Crítica de Filme | A Teoria de Tudo
Bernardo Sardinha
Com cinco indicações ao Oscar, A Teoria de Tudo estreia nesta quinta (29/01) contando a história dos altos e baixos do relacionamento do “rock star da cosmologia” Stephen Hawking (Eddie Redmayne) e sua esposa Jane (Felicity Jones).
Antes de tudo, uma dica: levem um lencinho para o cinema! Esse filme vai manipular suas emoções e se você não se emocionar em momento algum, vá ao médico. Porque, provavelmente, você tem uma pedra dura e gelada no lugar do coração.
Vamos começar pelo óbvio. Eddie Redmayne é a aposta segura para o bolão da noite do Oscar. O ator, que estava bem – só bem – em “Os Miseráveis”, simplesmente some e empresta seu corpo a Stephen Hawking. A capacidade que ele tem de mimetizar o cientista e cada fase da sua doença é assustadora. Sem dúvida ele merece ser nomeado ao Oscar e provavelmente vai levar a estatueta para casa, afinal, a academia tem um fraco por personagens que possuem algum tipo de dificuldade física/mental. Mais de uma vez durante o filme lembrei do conselho de Kirk Lazarus, personagem de Robert Downey Jr. em “Trovão Tropical”: “Never go full retard” (algo que pode se traduzir como “nunca faça um retardado total”). Convenhamos! “Meu Pé Esquerdo”, “Rain Main”, “Forest Gump”, “O Discurso do Rei”… Meu coração quer apostar no Michael Keaton, mas meu bolso fala para investir no Eddie Redmayne…
Felicity Jones, faz o papel de Jane Hawking e foi indicada ao Oscar de melhor atriz. No começo do filme achei ela um pouco apagada, mas aos poucos a personagem ganha mais força e tem seu ponto de vista melhor explorado, o que é justo, afinal, o roteiro foi baseado nas memórias dela (o longa é adaptado do livro “Travelling with Infinity: My life with Stephen”). Apesar da ótima atuação, Eddie Redmayne é um buraco negro que puxa toda a atenção para ele. Pobre Felicity Jones… Apesar do bom trabalho, foi ofuscada. Os coadjuvantes são legais, mas nada que consiga magnetizar nossa atenção.
Quanto ao roteiro… Nossa! Ele é extremamente manipulador. O roteirista Anthony McCarten sabe exatamente qual o momento que é para emocionar e qual o momento para nos fazer rir. Mas o grande trunfo do texto foi focar mais no relacionamento dos dois e menos nas teorias do brilhante cientista. É interessante acompanhar o relacionamento dos dois no decorrer das décadas que passaram juntos e, o mais importante, nos desafios que ambos encontram em seu casamento, tanto físicas quanto emocionais. Ora, a película vai se arrastar, mas nunca vai deixar de ser interessante o que está acontecendo na tela.
A trilha sonora de Jóhann Jóhannsson é muito boa e sem sombra de dúvida digna de uma nomeação ao Oscar, e, assim como Eddie Redmayne é uma aposta segura de Oscar de melhor ator, o islandês é uma tacada certa para levar o prêmio de melhor trilha sonora.
Agora um questionamento: como o A Teoria de Tudo não recebeu uma indicação por melhor cinematografia!? A fotografia é um dos melhores aspectos do filme. Até entendo que “Uma Aventura Lego” não a seja indicado ao prêmio Melhor Filme de Animação por razões técnicas (mentira – eu não aceito isso até hoje), mas não consigo entender como um longa que consegue através de belas imagens fazer um paralelo entre as situações mundanas com as leis que regem o universo? Meu palpite é que se o diretor James Marsh, focasse mais no aspecto cósmico/científico com a vida íntima do casal, a produção certamente seria mais interessante.
Definitivamente A Teoria de Tudo vale a pena. Pode não ser genial, mas é um filme muito bem feito e com uma qualidade técnica acima da média.
BEM NA FITA: EXCELENTES atuações; boas imagens; bela trilha.
QUEIMOU O FILME: A história é um pouco arrastada às vezes…
FICHA TÉCNICA:
Título Original: The Theory of Everything
Gênero: Drama
Direção: James Marsh
Roteiro: Anthony McCarten
Elenco: Adam Godley, Charlie Cox, Charlotte Hope, David Thewlis, Eddie Redmayne, Emily Watson, Enzo Cilenti, Felicity Jones, Harry Lloyd, John Neville, Maxine Peake, Richard Cunningham, Tom Prior
Produção: Anthony McCarten, Eric Fellner, Tim Bevan
Fotografia: Benoît Delhomme
Montador: Jinx Godfrey
Trilha Sonora: Jóhann Jóhannsson
Duração: 119 min.
Ano: 2014
País: Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 29/01/2015 (Brasil)
Distribuidora: Universal Pictures
Estúdio: Working Title Films
Classificação: 10 anos