Crítica de Filme | O Sal da Terra
Bruno Purcino
O Sal da Terra, a incrível história de vida do fotógrafo Sebastião Salgado, conta cronologicamente a sua obra. Um documentário direcionado não somente para o público amante da fotografia, mas para todos que vêem a arte como uma função social.
O próprio personagem narra sua história em meio as suas fotos emblemáticas. Antes de se tornar um dos mais famosos fotógrafos do mundo, Salgado graduou-se em economia. Engajado no movimento contra a ditadura militar no Brasil, à certo momento decide deixar o país, indo parar na França. Lá conheceu sua esposa, Lélia, além da paixão pela arte de escrever com luz e sombras. Ainda na década de 70, Salgado se profissionalizou e revolucionou o mundo da fotografia. Suas lentes tornaram-se especialistas em retratar uma cruel realidade humana em preto e branco, além de trágicos acontecimentos como massacres ocorridos em países na África.
É impressionante ver o trabalho registrado em Serra Pelada. Milhares de homens que embora lembrassem, não eram escravos. Como narrado por Salgado: escravos de si mesmo, do sonho de enriquecer. A narrativa do documentário deixa claro que cada projeto quando idealizado é minuciosamente estudado antes de ser executado. Um exemplo disso é o emocionante trabalho “Êxodos”. Projeto realizado ao longo de seis anos que conta a história de povos que fogem da pobreza, opressão e de guerras. São imagens fortes, realmente marcantes. Foi um momento em que muitos se emocionaram durante a exibição. Ao narrar esse trabalho, Salgado emocionadamente relata o quão a humanidade é violenta. Ao longo de todo documentário é notório que o trabalho deste artista sempre esteve ligado a um dever cívico, de antenar pessoas para um problema social.
Ao final, Sebastião Salgado se reinventa com o projeto “Gênesis”. Depois de pautar sua carreira retratando situações degradantes, marcadas por violência e miséria. Ele traz uma proposta com um olhar mais positivo, registrar ecossistemas poucos explorados pelo homem nos quatro cantos do planeta. Ainda em faze de pesquisa desse projeto, Salgado descobriu que quase 50% dos lugares a serem fotografados permanecem praticamente intactos desde a época de Gênesis.
O documentário encerra com um suspiro de esperança. O instituto “Terra” criado para reflorestar a antiga fazenda da família, tornou-se um grande projeto ecológico onde mais de 2 milhões de árvores já foram semeadas. É para aplaudir de pé não só o artista, mas também o cidadão Sebastião Ribeiro Salgado Júnior.
BEM NA FITA: toda magnífica obra do artista sendo narrada em detalhes. Composição, produção, conceito…
QUEIMOU O FILME: difícil (impossível) apontar algo.
FICHA TÉCNICA:
Título: Sal da Terra
Direção: Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado
Roteiro: Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado e David Rosier
Elenco: Sebastião Salgado
Produção: David Rosier
Fotografia: Hugo Barbier e Juliano Ribeiro Salgado
Edição: Maxine Goedicke, Rob Myers
Gênero: Biografia, Documentário
País: Brasil, França, Itália
Ano: 2014