‘Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica’ | CRÍTICA
Wilson Spiler
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (Onward), a mais recente animação da Pixar, começa com um pouco do que agora é chamado de “construção do mundo”.
O universo dessa animação é constituído de elfos, dragões e bruxos. Infelizmente, como explica o prólogo, é difícil aprender mágica. Em cenas ilustradas rapidamente, nos é revelado como criaturas míticas, embaladas pela invenção de lâmpadas, smartphones e outras tecnologias, gradualmente esqueceram como lançar feitiços.
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Épocas misturadas
Embora as placas de sinalização e as caixas de leite ainda usem fontes adequadas para manuscritos medievais, animação Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica se desenvolve em uma época moderna e não mágica.
Os unicórnios lutam pelo lixo como guaxinins raivosos. Uma temível manticora (Octavia Spencer) administra um restaurante temático e se preocupa com ações judiciais. Uma mãe solteira (Julia Louis-Dreyfus) é uma poderosa guerreira – de acordo com o treino que assiste na TV. E os elfos são – ouvidos e pele azul celeste à parte – muito parecidos com os humanos.
A trama
Nosso herói elfo, Ian (Tom Holland), acabou de completar 16 anos. Ele tem as mesmas ansiedades (timidez, medo de dirigir na estrada) que podem acontecer com qualquer orc ou hobbit da escola.
A leve e divertida brincadeira de Dois Irmãos, animação dirigida por Dan Scanlon (Universidade Monstros), vem do choque entre o mundano e o fantástico. Os cineastas claramente se divertiram imaginando um ambiente com sprites e policiais beligerantes, que são centauros ou ciclopes (uma delas, dublada por Lena Waithe, revela-se homossexual, fato que causou censura na Rússia, mas de maneira sutil, natural).
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A aventura em si é quase uma reflexão tardia. Trata-se de Ian e seu irmão mais velho, Barley (Chris Pratt), um conhecedor da velha tradição. Ian, em seu aniversário, recebe um cajado e um feitiço que o pai morto dos irmãos deixou para eles. Esse feitiço deve trazer o pai de volta à vida por um dia.
Os meninos, disfarçando intermitentemente o corpo com bonecos e roupas no estilo Um Morto Muito Louco, bem como roupas que poderiam ter se adaptado ao homem invisível original, embarcam em uma missão para conjurar o resto desse feitiço.
Jornada pessoal, mas comum
Enquanto a história da animação Dois Irmãos é pessoal para Scanlon, cujo pai morreu quando jovem, a jornada de Ian e Barley é tão rotineiramente comum como uma lista de lições aprendidas mecanicamente, levedadas por uma piada ocasional.
No entanto, faltam voos inesperados de fantasia, exatamente o quesito em que a Pixar forjou sua reputação. Sequências de tirar o fôlego e que alteram o ritmo, por exemplo, como a cena do fogo em WALL-E ou a brilhante perspectiva adulta de Up: Altas Aventuras.
Em suma, dada a nostalgia do filme por épocas passadas e jogos analógicos, a animação Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica poderia ter ousado mais. Contudo, o filme é uma ode sentimental prestada à adolescência, que atinge os pontos emocionais certos, mesmo que arrisque ser esquecido.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Onward
Direção: Dan Scanlon
Roteiro: Dan Scanlon
Elenco: Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus, Octavia Spencer, Ali Wong, Lena Waithe, Mel Rodriguez
Distribuição: Disney
Data de estreia: qui, 05/03/20
País: Estados Unidos
Gênero: animação
Ano de produção: 2019
Duração: 102 minutos
Classificação: 10 anos