Crítica de Filme | Sobrenatural – A Origem
Maria Clara Garcia
Em 2010, foi exibido o primeiro capítulo da franquia Sobrenatural, arrebatando público e crítica, e tornando James Wan (até então conhecido pelo primeiro – e ótimo – Jogos Mortais) um dos grandes nomes do gênero horror da atualidade. A utilização de clichês de forma eficiente, o clima de terror antigo com todos os seus excessos e a construção de um mundo “do além” bizarro e original são alguns dos principais méritos do filme. O sucesso garantiu uma continuação também dirigida por Wan que, apesar de em muito repetir os elementos que deram certo no primeiro, apostou em um roteiro inteligente e bem amarrado para explicar melhor a história da família Lambert e suas assombrações.
Tendo em vista a qualidade dos dois primeiros filmes, é impossível não se decepcionar com esse Sobrenatural – A Origem (ou Insidious – Chapter 3, no original, título mais apropriado já que história não aborda exatamente a origem do que vimos nos anteriores). Dirigido por Leigh Whannell, também roteirista e ator da franquia, a obra não soma nada de novo à receita dos dois outros, e ao mesmo tempo é menos eficiente em cumprir o principal objetivo de um filme de terror: dar medo.
Na trama, uma adolescente tenta fazer contato com a mãe recém falecida, e isso acaba por atrair para o mundo dos vivos um ser muito mais sombrio. A própria premissa já é mais falha do que a dos filmes anteriores: se nos dois primeiros pai e filho possuíam uma habilidade especial que os possibilitava transitar pelo além, e os espíritos lentamente conseguiam se fazer presentes no mundo dos vivos, neste último é bastante abrupta e mal justificada a passagem do “homem que não respira” para “este lado”. Essa sensação é reforçada pelo fraco desenvolvimento do espírito/demônio que assombra a menina, criatura esteticamente amedrontadora, mas cuja história ou motivações poderiam ser bem melhor abordadas.
Sobrenatural – A Origem acerta em manter, no “além”, o estilo fantasioso consolidado nos dois primeiros: a boa trilha sonora, a luz azulada e, principalmente, as figuras grotescas que lá circulam. Isso é, aliás, um mérito de toda a franquia, e nesse “a origem” uma das cenas de maior impacto fica por conta de uma bizarra aparição feminina, que no final entendemos o que representa. Em princípio, também é positivo o maior espaço dado à médium Elise (Lin Shaye), já que nos anteriores ela é uma coadjuvante bem interessante, mas ao longo do filme suas caras e boas, realmente assustadoras, ficam um pouco cansativas. Há que se mencionar também a atuação canastrona de Dermot Mulroney como o pai da protagonista.
Se não fosse precedido por dois ótimos filmes, talvez esse terceiro capítulo não fosse tão insatisfatório. Entretanto, a ausência de originalidade da obra, combinada a roteiro e atuações mais fracas, fazem com que Sobrenatural – A Origem não acrescente nada de positivo à interessante franquia.
FICHA TÉCNICA:
Título original: Insidious – Chapter 3
Gênero: Terror
Direção: Leigh Whannell
Roteiro: Leigh Whannell
Elenco: Angus Sampson, Corbett Tuck, Dermot Mulroney, Ele Keats, Hayley Kiyoko, Jeris Poindexter, Leigh Whannell, Lin Shaye, Michael Reid MacKay, Phyllis Applegate, Stefanie Scott, Steve Coulter, Tate Berney, Tom Fitzpatrick, Tom Gallop
Produção: James Wan, Jason Blum, Oren Peli
Fotografia: Brian Pearson
Montador: Timothy Alverson
Trilha Sonora: Joseph Bishara
Duração: 97 min.
Ano: 2015
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 30/07/2015 (Brasil)
Distribuidora: Sony Pictures
Estúdio: Automatik Entertainment / Blumhouse Productions / Entertainment One
Classificação: 14 anos