CRÍTICA | ‘Divino Amor’
Paola Jullyanne
O ano é 2027. O Brasil vive sob leis baseadas na bíblia e na religião protestante. A sociedade se mantém em uma constante espera. Espera por respostas, por soluções milagrosas, bem como pela volta do Messias. Mais de dois mil anos se passaram e as pessoas esperam, permanecem com sua fé inabalável naquilo que não veem e/ou entendem, mas acreditam. Acreditam cegamente em algo que pode salvá-las, libertá-las de seus erros, algo único e especial que chegará para aqueles que creem e merecem. Divino Amor, filme de Gabriel Mascaro, traz para este cenário uma visão futurista e distópica do Brasil atual.
Leia mais:
– CRÍTICA #2 | ‘TURMA DA MÔNICA – LAÇOS’
– BILHETERIA | ‘TOY STORY’ NÃO BRINCA EM SERVIÇO E ESTREIA NA LIDERANÇA
– CRÍTICA | MEU ETERNO TALVEZ (NETFLIX)
A trama
Divino Amor é uma obra que fala sobre fanatismo religioso e as consequências de onde a sua fé “cega” pode te levar. Além disso, é um filme narrado na terceira pessoa que tenta explicar as ações da protagonista Joana (Dira Paes). Alguém que faz de tudo para ajudar o próximo, dentro do que ela entende como ajuda e salvação divina. Uma mulher que oferece seu corpo a Deus para que Ele possa usá-la como instrumento da sua obra. A única coisa que ela espera Dele é o dom da fertilidade, poder construir uma família com seu amado marido Danilo (João Machado), segundo as leis de Deus e do governo brasileiro.
Joana trabalha como escrivã de cartório no setor de divórcio. Segundo as leis atuais, os casais com mais de cinco anos de matrimônio que não conseguirem ter filhos, deverão se divorciar de maneira amigável. Joana acredita no amor acima de tudo e, por isso, entende o casamento como um laço eterno entre o casal. Ela tenta ajudar os casais que chegam ao cartório com intuito de se separar e os convida para igreja que ela frequenta, a Divino Amor. A instituição serve como suporte a casais em crise e que não conseguem engravidar. Com reuniões periódicas onde só são permitidas entradas de casais, Joana já salvou vários relacionamentos através da sua fé.
Obra polêmica e necessária
Enfim, Divino Amor é um filme rico em detalhes, tanto no figurino dos personagens, quanto no cenário. A tecnologia é parte fundamental do longa. Mesmo tendo avançado significativamente, por outro lado, o país retrocedeu em alguns aspectos. Logo no inicio da produção, temos uma cena na praia onde todas as mulheres estão com roupas que cobrem o corpo inteiro, enquanto os homens estão de sunga ou bermuda. Desde o primeiro momento até o último, é possível observar críticas sendo feitas ao sistema de governo atual e suas possíveis consequências, visto que as ideias apresentadas pelos mesmos em sua maioria são de cunho religioso extremista.
Em resumo, a obra de Gabriel Mascaro é polêmica e necessária. Além disso, nos faz questionar este futuro distópico apresentado na tela e, ao mesmo tempo, traz a dúvida se realmente estamos muito longe de viver o que vem sendo mostrado em cena. Divino Amor abusa de cores e corpos para enfatizar a visão que está sendo passada, e cumpre muito bem o que se dispõe a apresentar. Com estreia marcada para o dia 27 de junho, o filme é algo que merece ser apreciado de mente aberta e pronto para os questionamentos que serão propostos.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Divino Amor
Direção: Gabriel Mascaro
Elenco: Dira Paes, Julio Machado, Emílio de Mello
Distribuição: Vitrine Filmes
Data de estreia: qui, 27/06/19
País: Brasil
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Duração: 99 minutos
Classificação: 18 anos