Crítica de Filme | Zoom
Italo Goulart
Em meio a uma enxurrada de filmes sobre heróis, essa coprodução de Canadá e Brasil traz elementos dos quadrinhos para a grande tela Usando técnica semelhante à vista em Waking Life, o talentoso diretor Pedro Morelli e o roteirista estreante Matt Hansen fazem uma narrativa multiplot ligando várias artes e personagens entre si numa sucessão de “inceptions” e metalinguagem.
Morelli que já vem fazendo um trabalho notável desde o filme Entre Nós, que ele co-dirigiu com seu pai Paulo Morelli, mostra uma maior capacidade de criação e seguimento nesse filme que chamou atenção no Festival de Toronto no ano passado. Num projeto ambicioso e com sua parte de originalidade, Zoom vem para dar novos ares nas produções nacionais. Com um humor característico e uma certa crítica aos padrões de beleza, consegue passar sua mensagem mesmo se perdendo no roteiro de tempos em tempos.
No filme, temos três contos e três personagens distintos onde um é responsável direto pelo desenvolvimento da história do outro, mas tendo elenco e linguagem próprios. No primeiro conto, Emma (Alison Pill) trabalha numa fábrica de bonecas eróticas por encomenda, tendo sempre que produzir produtos com um certo padrão de beleza, Emma acaba por ficar insatisfeita com seu corpo e vive infeliz por isso. Em seguida temos a história de Michelle(Mariana Ximenes), modelo famosa querendo mostrar que não é dona somente de uma grande beleza, decide virar escritora. E por último o cineasta Edward (Gael Garcia Bernal), acostumado a fazer filmes de ação agora tenta fazer um filme mais sensível e dramático. Ligados não só pela arte e por anseios físicos, a história vai muito mais além ao mostrar que o filme de Edward é protagonizado por uma modelo que quer ser escritora, que escreve sobre a vida de uma quadrinista que trabalha numa loja de bonecas sexuais. Zoom tem uma direção digna e muito bem conduzida, mas os momentos de brilho do filme se perde pelo roteiro por vezes confuso de Matt Hansen.
FICHA TÉCNICA