Crítica de Filme | Superpai

Bernardo Sardinha

Superpai, comédia brasileira escrita por Pedro Amorim, Rafinha Bastos, Camila Raffanti e Ricardo Tiezzi Benjamim Cosgrove – e Corey Palmer (!) – estreia nesta quinta-feira nos cinemas (26/02).

A reunião de vinte anos de formado de Diogo (Danton Melo) está chegando, e, embora sendo casado, ele aproveita a oportunidade para resolver uma paixão do colegial que ficou mal resolvida. Quando sua sogra se acidenta, sua esposa (Mônica Iozzi), se vê obrigada a ir ao hospital, deixando Diogo com a incumbência de cuidar de Luca (Lukas Brombini), seu filhote. Determinado a ir a festa e sem ter com quem deixar o filho, Diogo o larga em uma creche noturna, onde após uma trapalhada o perde. Diogo, junto com seus três amigos do ginásio, realiza uma busca desesperada com direito a muita confusão e situações engraçadas inusitadas pela noite de São Paulo.

O roteiro é de dois americanos, traduzido por Ricardo Tiezzi, com colaborações de Pedro Amorim, Rafinha Bastos e Camila Raffanti. O resultado é um enlatado americano com tempero brasileiro. Um hambúrguer de acarajé.

>>> PRÉ-ESTREIA (TAPETE VERMELHO) | SUPERPAI

Enlatado americano com tempero brasileiro...

Enlatado americano com tempero brasileiro…

O primeiro ato de Superpai é confuso, corrido, caindo volta e meia no lugar comum e ora sendo expositivo demais. Depois que a trama engrena, o filme melhora, mas… continua previsível. E previsibilidade é o maior crime que uma comédia pode cometer.

Mas o verdadeiro calcanhar de Aquiles do filme são os diálogos que, traduzidos do inglês, não possuem o tempo certo de comédia e soam artificial. Podem ter abrasileirado o tema do longa, colocado algumas referências e piadas nacionais, mas boa parte das tiradas simplesmente não funcionam quando traduzidas para o nosso idioma, restando assim apenas a comédia física, que, volta e meia, é grosseria pura.

Está tão ruim assim de encontrar roteiristas no mercado brasileiro?

Em uma rápida olhada no IMDB.com, encontrei na página do filme a seguinte “curiosidades” (trivia):

“O roteiro é baseado em um roteiro inglês onde os produtores perceberam que seria uma excelente comédia brasileira.

Desperdício de talentos do bom elenco montado

Desperdício de talentos…

Desculpa, mas não. Não é uma excelente comédia brasileira. Ela é bem medíocre. Eu gosto da ideia do antropofagia cultural, no entanto, o resultado final é um filme americano em português. Oswald de Andrade deve estar se revirando no tumulo agora.

Os diálogos artificiais prejudicam o elenco em muito. Quem se sai melhor é o Antônio Pedro Tabet que, de todos, consegue ser o mais espontâneo, mas infelizmente, muito grandes talentos são desperdiçados (Danton Mello, Mônica Iozzi, Dani Calabresa, Thogun e outros).

A direção de Pedro Amorim (Mato sem Cachorro) é superior quando comparado a outros produtos nacionais, conferindo um certo dinamismo a história e mantendo um bom ritmo. Entretanto peca no timing das piadas (eu sei… eu sei…roteiro ruim…)

Superpai é um filme fraco de comédia. Mas não chega a ser um Vestido para Casar!

BEM NA FITA: Mesmo não salvando o filme, a direção é competente.

QUEIMOU O FILME: DIÁLOGOS TRADUZIDOS. Você tem a sensação que os atores estão lendo as legendas de um filme americano. Talentos desperdiçados.


FICHA TÉCNICA:
Gênero: Comédia
Direção: Pedro Amorim
Roteiro: Ricardo Tiezzi
Elenco: Antonio Tabet, Dani Calabresa, Danton Mello, Monica Iozzi, Paulinho Serra, Thogun Teixeira
Duração: 90 min.
Ano: 2015
País: Brasil
Cor: Colorido
Distribuidora: Universal Pictures

Bernardo Sardinha

NAN