Crítica de Série: Da Vinci’s Demons (2ª Temporada)
Stenlånd Leandro
A volúpia lascívia de eras mitológicas faz com que uma pessoa de mero conhecimento se torne uma das mais poderosas armas de todos os tempos. Leonardo Da Vinci é mordaz à mente mais nociva do fã da série, criando um subterfúgio para aqueles que conseguem narrar e ao mesmo tempo sentir na pele como é ter o poder em suas mãos quando se trata de uma história tão uniforme quanto a do protagonista da série.
Em sua primeira temporada, produzida por David S Goyer (roteirista da trilogia do Batman), a mesma ganhou famosos boots com sua irreverencia, enlouquecia de ser audaz a ponto de irritar até mentes brilhantes ao assistir ao seriado. O que haveria de tão especial nesse pintor e inventor que faria com que o escritor tomasse para si próprio a ousadia de produzir uma série sobre uma mente tão complexa? É a questão que faço desde à primeira temporada e sua amada crítica.
Diferente da primeira temporada que bolinava na inserção de personagens, hoje não tanto quanto. Mistérios são infinitos na série e a cada troca de roupa, Da Vinci anda à procura do rosto da sua mãe. “Eu consigo desenhar tudo o que vejo, menos o seu rosto”, palavras do próprio, e isso intriga-o. Mas se não conseguir desenhar seu rosto é um mero esmero para poucos, desde o primeiro episódio, onde o personagem se depara com uma sociedade bastante secreta, ele quer saber mais sobre ela, pois sabe que assim saberá mais sobre a sua mãe. Sua genialidade em uma época onde a religião e a busca por poder era extremamente forte. Passa-se em Florença, no período renascentista, logo poderemos ver várias belas paisagens, uma fotografia incrível (mesmo contendo bastantes recursos gráficos, há o que se admirar).
Enxergamos a personalidade de um protagonista efêmero e explosivo quando não atinge a perfeição e sua habilidade inacreditável em perceber coisas que passam dispersas ao nosso olhar, como o voo de um pássaro e seus segredos, ou a criação do para-queda . Outro ponto no contexto da série é a rivalidade entre Florença, Milão, Roma e Nápoles. A busca pelo poder e a forte influência da religião nessa época é algo muito interessante a se analisar e estará presente durante todo o tempo.
Enquanto Leonardo em diversos episódios busca pela sua amada mãe e o Livro das Folhas, o que daria muito poder a um reino só, o mesmo mete-se em confusões intrigantes, referências a filmes como A Lenda do Tesouro Perdido, Indiana Jones e claro, o filme Código da Vinci não poderia faltar.
Célere em todos os aspectos, o formato seriado, que quase chega a uma película não-inócua, prescrutando uma vertente impar do que seria a vida do gênio de século renascentista , onde quase tudo é uma surpresa, faz desta segunda temporada uma obra prima, digna de Monalisa, excepcionalmente incólume.
Monalisa enfim dá as caras, sob tal alcunha vigente até os dias mais recentes, cheia de mistérios em seu quadro, a mesma gera mais e mais pistas para um futuro incerto na vida do protagonista. Em seu quadro, entupido de nódoas, compacto em sua sumidade, o rosto belo implícito de Monalisa requer aquela tênue análise até os dias atuais sobre quem seria ela? A mãe de Leonardo da Vinci?
Quantificar o que o gênio com alma perene sofre em busca de uma luz, enquanto um embate direto com Conde Girolamo Riario em busca do livro das Folhas. A jornada de Leonardo ao novo mundo, enquanto Lorenzo e Piero encontram-se com o Duque Alfonso e o Rei Ferrante (Matthew Mashe) que leva tal encontro a um lado totalmente louco. Clarice está de volta após estar uma semana sem aparecer na série, a mesma tende a tentar usurpar o reinado de seu marido em grande estilo.
Variavelmente recôndito, mas incrivelmente bombástico, o ator britânico Tom Riley expõe de maneira cintilante o que se espera de um gênio conturbado, lunático, nada taciturno, olimpicamente cheio de venetas, e claro, cativante apesar dos pesares.
Mais chocante que tudo já visto, foi ter visto como Riario e Vinci se uniram nos episódios onde ambos estavam no Novo Mundo enquanto Lorenzo sofria os estigmas mais intensos de sua jornada na série. O encontro com os primeiros incas foi bem adaptado as telinhas, numa forma metódica, e incrivelmente digna, cheia de suspense, surpresas, mortes . Infelizmente a dupla Riario/Vinci se desfaz numa busca cega pelo famoso Livro das Folhas e eis que tudo se finda em um único trajeto: O maior embate de todos os tempos no episódio final.
A introdução de IMA (Carolina Guerra) e a escolha pelo seu sacrifício foi interessante e cheia de tensão. Foi incrível ver como Leonardo ia desvendando os enigmas para conseguir chegar denro do Baú do Paraíso, ou melhor, The Vault of Heaven. Aqueles que jogam jogos como God of War ou quem sabe Castlevania, sabe que enigmas (puzzles) são comuns e de encher a paciência com formas uniformes de como sanar o erro, ou encontrar quem sabe a maior solução de todas para avançar uma fase, um mapa, ou um passo que seja.
“The Sins of Daedalus” é mais que uma introdução a terceira temporada que foi fincada na mente dos fãs da série, afinal, a mesma teve sua terceira temporada garantida assim como Vikings em poucos episódios expostos na TV. No episódio final “SO CLOSE, YET SO FAR AWAY” seria a frase mais que interessante para se usar quando você vê um Leonardo intrépido, mas ainda balançado com a morte de seu amigo ao ser esfaqueado por um dos maiores traidores da história; Alias, Al-Rahim estaria de volta, depois de sua aparição como Rei Minus (na série Atlantis). Al-Rahim é enfático em deixar claro o quanto Leonardo se perdeu em sua busca por verdade dentro de si mesmo.
Como a série chegou ao fim, é enfático afirmar que o último episódio da série trouxe de forma compacta uma vasta quantidade de conteúdo para a mesma em apenas uma hora. Alias, se repararmos e focarmos somente nesta temporada, temos como sentir uma quantidade razoável de conteúdo repassado ao fã por episódio que foi ao ar. E então conseguimos ver Carlos atacar Da Vinci. Lorenzo e sua famosa reunião com Lucrezia. Clarice lidando com Carlos e sua traição dentre outras coisas mais.
Sob uma pérfida alvorada, a segunda temporada de Da Vinci’s Demons chegou de mansinho, com um fenecimento perfeito, isento de desairo, intensamente chocante.