Crítica de Série | Narcos (1ª Temporada)

Stenlånd Leandro

O holocausto vivido na Colômbia numa era em que a tendência, nem sempre bem resolvida de Pablo Escobar, gritavam-se aos sete ventos as relações mais expressantes envolvendo aquela complexidade quanto o molde criminal e político em um momento em que nada se podia fazer. O tráfico era mais do que suficiente para uma Colômbia conseguir viver disso na época, e ao mesmo tempo, a Netflix aposta, da forma mais “gângster” possível, no talento de José Padilha, que após diversos sucessos de crítica e público, oscilou com o mediano “Robocop”.

Não há como negar as marcas fortes e evidentes nos primeiros capítulos da saga construída em torno da ascensão e queda do Império imponente de Pablo Escobar. Se a visão imposta soa como um vislumbre para aqueles que foram fanatizados pelo “Tropa de Elite”, aqui, em Narcos, se encontra um quebra cabeças onde muito se vê a assinatura de Padilha. Por ser uma produção Netflix, que tem acertado em 99% de tudo que se produz, nesta série, é claro que o Pablo Escobar de Wagner Moura tem papel fundamental na narrativa, propondo ao mais fiel fã do cinema nacional e fã do ator, uma leitura que vai muito além da análise sobre quem foi esse grande chefão das drogas. Sim, sim, Narcos não é uma produção necessariamente nacional, mas onde mora um ator e um produtor de renome, não há mais do que se esperar, senão um resultado além do imaginado.

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A atuação do ator é um lindo destaque, mas como nem tudo são flores, a narrativa indefinida prejudica o resultado requerido pelo mais exigente.  Ir mais além se faz necessário, ampliar o espectro para a ascensão do narcotráfico, num ritmo onde o formato, em episódios, claro, é perfeito para caminhar com uma certa tranquilidade por aquele que assiste.

O desfecho de seu livro, Pablo Escobar: Meu Pai – As Histórias Que Não Deveríamos Saber (lançado em junho no Brasil), Juan Pablo Escobar, filho do famoso narcotraficante colombiano, faz a seguinte e contundente dedicatória: A meu pai. Por ter me ensinado o caminho que eu não deveria seguir.”

Existe um motivo para o realismo tão lúdico pelo traficante ter nascido na Colômbia. Há de se concordar que a história é sim, invadida por algo que é estranho para acreditar. A condução do espectador pela intricada teia de interesses das autoridades, como existe de certa forma no Brasil, em combater o crime organizado, a comercialização de maconha e cocaína nos famosos anos 80, deixa por fim, aquele toque de adaptação cinematográfica no envolto.

Um dos erros da série e – e é bem notório o problema – se apresenta na falta de domínio sobre o espanhol, muito distante, aliás, bem distante, daquilo que seria esperado de um colombiano. Mesmo alguém com pouca familiaridade com o idioma, vai sim, se incomodar com os “pô” e “né” soltos inadvertidamente pelo ator no decorrer do show.

É bom salientar que  Narcos é uma criação de Chris Brancato (Roteirista de Hannibal), ao lado de Adam Fierro (The Walking Dead), e assim, por uma questão lógica, tem quase que toda a série falada, em sua maior parte, em inglês, feita para o mercado internacional da plataforma de vídeos on-demand. José Padilha apenas criou e assinou a produção e direção dos 3 primeiros episódios (Piloto + 2 seguintes), o que não remove a famosa criatividade do mesmo, e molda sim, uma linda introdução da série ao espectador.

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
NAN