O Grito 2020 crítica

‘O Grito’ (2020) | CRÍTICA

Cadu Costa

Filme de terror  já é um gênero complicado e com um público mais exigente. Fazer reboot de algum pequeno sucesso fantasmagórico passado, e que descansava em paz, só pra sugar mais alguns poucos aplausos, faz muito fã torcer o nariz. Se sequer consegue provocar aquela sensação intensa de medo ou tensão, então é para pedir o chapéu e desistir da coisa de vez. Essa é a impressão clara da versão 2020 de O Grito (The Grudge).

Em 2002, o diretor japonês Takashi Shimizu concebeu seu filme Ju-on, inaugurando o subgênero “horror japonês”, depois que Hideo Nakata deu o pontapé inicial com Ringu (O Chamado), em 1998. Assim, Hollywood – que de boba tem somente a audiência – inaugurou uma verdadeira avalanche de refilmagens começando com “O Chamado” (2002), dirigido por Gore Verbinski.

O Grito foi o próximo da lista em 2004, estrelado por Sarah “Buffy” Michelle Gellar, “a Caça-Vampiros” e que teve duas sequências, uma em 2006 e outra em 2009.

Foi-se o tempo que o simples olhar do protagonista era o suficiente para fechar os olhos e esperar que a cena mude. Hoje, é preciso criar todo um clima para que o espectador mergulhe na ideia do filme e viva durante pouco menos de duas horas, um terror memorável. Isso já não acontece no cinema de terror tem alguns anos salvo raríssimas exceções. Não aconteceu de novo agora.

A trama

A história até apresentava alguma originalidade promissora ao introduzir Fiona Landers (Tara Westwood), uma assistente social que esteve na casa e carregou a maldição consigo até os Estados Unidos. Ao voltar, assassina seu marido e filha. Nada de Kayako ou Toshio. Aqui a maldição toma outra forma e a família Landers é quem passa a assombrar quem adentra a sua antiga residência. É quando a detetive Muldoon (Andrea Riseborough) começa a investigar o mistério e vira o alvo principal da eterna maldição.

Cabe ressaltar aqui que o elenco é incrível. Andrea Riseborough, Demián Bichir, William Sadler, John Cho e Jacki Weaver tentam entregar seu melhor, mas a tarefa era difícil. Principalmente para Lin Shaye (franquia Sobrenatural – que já não é grande coisa), que interpreta um papel sofrível na trama.

Leia mais:

‘AVES DE RAPINA’ | CRÍTICA SEM SPOILERS
– VENCEDORES DO OSCAR 2020: ‘PARASITA’ BRILHA E FAZ HISTÓRIA EM HOLLYWOOD!
‘PARA TODOS OS GAROTOS: P.S. AINDA AMO VOCÊ’ (NETFLIX) | CRÍTICA

O Grito 2020 filme

Personagens demais

Assim sendo, O Grito de 2020 peca em ter muitos personagens e muitas histórias para se contar. Apesar da montagem interessante com divisão da linha do tempo e das diversas famílias que passaram pelo mesmo endereço assombrado. Contudo, a verdade é que o espectador não se conecta com eles, por não ter tempo ou por não se importar mesmo.

Às vezes, um roteiro horroroso até tem salvação pelas mãos de seu diretor. Mas o jovem Nicolas Pesce (Os Olhos da Minha Mãe, 2016) não consegue consertar essa furada em que se meteu. A tensão é inexistente e as tentativas de recriarem momentos como a cena do chuveiro são tão esquecíveis que nem faziam sentido estarem ali.

E como é arrastado esse O Grito de 2020. A cada 10 minutos uma tentativa de voltar no tempo para explicar algo que poderia ter sido mais bem feito se, pelo menos, houvesse o mínimo de qualidade.

O Grito 2020

Sem sustos

Por fim, embora Pesce não exagere nos filmes originais, os sustos que ele ressuscita estão tão bem parodiados agora que não são mais assustadores. O Grito pode estar de volta por mais dois ou três filmes, mas não podemos deixar de torcer para que ele permaneça morto e enterrado.

A saber, O Grito (2020) estreia nesta quinta-feira, 13 de fevereiro.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: The Grudge
Direção: Nicolas Pesce
Elenco: Andrea Riseborough, Demian Bichir, John Cho
Distribuição: Sony
Data de estreia: qui, 13/02/20
País: Estados Unidos
Gênero: terror
Ano de produção: 2018
Classificação: 16 anos

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
NAN