fato de corrigir coisas.
Na pele como Tim Lake, Domhnall Gleson, de “Anne Karenina” (2012) e “Harry Potter e as Relíquias da Morte Pts 1 e 2” (2010/2011), é um jovem que descobre aos 21 anos através de seu pai, Bill Nighy, de “Piratas dos Caribe: No Fim do Mundo” (2007), o poder de viajar no tempo e corrigir situações já vividas. Para isso, basta que se tranque num local escuro e feche os punhos. No início, ele fica chocado com a novidade e meio que desajeitado. Mas, depois, como ele consegue beijar a garota que estava querendo numa festa de ano novo, ele vai pegando as manhas.
No entanto, para Tim isso não é o bastante. Ele deseja arrumar uma namorada na grande Londres, para onde acabara de se mudar a fim de estudar e estagiar num escritório de advocacia. Uma vez encontrada a mulher ideal para estar ao seu lado, Mary, vivida por Rachel McAdams, ele volta no tempo diversas vezes para conhecê-la e não deixar a mulher de sua vida escapar e cair nas garras de outro. Como seu pai lhe dissera, Tim vai vivendo os prós e os contras deste seu novo poder e montando sua família que sempre sonhou.
Conquistado o seu maior desejo, o rapaz, agora um jovem-adulto vai tentando incorporar e fazer a felicidade dos seus entes queridos que não usufruem do mesmo poder que ele. Mesmo que seja para ver o sorriso na cara deles por alguns minutos. Tim tenta salvar a irmã maluquinha Kit Kat, vivida pela atriz Lydia Wilson, como também o amigo do pai, um dramaturgo tentando seu lugar ao sol nos teatros londrinos, que é a primeira pessoa que o acolhe na grande cidade, vivido pelo ator Tom Hollander.
Assim como acontece em “Simplesmente Complicado”, Curtis apresenta a história-base já logo nos primeiros 15 minutos de filme. Todavia, o filme não fica nisso. Lá no meio, a trajetória muda, e o espectador vai aprendendo os prós e os contras de ter um poder destes em mãos, se fosse verdade. Este é um dos motivos que o diretor acerta em cheio e acaba que meio que ajudando a nós, seres mortais. Por isso, se você ouviu ou leu por aí que este filme é um filme mulherzinha ou de romantismo bobo, esqueça. Este filme é uma aula de vida que tem elementos de uma história de amor, de situações engraçadas e muitas respostas para nossos questionamentos.
O que ajuda ainda mais são as atuações: não importa sua opção sexual, mas você se apaixona por Tim (o cara é demais), Mary (uma baita atriz e que te faz se sentir na história) e o Pai (que te mostra uma atuação fresca, viva, apesar de ser um senhor de 64 anos). Ah, sem contar a fotografia excelente e a trilha sonora perfeita. Esta última com músicas da última década e que jamais deveriam ser esquecidas como as do rapper Nelly e as garotas do t.A.T.u.
No mais, “Questão de Tempo” é um filme inesquecível. É daqueles tipos de longa-metragem que você sai do cinema, te faz pensar por dias a fio e acaba entrando para sua lista de filmes imperdíveis. E falo isso por experiência própria, assisti ao filme numa quarta-feira e escrevi esta crítica num domingo. Ao escrever estas linhas, parece que acabei de sair da sala de cinema. O filme estreia por aqui no dia 20 de dezembro. Bom filme!
BEM NA FITA: Tudo.
QUEIMOU O FILME: Absolutamente nada.
FICHA TÉCNICA:
Nome: Questão de Tempo (About Time)
Diretor: Richard Curtis
Elenco: Domhnall Gleeson, Rachel McAdams, Bill Nighy, Tom Hollander, Lydia Wilson, Lindsay Duncan, Will Merrick, Vanessa Kirby, Jimmy Kincade e Margot Robbie.
Roteiro: Richard Curtis
Produção: Michael De Luca, Dana Brunetti e Scott Rudin
Fotografia: John Guleserian
Gênero: Comédia/Drama/Sci-Fi
Duração: 123 min
Ano: 2013
País: Reino Unido