Documentário ‘Schumacher’, da Netflix, revela as duas faces do ex-piloto
Thiago Alexandre
Foi com um certo hype que assisti Schumacher, documentário que ficou disponível no dia 15 de setembro na Netflix, coincidindo ou não com o aniversário de 30 anos da sua primeira corrida na Fórmula 1. O filme é sobre o primeiro piloto a conseguir conquistar sete títulos mundiais e um dos maiores, se não o maior, que já passou pelas pistas da Fórmula 1. Afinal, alguns dos seus recordes duram até hoje, mesmo com o atual domínio do Lewis Hamilton com a equipe Mercedes.
Eu estava bem curioso para saber o que seria mostrado no documentário, já que, para muitos que acompanham a Fórmula 1, Schumacher é muitas vezes um vilão, afinal ele chegou quebrando o domínio que o Ayrton Senna tentava estabelecer. E, de fato, um dos pontos altos do filme é mostrar esse início conturbado por toques em pista e discussões fora dela.
Polêmicas de fora
Obviamente que, sendo aprovado pela família Schumacher, o filme deixa de fora polêmicas importantes, sobretudo na temporada de 1994, que foram comprovadas mais tarde como a ausência do filtro de combustível no reabastecimento da Benetton que aumentava drasticamente a velocidade para encher o tanque, assim como do genial controle de tração que por ser baseado em um cálculo derivativo da velocidade de aumento das rotações do motor dependia do retorno do piloto para funcionar corretamente. Além disso, também não foram comentadas as batidas polêmicas nos adversários em algumas disputas de título.
Após mostrar as duas conquistas de títulos mundiais com a Benetton começa a principal, e mais aguardada parte, onde conhecemos um pouco dos bastidores e profundidade da relação com a equipe Ferrari, com depoimentos do ex-companheiro de equipe Eddie Irvine e de Jean Todt, que era responsável técnico da equipe na época. Aqui, já que colocaram o Irvine falando, imaginei que ao menos teríamos algum depoimento de Felipe Massa, com quem a relação sempre pareceu ser amigável.
Justamente nessa parte podemos entender o motivo de Schumacher ter o seu nome entre os maiores da história. Afinal, numa época onde os testes de equipe não tinham limite, ele realmente levava o carro ao extremo, treinando até praticamente não haver luz natural no autódromo da Ferrari em Mugello e na academia da equipe.
Ponto alto do documentário Schumacher
Então temos o ponto alto do documentário Schumacher, que é a conquista do primeiro título mundial com a Ferrari no ano 2000. Ironias à parte, exatamente quando Rubens Barrichello entrou na equipe como seu companheiro. Depois disso, o filme dá a entender que, sem a obrigação de ganhar o título com a Ferrari, tudo ficou mais fácil e, assim, o piloto passou a correr pela sua satisfação pessoal, começando a perseguir recordes. E conseguiu boa parte deles.
Em seguida, temos o grande problema. Isso porque a história assume uma correria maluca e todos os detalhes são atropelados. De repente já estamos no anúncio da aposentadoria de Schumacher e, em pouco tempo já estamos na sua volta à Fórmula 1 pela equipe Mercedes e na sua nova e definitiva saída.
Nenhum detalhe é mostrado e nenhum recorde é mencionado. Também não é falado o que ele ficou fazendo nesse tempo longe da Fórmula 1. Quase como se o planejamento original fosse para uma série que sofreu corte de verba e transformaram num filme.
Reação da família ao acidente
A parte final do documentário da Netflix é destinada a mostrar a reação da família ao acidente sofrido por Schumacher enquanto esquiava com seu filho nos Alpes Franceses. Aliás, é desse trecho que vazou uma das falas de Corinna, esposa do piloto, que diz “Michael está aqui. Diferente, mas ele está aqui”. Mas pra mim, mais emblemático foi a entrevista com o filho, Mick Schumacher, que acaba dizendo muitas coisas sem querer dizer nada. É bem triste pensar que uma pessoa que viveu pilotando um carro de Fórmula 1, muitas vezes a centímetros de muros, esteja desse jeito.
Então, mesmo sem entrar em detalhes dos muitos números superados e algumas histórias vividas em pistas, o documentário Schumacher, da Netflix, deve ser visto por todo fã de Fórmula 1; assim como por aqueles que querem conferir se esse ex-piloto merece a imagem de vilão, errônea na minha opinião, que prevalece por aqui.
Trailer do documentário Schumacher, da Netflix
Schumacher: elenco do documentário (Netflix)
Michael Schumacher
Corinna Schumacher
Mick Schumacher
Gina-Maria Schumacher
Jean Todt, Flavio Briatore
Jean Todt
Luca di Montezemolo
Ficha Técnica
Título original: Schumacher
Direção: Hanns-Bruno Kammertöns, Vanessa Nöcker, Michael Wech
Data de estreia: qua, 15/09/2021
Onde assistir ao documentário Schumacher: Netflix
País: Alemanha
Gênero: documentário, biografia
Duração: 112 minutos
Ano de produção: 2021
Classificação: 12 Anos