Crítica de Série | One Big Happy (1ª Temporada)

Larissa Bello

Enquanto se abre uma exagerada e demagógica discussão no Brasil sobre os beijos gays encenados e exibidos nas novelas, nos EUA as TV’s abertas estão anos-luz à frente em relação a essa temática. Algumas séries americanas (que equivalem as nossas novelas) já estão tratando o universo ‘gay’ (leia-se ‘homossexual’) não só como uma realidade completamente natural dentro da sociedade em que vivemos, como também estão propondo discutir isso de maneira bem humorada e divertida.
A rede ABC já exibiu três temporadas da série “The Fosters”, que é veiculada no canal família da emissora, o ABC Family, e aborda a história de um casal de lésbicas que são mães de 5 filhos, sendo 4 adotados, e somente 1 biológico de uma delas. A série, que tem a atriz e cantora Jennifer Lopez como produtora executiva, é sucesso de crítica e audiência e já exibiu um beijo gay entre dois meninos que estudam na mesma escola.
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Já a rede NBC acaba de estrear “One Big Happy”, que é escrita por Liz Feldman, roteirista também de “2 Broke Girls” e apresentadora de um famoso talk-show na web chamado “This Just Out with Liz Feldman”. E sim, Liz é assumidamente lésbica e legalmente casada. A atriz e apresentadora Ellen DeGeneres é a produtora executiva da série que chama a atenção por mostrar um outro e novo formato familiar.
A história gira em torno de dois amigos de infância, Lizzy (Elisha Cuthbert, das séries: “24 horas”, “Happy Endings” e filme “Show de Vizinha”) e Luke (Nick Zano, das séries: “2 Broke Girls” e “Happy Endings”) que dividem a mesma residência. Lizzy e Luke fizeram o seguinte pacto: se até os 30 anos eles não estivessem casados, eles teriam um filho juntos. E eis que é chegado o momento. O detalhe é que Lizzy é gay, portanto, a ideia é que eles sejam apenas pais, sem necessariamente, estarem envolvidos romanticamente um com o outro. A coisa fica ainda mais complexa quando Luke se apaixona e se casa com Prudence (Kelly Brook, da série inglesa “Skins” e filmes: “Piranha 3D” e “Uma Saída de Mestre”), uma voluptuosa inglesa que aparece completamente nua já no primeiro episódio em uma cena bem engraçada.
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A partir desse turbulento mote inicial, a série promete diversão garantida não só para o público de ‘homossexuais’ , mas para todo tipo de público. Quando foi perguntada em uma entrevista como era interpretar uma lésbica, a atriz Elisha Cuthbert deu uma óbvia e digna resposta, à altura da pergunta, dizendo que era a mesma coisa que interpretar um ser humano.
É curioso observar a ironia das culturas americana e brasileira que, em se tratando de programas de TV, parecem ter trocado de padrões comportamentais dentro do que é considerado “moral” ou “imoral” para ser exibido. O Brasil é conhecido internacionalmente como o país do carnaval e de ter um certo ar de liberação sexual e da sexualidade. No entanto, atualmente, são os EUA, país considerado culturalmente bem menos “aberto” para certas questões “morais”, que vem demonstrando estar mais situado dentro da realidade que nos cerca e buscando tratar isso de forma inteligente e honesta, pelo menos dentro da programação veiculada na TV.

Larissa Bello

Graduada em Rádio & TV. Pós-graduada em Leitura e Produção Textual. Capixaba, residiu por 8 anos no Rio de Janeiro, onde atuou em diversas áreas do audiovisual. Atualmente reside em Fortaleza/CE, onde é afiliada da ACECCINE (Associação Cearense de Críticos de Cinema) e é autora do blog Cine em Foco (https://cineemfoco.blogspot.com/).
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