Crítica de filme: “Se Beber, Não Case! Parte III”

Bernardo Sardinha

Como tudo que faz sucesso em Hollywood ganha uma trilogia, não ia ser diferente com o despretensioso Se Beber, Não Case.

Após a Parte II, os envolvidos perceberam que não dava para repetir a fórmula que fez do primeiro filme um sucesso. Ou seja, não dava para fazer um longa onde os personagens não lembram de nada após uma grande bebedeira e tem que, de alguma maneira, montar o quebra-cabeça do que foi aquela noite louca para assim resolverem o <insira evento ruim aqui>.

Se Beber, Não Case! Parte III começa com a fuga de Leslie Chow (Ken Jeong) de um presídio de Bangkok, com direito a um leve aceno para uma cena do filme “Um Sonho de Liberdade” (1994). Aliás, o longa é cheio de referências, mas não a ponto de se tornar chato.

Logo em seguida, aparece Alan (Zach Galifianakis) dirigindo em uma rodovia ouvindo Hanson aos berros e, junto a ele, a sua mais nova aquisição: uma girafa. Já deu para perceber o quão descontrolado e imaturo o personagem está, né?

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Após um golpe do destino, Alan, perde a “sua alma gêmea, seu melhor amigo” (seu pai) e seu descontrole fica ainda pior. Então, a pedido de Doug (Jason Bartha), Stu (Ed Holm) e Phil (Bradley Cooper), vão para uma intervenção, onde a família e outros amigos de Alan tentam convencê-lo a se internar. No caminho para a clínica de reabilitação, eles são atacados por Marshall(John Goodman) e seus capangas. Marshall é um chefão do crime, que, graças a um flashback se descobre que ele foi até mencionado no primeiro filme.Ele quer Chow e somente o “Wolf pack” pode encontrá-lo. Como garantia, ele sequestra Doug, e promete matá-lo em X dias se não encontrarem o fugitivo.

Marshall, o vilão, ameaçando nossos amigos

Marshall, o vilão, ameaçando nossos amigos

É engraçado perceber que, mais uma vez, Doug fica de fora da aventura. O próprio ator disse, durante a coletiva de imprensa realizada no Rio de Janeiro, que via o personagem apenas como um artífice dramático – o que de fato é. Mas o personagem, um homem médio bonzinho e querido por todos é um dos mais importantes, já que ele une todos os outros personagens nesse e nos outros dois filmes.

É ele quem chama Alan para a despedida de solteiro em Las Vegas no primeiro, e convence Stu a convidá-lo para seu casamento no segundo. No terceiro, ele sugere a Phil e Stu que o ajudassem a levar Alan para uma clínica de reabilitação. É uma pena que de novo ele fique de fora da aventura. Estava curioso para saber como funcionaria a dinâmica Doug-Stu-Phil ou outra combinação qualquer. Principalmente sabendo que ele pode ser tão louco quanto os outros (lembram das fotos do primeiro?).

sbnc3Já os personagens de Phil e Stu, assim como Doug, são caras normais pegos de surpresa pelas loucuras que Alan e Chow os metem, feitos sob medida para que pudéssemos nos projetar em cima deles.

No terceiro filme da franquia, percebemos que eles estão alterados pelos eventos passados dos outros dois “Se beber, não case”, mas também não tanto. Phil, continua sendo o que tem mais coragem, e Stu o mais inteligente do trio. Chow, um dos personagens mais divertidos do filme, ganhou mais tempo de tela, e é um praticamente um super-vilão à lá Coringa, que funciona a base de cocaína.

Já o personagem do Alan, que estava meio over no segundo filme da franquia, aparece mais contido, mas não menos divertido. Seu arco dramático é o mais visível durante o longa e, em vários momentos, podemos vê-lo dando um passo em direção ao amadurecimento. Zach Galifianakis consegue imprimir várias sutilezas que permitem, no percorrer da produção, acompanhar o amadurecimento do personagem com pequenos gestos. Seu interesse amoroso, Cassie, interpretada por Melissa McCarthy, nada mais é que uma versão mulher do Alan, dá aquele empurrãozinho extra para o personagem evoluir. Cassie é praticamente um Alan de saias, o que faz com que Alan amadureça sim, mas mudar nunca. Ninguém quer que o Alan mude, certo? E mesmo sem muito tempo de tela, Melissa McCarthy, mais uma vez, dá um show de interpretação.

O humor em geral está diferente também, mais negro e menos boboca que o filme antecessor, mostrando que assim como o Alan, o diretor e roteirista amadureceram. Bom para vocês, rapazes!

O diretor Todd Philips invoca imagens pop de maneira quase subliminar no decorrer de Se Beber, Não Case! Parte III. Já citei o exemplo do “Um Sonho de Liberdade”, mas há outros.

THE HANGOVER PART III

O roteirista, Craig Mazin, que em seu currículo conta com mais erros do que acertos, fez bem em se desfazer da fórmula dos outros filmes para assim focar no que é realmente divertido: o relacionamento dos personagens. Além disso, apesar da premissa ser meia boca, o humor negro funciona. A trilha sonora é boa, e ora é expositiva (quando Alan escuta Billy Joel após enquanto seu pai briga com ele) e ora pontua bem (rock pesado do Black Sabbath na cena da cobertura).

Melhor que o segundo e diferente do primeiro, Se Beber, Não Case! Parte III, é divertido e uma despedida digna para esses personagens.

Após os créditos tem uma cena extra. Fique para ver!

BEM NA FITA: Não seguiu a formula dos outros dois filmes e acreditou no potencial cômico dos personagens. É um boa despedida e um bom desfecho.

QUEIMOU O FILME: Premissa meia boca.

FICHA TÉCNICA:

Nome: Se Beber, Não Case! Parte III (The Hangover Part III)
Gênero: Comédia
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Craig Mazin, Todd Phillips
Elenco: Bradley Cooper, Ed Helms, Gillian Vigman, Heather Graham, Jamie Cung, Jeffrey Tambor, John Goodman, Justin Bartha, Sasha Barrese, Zach Galifianakis
Produção: Dan Goldberg, Todd Phillips
Fotografia: Lawrence Sher
Duração: 100 min.
Ano: 2013
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 30/05/2013 (Brasil)
Distribuidora: Warner Bros
Estúdio: Legendary Pictures / Warner Bros. Pictures
Classificação: 14 anos

Bernardo Sardinha

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